O
Fio De Ariane. Pura Fantasia.
Um belo filme francês
nas telas. “O Fio de Ariane” é, em sua própria definição, uma fantasia. E uma
daquelas fantasias bem inusitadas, com uma forte presença do onírico. Dirigido
por Robert Guediguian, o filme é um convite ao lúdico, com direito até a uma
tartaruga falante (!).
Vemos aqui a história
de Ariane (interpretada por Ariane Ascaride), uma mulher que prepara a própria
festa de aniversário e espera seus convidados. Mas, aos, poucos, o telefone
toca, e sua secretária eletrônica grava mensagens de todos os seus convidados
desmarcando suas presenças na festa. Sozinha, com o bolo e as velas acesas, Ariane
larga tudo, pega o seu carrinho verde e sai por aí até chegar a um pequeno
restaurante no subúrbio, onde vai conhecer as figuras mais inusitadas.
Esse é o tipo de filme
onde temos uma divertida comédia regada a pitadas de drama. Um filme totalmente
centrado nos personagens. Ariane, a protagonista, tem um comportamento
considerado por muitos um tanto “sui generis”: ela é uma pessoa emotiva, frágil
e tem uma compulsão fortíssima a ajudar aos outros, resolvendo seus problemas e
angústias, algo que a torna uma pessoa cativante, fazendo com que todos que
vivem em torno do restaurante praticamente a adotem. Mas esse seu comportamento
também pode levar os outros personagens a enrascadas federais. E aí a comédia
toma corpo e graça, sem perder a dramaticidade. Os personagens também têm suas
peculiaridades: um dono de restaurante mal-humorado, um escritor que só gosta
de falar em inglês, uma ex-caixa que se torna prostituta (com excelentes cenas
de nu frontal na praia!), um ex-segurança do Museu de História Natural que
pirou. E Ariane, com toda a sua sensibilidade, interagindo no meio desse povo,
dando-lhes um puxão de orelha nos momentos de maior insensibilidade do grupo. O
personagem mais sereno e racional do filme era a tartaruga do dono do
restaurante que, inesperadamente, começa a falar com Ariane, dando-lhe os
melhores conselhos de como lidar com as pessoas que a cercam. Esse foi um
elemento curioso e divertido do filme.
E os atores? Esses
estiveram muito bem, com destaque especial para Ariane Ascaride, que fez uma
protagonista deliciosa em todos os sentidos e, ao mesmo tempo, muito delicada. Essa
atriz sempre foi muito eficiente e trabalhou em “As Neves do Kilimanjaro”.
Outro ator excepcional e que chegou a fazer três papéis nesse filme foi Jean
Pierre Darroussin, um ator multifacetado que trabalhou em vários filmes como “O
Porto”. Em “O Fio de Ariane”, sua melhor atuação foi como o motorista de táxi
que conduz pela cidade uma confusa Ariane. Ele tinha sempre uma reclamação,
repetia constantemente que a corrida “ia custar uma baba” e tinha a música
certa em seu CD player para cada situação, indo do clássico ao blues,
proporcionando um rápido e muito divertido momento do filme.
Assim, “O Fio de
Ariane” é uma interessante comédia dramática, passando, até o momento em que eu
escrevia essas linhas, lamentavelmente em apenas uma sala (O Joia, de
Copacabana), onde o inusitado e o onírico são suas características principais.
Vale a pena dar uma chegadinha à tímida, mas simpática sala de Copacabana. E não
deixe de ver o trailer após as fotos.
Cartaz do filme
Ariane.Uma mulher sonhadora
Ariane e sua amiga tartaruga
Largando tudo para trabalhar de garçonete.
Um dono de restaurante mal humorado
Um escritor que só fala em inglês
Salvando uma peça de teatro
Estreia no Festival de Berlim
Nenhum comentário:
Postar um comentário