Mr.
Holmes. Os Mitos Também Falham.
Mais um excelente filme
paira em nossas telas. “Mr. Holmes” é estrelado por ninguém mais, ninguém menos
que “sir” Ian Mckellen, e faz um interessante exercício de imaginação: como
seria a vida do memorável personagem da literatura universal, o inspetor
Sherlock Holmes, quando ele estivesse aposentado e com a idade de 93 anos? Essa
ideia está num romance escrito por Mitch Cullin e foi dirigida pelo eficiente
diretor Bill Condon, que ganhou um Oscar de roteiro adaptado por “Deuses e
Monstros”, também estreado por Mckellen, onde ele fazia o papel do diretor
homossexual James Whale, o diretor do filme “Frankenstein”, de 1931, em seus
tempos de velhice.
Qual é o desenrolar de
“Mr. Holmes”? Vemos aqui o protagonista em sua casa de campo em Sussex no ano
de 1947 criando abelhas sob os cuidados de sua governanta, Mrs. Munro
(interpretada por Laura Linney) e seu pequeno filho Roger (interpretado por
Milo Parker). Mr. Holmes tem uma vida pacata, recebe visitas de seu médico, que
insiste que ele viva num lugar menos afastado para o caso de alguma emergência,
e a coisa não iria muito além disso, não fosse pela torrente de “flashbacks”
que a película traz e que vai tornar o presente do velho Holmes mais
interessante. Seu fiel escudeiro, Watson, já havia se afastado e falecido. Mas
era ele quem havia escrito os livros sobre Sherlock e construído todo um mito
sobre o inspetor, algo que Holmes abominava. Assim, o inspetor aposentado
decide escrever ele mesmo a história do último caso que investigou e que
provocou-lhe um grande trauma, levando-o a se retirar da profissão. Só que há
um problema: ele não se lembra mais do que aconteceu. Pois é, parece que o
inspetor está com os sintomas do mal de Alzheimer. E aí ele terá que fazer um
grande esforço para recuperar sua privilegiada memória e desvendar seu próprio
passado. Tudo isso com a ajuda e apoio de Roger, o menininho que adora
histórias de mistério e se apaixona também pelas abelhas de Mr. Holmes,
tornando-se uma espécie de neto postiço e aprendiz do velho inspetor.
Nem é preciso dizer o
motivo principal de irmos assistir a esse filme. Além de ser o típico filme em
que você vai para ver um ator de que você gosta (Mckellen, obviamente, roubou
toda a cena), é também uma película que enfoca um personagem muito conhecido da
literatura universal de uma forma pouco vezes vista, ou seja, já no ocaso de
sua vida. E quando um ator tão conhecido e amado interpreta um personagem
igualmente conhecido e amado, é como se você juntasse a fome com a vontade de
comer. O que Mckellen fez de tão especial aqui? Ele precisou interpretar o mesmo
personagem de duas formas diferentes, ou seja, o Mr. Holmes com 93 anos, já bem
velho e debilitado, e o Mr. Holmes um pouco mais jovem, em virtude dos
“flashbacks” presentes na história. E ele o fez com muita eficiência e
maestria, sendo somente essa dupla atuação de um mesmo personagem já valer o
ingresso. Mas houve mais. Foi muito prazeroso ver o relacionamento entre o
velho Holmes e o menino Roger. Houve uma química imediata desde o início e a
coisa fluiu maravilhosamente. O velho inspetor acolheu o garoto de forma
paternal e o transformou numa espécie de aprendiz, sob os olhos preocupados da
mãe.
Outro detalhe que muito
chamou a atenção é uma espécie de desmistificação do herói que foi Sherlock
Holmes. O filme pretendeu humanizar o personagem, e isso significa que ele era
também suscetível a falhas, como qualquer pessoa normal. Ao invés do mito
indestrutível e sempre jovial criado por Watson, Mr. Holmes envelhece, erra,
pode até ter um ou outro desvio de caráter ou sentimento escuso, e tem medos. Um
Sherlock mais parecido com as pessoas comuns. Um Sherlock que não tem medo de
se arrepender de algumas atitudes que tomou. E aí, novamente Ian Mckellen
provou ser a escolha certa para o papel. Aliás, vamos combinar, ele é a escolha
certa para qualquer papel, até o da Dona Pedra do Bidu.
Assim, Mr. Holmes é
mais um filme que você precisa anotar na sua lista de boas opções
cinematográficas desse início de ano, pois mostra Ian Mckellen, um excelente
ator, fazendo um personagem ícone da literatura universal e, ainda por cima, de
forma desmistificada e humanizada, chegando, para isso, a interpretá-lo de duas
formas diferentes, o que comprova o já comprovado, que é o fato de que Mckellen
é um dos maiores atores de sua geração.
Mais um programa imperdível. E não deixe de ver o trailer depois das fotos.
Cartaz do filme.
Sherlock Holmes vive a sua aposentadoria
Mckellen também interpretou Holmes um pouco mais jovem, em virtude dos "flashbacks". Grande ator!!!
Com Roger, um relacionamento afetuoso
Ensinando a Roger a apicultura
Recordando um antigo caso
Mesmo em idade avançada, não perdeu o faro de investigação...
Em Berlim
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