Pegando
Fogo. Delícias Imprevisíveis.
Sabe quando você está
no cinema, vê o trailer de um filme e não acha que a película vai ser grande
coisa? E, mesmo assim, você vai ao cinema ver esse filme e percebe que estava
completamente enganado com relação a ele, ou seja, que a película era mais do que
você estava esperando? Pois é. Essa foi a sensação que “Pegando Fogo” (“Burnt”)
me passou. E por que o filme foi mais do que pareceu? Em primeiro lugar, é um
daqueles filmes que fala de culinária, ou seja, comida. De como pratos
requintados são preparados, como funciona uma cozinha de um restaurante de
luxo, etc. O tema em si já é fascinante, embora ele não tenha sido o escopo
central que foca na vida atribulada do protagonista.
Vemos aqui a história
de Adam Jones (interpretado por Bradley Cooper), um chef de cozinha muito
talentoso que meteu os pés pelas mãos ao se envolver com álcool, drogas e
mulheres. Execrado da França, onde trabalhava, foi para os Estados Unidos e se
deu uma punição. Trabalharia num restaurante não como chef, mas como um reles
cozinheiro abrindo ostras. Quando ele tivesse aberto um milhão de ostras,
tentaria reconstruir sua vida, retomando a carreira de chef agora em Londres. Mas
Adam pisou demais na bola e ele vai precisar convencer seus antigos amigos e
companheiros de que está limpo, não mais faz loucuras e que pode voltar a ser
um grande chef. Entretanto, o caminho da desconfiança para a confiança é muito
tortuoso e nem sempre ele acontece. Adam tem um objetivo: fazer com que sua
cozinha obtenha três estrelas (grau máximo) no Guia de Restaurantes da
Michelin, um dos mais conceituados do mundo.
Parece uma história
simples, mas não é. Sem querer dar “spoilers”, as coisas não são tão óbvias
quanto os filmões americanos de “happy ends” fáceis. O que aumenta essa
impressão é a de que, ao final do filme, ficamos com aquela pergunta de “já
acabou?” na cabeça, tendo a nítida impressão de que algumas coisas ainda não
ficaram resolvidas, mas engatilhadas para se resolverem. Essa cara de
anticlímax no desfecho ajudou para que não tivéssemos as coisas demasiadamente
óbvias, o que valorizou a trama.
Uma grande virtude do
filme foi seu elenco, formado de muitos atores ótimos e bem conhecidos, seja da
nova geração, seja de gerações mais antigas. Bradley Cooper, Daniel Brühl, Omar
Sy, Emma Thompson, uma deliciosa pontinha de Uma Thurman. Valeu muito a pena
ver esses atores, vários deles europeus, contracenando juntos. Esse foi um dos
atrativos que me chamou para o cinema.
A mensagem da história
também foi interessante. Adam sempre se considerou um “self made man” que devia
resolver as coisas todas sozinho, sem a ajuda de ninguém. Mas, com o tempo, e
as pauladas que a vida lhe dava, ele percebeu que não era bem assim. Só que o
homem era muito cabeça dura e demorou para ceder. O surgimento de pessoas em
sua vida foi, aos poucos mostrando ao nosso protagonista o que todo mundo já
sabe: o ser humano é sociável por natureza e sempre depende dos outros. Mas o
caminho para isso foi um tanto tortuoso e foi o que mais deu graça ao filme.
Assim, “Pegando Fogo”
acabou sendo um bom filme, onde o peixe vendido no trailer não fez jus ao que a
gente viu no longa. Dentre as suas virtudes temos, em primeiro lugar, um
excelente elenco, segundo, o tema da culinária e da cozinha. E, finalmente, uma
interessante digressão sobre relações humanas. Vale a pena dar uma
conferidinha. E não se esqueça de ver o trailer após as fotos.
Cartaz do Filme
Adam Jones tenta reconstruir sua vida...
Treinando em casa...
Ele vai se dedicar integralmente a isso...
...o que vai trazer muitos conflitos.
Omar Sy fez um papel periférico...
Emma Thompson, a terapeuta...
Com Daniel Brühl, ótimo como sempre...
Gravações do filme...
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