As
Sufragistas. Perdas E Lutas.
Um
bom filme reflexivo nas telonas. “As Sufragistas” tratam da luta das mulheres
inglesas da década de 10 do século XX pelo direito de voto. Temos uma película
altamente contundente que mostra, sem qualquer intenção de minimizar, todas as
dificuldades que as mulheres passaram na sua batalha pelo direito de voto: a
violência policial nas ruas, as seguidas prisões, o repúdio de uma população
ainda muito conservadora na época. E, principalmente, tudo aquilo que já é
conhecido num processo de lutas pelos direitos civis: é algo lento, demorado,
com muitas perdas individuais. O filme se centra na personagem Maud Watts
(interpretada por Carey Mulligan), que trabalha numa espécie de lavanderia com seu
marido Sonny (interpretado pelo “Q” do James Bond atual, Ben Whishaw). A moça
tinha uma vida de muito trabalho duro e pouco salário, em pleno começo do
século XX. Uma das operárias da lavanderia, Violet (interpretada por Anne-Marie
Duff) era uma sufragista que realizava ações políticas como destruir vidraças
de lojas com tijolos (e vocês pensavam que eram somente os “black-blocks” que
faziam isso?). Essa ação mais violenta só foi tomada depois das mulheres reivindicarem
pacificamente o direito de voto e sequer serem ouvidas. Um belo dia, Violet é
convocada para dar um depoimento a uma comissão que vai decidir se as mulheres terão
direito a voto ou não, mas como ela apanhou violentamente do marido, Maud vai
em seu lugar. Cabe dizer que Maud se engaja no movimento depois que vê o
capataz da lavanderia tentar estuprar uma menina mais nova e a moça lembrar que
havia sofrido os mesmos abusos do mesmo capataz na adolescência. No dia em que
a decisão da comissão seria anunciada, as mulheres esperavam ansiosas por uma
resposta, mas o direito de voto não foi dado, o que provocou uma manifestação e
a consequente prisão de Maud. Foi o início de uma participação mais efetiva num
movimento bem tortuoso, com direito a muitas agressões policiais, prisões e retaliações
cada vez mais violentas do movimento sufragista, com respostas igualmente
bárbaras da polícia.
O
filme tem várias virtudes. Além da reflexão que ele faz sobre o direito de voto
das mulheres e sobre os argumentos esdrúxulos que a sociedade da época dava
para justificar o não direito de voto feminino, vemos uma boa reconstituição de
época no figurino, locações e até nos carrinhos antigos funcionando
perfeitamente. O elenco também não deixa a desejar. Além de Carey Mulligan e Ben
Whishaw, temos a boa presença de Helena Bonham Carter fazendo o papel da média
Edith, e uma rápida participação de Meryl Streep interpretando a líder das
sufragistas, Emmeline Pankhurst. Também temos a boa presença do ator Brendan
Gleeson, que já havia trabalhado com Whishaw em “No Coração do Mar”, que interpretou
de forma magistral o Inspetor Arthur Steed, um policial dividido entre cumprir
as leis e questionar silenciosamente tudo o que acontecia.
O
filme, como quase todo aquele baseado numa história real, revelou ao final o
que aconteceu após o exibido na película, e lá pudemos nos deparar com informações
muito interessantes e até surpreendentes que, obviamente, não contarei aqui. Assim,
“as Sufragistas” são um grande filme daqueles que nos fazem refletir e que nos
emociona com a luta de um grupo aparentemente indefeso, mas que, unido, podia
chegar a ser muito forte. Vá ao cinema e dê uma conferida. Ah, e não deixe de
ver o trailer do filme depois das nossas “fotinhas”.
Cartaz do filme
Maud, no meio de um turbilhão...
Uma vida difícil na lavanderia
E ainda tinha que ser mãe em casa (dupla jornada)
Um depoimento vai mudar sua vida
Lutando por direitos...
Buscando toda e qualquer estratégia...
Conflitos com o marido
Repetida violência policial
A coerção também era psicológica...
Meryl Streep como a líder do movimento...
Belo trabalho de caracterização. A sufragista Emily Davison caracterizada por Natalie Press
Estreias...
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