Garota
Sombria Caminha Pela Noite. Vampira Do Irã!
Um filme muito louco
passou de forma bem obscura em pouquíssimas de nossas telas. “Garota Sombria
Caminha Pela Noite” é uma produção americana escrita e dirigida por Ana Lily
Amirpour, que conta com Elijah Wood (o Frodo do “Senhor dos Anéis”) como um dos
produtores executivos, e curiosamente se passa no... Irã. Temos uma verdadeira
mistureba nessa película que a tornou muito exótica. Senão, vejamos. A história
fala de um carinha, Arash (interpretado por Arash Marandi), que tem um pai
viciado em drogas e precisa pagar as dívidas dele para um traficante. Arash tem
um carrinho muito do irado, antigo, de meados das décadas de 50, 60, novinho em
folha, e o perde para o traficante em virtude das dívidas do pai. O problema é
que o traficante conhece uma menininha adolescente (interpretada por Sheila
Vand), com cara de bobinha e uma longa burka negra, que ele leva para casa,
crente que vai ter uma noitada daquelas. Mas, com o tempo, o traficante acaba
descobrindo que a doce mocinha é uma... vampira!!! E tudo isso no Irã, por
favor não esqueçam! Já dá para perceber que o enredo é bem louco. Mas os
exotismos não param por aí. Vemos uma série de referências no filme. Sentimos
desde um climão de Tarantino, passando por uma insinuação adolescente meio
“Malhação” até a referência óbvia a filmes de terror. Tudo isso sob um preto e
branco muito bem usado, com ótimos realces de contraste claro/escuro. Na
exibição que eu vi no Estação Botafogo 2, a luz do projetor estava um pouco
fraca, o que ajudou a aumentar o ambiente soturno da coisa. A atriz que
interpretou a vampirinha (Sheila Vand) muito impressionou, com a Burka negra
aberta como a capa do Drácula sendo uma excelente ideia, o que amplificava, e
muito, a aura maligna da personagem.
O filme também buscava
desafiar certas convenções sociais do Estado Iraniano Teocrático. Se as
mulheres apareciam de burka na rua, algumas delas usavam trajes um tanto sensuais.
E, dentro do ambiente doméstico, elas apareciam sem a proteção para a cabeça e,
em alguns casos, de forma bem insinuante, como quando Arash (que vai ter um
“affair” com a vampirinha) trabalha numa casa de classe alta e terá que fazer uma
obra no quarto da dona da casa, que está lá apenas de camisola. Em outra
passagem, uma prostituta viciada (interpretada por Mozhan Marnò) faz uma dança
sensual para o pai de Arash, que a pica com uma injeção cheia de droga. Aliás,
o tema do vício e do tráfico de drogas é outro indício do desafio aberto às
instituições iranianas, ao sugerir que tais práticas ilícitas existem no Estado
persa, práticas essas lá punidas com a morte. É curioso perceber que, num filme
tão fragmentado, cheio de referências diversas, haja lá dentro, de forma
implícita, esse “desafio” às instituições iranianas. Talvez essa fragmentação
tenha sido usada para disfarçar (ou, quem sabe, amplificar) essa postura
desafiadora do filme.
A película também tem
um problema, que é o ritmo excessivamente lento (e até sonolento) da história
em alguns momentos. Mas a gente até aceita isso, diante da forma variada de
referências que o filme apresenta.
Assim, “Garota Sombria
Caminha Pela Noite” atrai principalmente por ser uma interessante curiosidade,
onde podemos identificar vários elementos que já vimos em outros filmes, tudo
isso banhado num bom preto e branco que possui um bom contraste de claro/escuro.
Vale a pena dar uma conferida. E não se esqueça do trailer depois das fotos.
Cartaz do filme
Arash... climão Tarantino...
Uma doce menininha...
...é uma vampira!!!
Que fome, hein???
Sanguinária e assassina!!!
Burka como capa de Drácula
Seduzindo Arash...
Ambiente soturno com lindas mulheres.
Sangrenta, mas sem perder a ternura...
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