Que
Viva Eisenstein! Dez Dias Que Abalaram O México. Homenagem A Um Gênio.
Peter Greenway lançou
seu novo filme buscando fazer sua homenagem a um dos maiores ícones da História
do Cinema: Sergei Eisenstein, o grande diretor russo que revolucionou as
técnicas de montagem, sendo mundialmente conhecido ao longo da década de 20 por
três de seus filmes: “A Greve”, “O Encouraçado Potemkin” e “Outubro”. Isso lhe
rendeu convites para fazer filmes na Europa e em Hollywood, mas Eisenstein
acabou terminando mesmo foi no México, onde gravou muito material para fazer
uma película (mais de 400 km de filme!), mas jamais teve autorização para
editar todo esse celuloide, já que seu espírito altamente livre e desafiador
fez com que o famoso cineasta tivesse sérios problemas de relacionamento
justamente com aqueles que amparavam o seu trabalho, ou seja, a esquerda americana.
Ainda havia a situação agravante que era a pressão do governo soviético em seu
retorno, sob a ameaça de várias sanções e confiscos. Tudo isso é retratado em “Que
Viva Eisenstein, Dez Dias que Abalaram o México” (“Eisenstein in Guanajuato”). Eisenstein
(interpretado por Elmer Bäck) ficou enormemente fascinado com o México e lá
permaneceu muito mais tempo do que o combinado. Se Eisenstein veio ao México
fascinado com o fato de seu povo ter feito uma revolução popular antes dos
russos, a cultura mexicana, fortemente amparada no culto à morte e a um forte
apelo sexual, também cativou totalmente o russo, que tinha fortes inclinações
homossexuais. Eisenstein será ciceroneado por Palomino Cañedo (interpretado por
Luis Alberti), com quem terá um relacionamento regado a muita filosofia, trocas
culturais e muito apetite sexual.
O filme é um deleite
para os cinéfilos mais apaixonados, pois foi encontrado um ator que é a cara de
Eisenstein (Elmer Bäck). Greenway dividia a tela em três partes e,
didaticamente, contava a história do cineasta com fotografias e trechos de seus
filmes, num notável e instigante caleidoscópio. Pudemos presenciar imagens de
várias personalidades que interagiram com o russo em sua viagem à América e à
Hollywood, dentre elas Charlie Chaplin, Douglas Fairbanks e Mary Pickford. O
ritmo frenético da montagem de Eisenstein também é utilizado ao longo do filme,
sendo essa a mais bela homenagem que se fez ao ícone da História do Cinema. Mas
o filme também tem problemas. Como o diretor é visto como uma verdadeira
instituição na Rússia, seu passado homossexual é completamente ignorado por lá.
E Greenway decidiu focar bastante o filme nessa característica de Eisenstein
(não é à toa que esse filme foi muito mal recebido na Rússia). E isso foi uma
pena, pois muito pouco do processo de suas filmagens no México foi apresentado
na película, o que poderia tê-la tornado ainda mais interessante. De qualquer
forma, o filme dá uma boa noção de como a estadia de Eisenstein no México
abalou as estruturas do russo e o transformou definitivamente.
Dessa forma, apesar de
se centrar excessivamente no homossexualismo de Eisenstein, inclusive com
muitas cenas de sexo explícito, o filme é altamente louvável, por ter sido
editado em alguns momentos com o ritmo frenético da montagem do russo, ter
contado em detalhes toda a história das desventuras do cineasta no México e por
ter usado imagens originais do cineasta e de todos aqueles que interagiram com
ele, além de trechos de seus próprios filmes. Apesar do homossexualismo até
certo ponto agressivo para públicos mais conservadores, ainda assim essa
película é altamente recomendável pela homenagem envolvida. E não deixe de ver
o trailer após as fotografias do filme.
Cartaz do filme
O famoso cineasta russo, interpretado por Elmer Bäck
O Eisenstein real. Belo trabalho de caracterização
Relacionamento tórrido com Palomino Cañedo
Contato com a cultura mexicana, que celebra a morte...
Filme reproduz muitas imagens originais de Eisenstein...
... como esta.
Homossexualismo latente permeia toda a película...
O diretor Peter Greenway
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