Olmo
E A Gaivota. Geleia Existencial.
Um filme um tanto
multifacetado passou em nossas telonas. “Olmo E A Gaivota” é uma co-produção que
envolve Brasil, Portugal, Suécia, Dinamarca e França. O filme é dirigido pela
brasileira Petra Costa, juntamente com a dinamarquesa Lea Glob e com Tim
Robbins como produtor executivo. Curiosamente, o filme é classificado como
drama e documentário. A história se foca numa companhia teatral que vai encenar
a peça “A Gaivota”, de Anton Tchekov, em Nova Iorque e Montreal, mas uma das
atrizes, Olivia (interpretada por Olivia Orsini), fica grávida e tem perigo de
perder o bebê, precisando ficar praticamente em repouso absoluto em casa. Seu
marido Serge (interpretado por Serge Nicolai), também faz parte do elenco da
peça e faz a tal viagem, deixando a esposa em casa por uma semana. Enquanto
passa por esse período de repouso forçado, Olivia faz um balanço de sua vida
profissional, pessoal e afetiva, passando por várias crises existenciais cheias
de nuances, e esse é o motivo principal do filme.
É interessante perceber
como o filme transita da ficção para o documentário impunemente, onde tem horas
que não sabemos quem mais é o ator e quem é mais a personagem. Olivia Orsini
está realmente grávida e encara uma gestação durante as filmagens, o que
aumenta essa sensação de confusão. Para deixar o contexto mais nebuloso ainda,
as diretoras falam com os atores durante as filmagens, lembrando muito o que
Glauber Rocha volta e meia fazia em seus filmes. E aí ficamos meio com cara de
embasbacados olhando o ator conversando com o diretor, como se o filme
simplesmente fosse posto de lado. Fica aquela impressão de, quando você está
numa festa, você quer puxar conversa com um grupo de pessoas e ninguém te dá a
mínima. É algo que incomodou no filme, mas ajudou a aumentar sua injeção de
“realidade”. Devemos nos lembrar que Petra Costa dirigiu “Elena”, um
documentário que muito falava de sua própria família. Assim, parece que a
diretora, ao se colocar como uma das personagens do filme, em cortes sobre o
próprio filme, tateia essa vertente do documentário pessoal que usou na
primeira película. Ficou algo destacado da trama principal? Pode ser... mas não
deixou de ser um elemento um tanto que original, pois nos sacode na cadeira e
nos intriga...
De qualquer forma,
“Olmo E A Gaivota” é um interessante exercício existencial, que mergulha no
íntimo de uma personagem, sem deixar de mostrar que estamos num mundo
interligado. Olivia e Serge falam francês, mas tem colegas atores de muitos
outros países, precisando ser versados em várias línguas, fruto de uma
sociedade cuja velocidade da informação integra ainda mais as pessoas. Prova
disso está na festa praticamente “internacional” que Olivia e Serge dão em casa,
poucos dias antes do nascimento do bebê. Mas, por mais que as pessoas estejam
integradas mundialmente, ainda há espaço para a solidão e o isolamento que um
indivíduo pode sofrer, levando-o a crises existenciais, como foi o caso de
Olivia.
Dessa forma, “Olmo E A
Gaivota” é mais um interessante filme em cartaz, pois aborda a questão da crise
existencial e da globalização,
adicionando a isso a curiosa intervenção das diretoras no meio da película,
atingindo o espectador em cheio. Confiram o trailer depois das fotos.
Cartaz do filme
Olivia irá passar por uma crise existencial
Uma gravidez de risco
Apoiada pelo marido Serge
Rindo na adversidade
Momentos de muita reflexão
U
Uma mulher e seu ofício...
A diretora Petra Costa.
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