Yoshiwara´s World: Resenha de Filme

terça-feira, 9 de junho de 2015

Resenha de Filme - O Uivo da Gaita

O Uivo Da Gaita. O Mais Fraco Da Operação Sonia Silk.

Voltando ao tema da “Operação Sonia Silk”, vamos falar do filme menos impactante. “O Uivo da Gaita” pode ser resumido rapidamente num triângulo amoroso pouco convencional formado por Antônia (Mariana Ximenes), Pedro (Jiddu Pinheiro) e Luana (Leandra Leal), onde surgirá uma relação homossexual entre as duas moças. O leitor pode até achar que o melhor desse filme será as cenas amorosas entre Mariana Ximenes e Leandra Leal (que, de fato, são muito boas), mas o filme tem alguns atrativos a mais. O mais marcante deles é a quase ausência de diálogos, onde vamos percebendo todo o fio narrativo nas sucessões de imagens. A presença de Luana no casal é um sinal de que o triangulo amoroso se instaurará, ainda depois das tórridas cenas das duas moças na praia ao início da película. É um filme praticamente mudo, onde a grande atração reside na boa plasticidade das imagens, com as figuras das atrizes, esbanjando sensualidade, fazendo uma boa associação com as belas locações, com direito a muitas imagens de florestas e do porto da cidade. Mas o filme não vai muito mais além disso. Pouco conteúdo, excessiva plasticidade. A trama poderia ter sido um pouco mais desenvolvida. Fio narrativo excessivamente simples. Já foi dito aqui que alguns filmes usam mal uma boa ideia. Aqui vemos o filme usando bem uma ideia mal desenvolvida. Isso acontece porque ele é muito bem filmado, com uma sequência narrativa baseada, sobretudo nas imagens, afastando-se de um teatro filmado e se aproximando da linguagem verdadeiramente cinematográfica, encadeada nas imagens, uma herança do cinema silencioso. Mas a história que havia para ser contada era muito insuficiente, o que foi uma pena, já que não vemos todo dia a proposta de se contar a história de um filme mais amparada por uma sucessão de imagens do que de diálogos. O triângulo amoroso poderia ter mais nuances por exemplo. Antônia e Luana poderiam ter conflitos (isso até se ensaiou por um momento, mas logo a ideia foi descartada, uma pena!), assim como Pedro poderia ter se esforçado mais para salvar seu casamento. Seria magnífico ver isso sem diálogos e somente nas imagens.

De qualquer forma, “O Uivo da Gaita” ainda merece ser visto, sobretudo pela plasticidade de suas imagens e por essa tentativa de se recorrer ao bom e velho cinema mudo.