James
Brown. Uma Trajetória Sem Medo De Esconder Os Percalços.
Uma cinebiografia
interessante em nossas telas. “James Brown” conta a trajetória do grande astro
da música americana e de como foi a sua vida, mostrando todas as virtudes do
cantor e da figura humana, mas também sem medo de expor seus piores defeitos.
Um filme que mostra a personalidade forte de James Brown e a forma decidida com
a qual ele enfrentou a vida numa América sempre muito dura para com os negros.
O fio narrativo do
filme não é daqueles que conta a história ordenadamente com início, meio e fim.
Ele possui as famosas “idas e vindas” no tempo, onde o espectador deve ficar
atento, pois ele deixa pontas soltas que serão amarradas em partes mais adiante
na trama. Infelizmente, ficam algumas dúvidas em alguns momentos quanto à
reconstrução da sequência cronológica do filme em nossas cabeças. É uma forma
de se fazer cinema, mas que pode embaralhar um pouco as coisas para o
espectador e faz com que a história não fique muito bem contada.
E os atores? Para o
papel de Brown, tivemos Chadwick Boseman, que deu conta do recado, embora ele
tenha feito umas caretas que pareceram um tanto caricatas. Será que foi um
defeito na sua interpretação ou Brown em pessoa era tão caricato assim? Fica a
dúvida. O grande amigo do cantor, Bobby Bird, foi muito bem interpretado por
Nelsan Ellis, de forma contida e na medida certa. Ainda, foi muito bom ver Dan
Aykroyd de volta, “caçafantasma” e “irmão cara de pau”, onde o próprio Brown em
pessoa atuou como um pastor num culto gospel, clara influência do cantor.
Aykroyd tinha que participar desse filme e ele interpretou o papel do
empresário branco do cantor, Bem Bart. Outro medalhão muito bem vindo, mas que
atuou pouco foi Octavia Spencer, como a Tia Honey, dona de um prostíbulo onde
Brown trabalhava quando menino, levando clientes para lá.
A história enfoca, como
dissemos, a personalidade de Brown, muito forte. Ele se vangloriava de já ter
nascido morto no parto e ser reanimado por sua tia-avó com uma respiração boca
a boca. Ou seja, ele enfrentou as dificuldades desde sempre e jamais se deixou
abalar, pois ele sabia que isso significava a morte. Vemos um Brown também
engajado nas lutas dos negros, querendo ir a todo custo fazer um show no Vietnã
para os soldados americanos, em sua maioria negros, ou fazer de qualquer jeito
um show para 10 mil pessoas, de maioria também negras, um dia após o
assassinato de Martin Luther King Jr. Obviamente, o show fora cancelado pelo
prefeito branco da cidade para evitar aglomerações de negros. Um detalhe
interessante usado no filme é que há momentos em que Brown ignora tudo o que
acontece à sua volta no filme e passa a se dirigir a nós, espectadores, o que
cria um clima muito intimista entre o personagem do filme e seu público
espectador, rompendo os limites da tela. O cara meio que conversa com a gente,
assim como Jeff Daniels fez em “A Rosa Púrpura do Cairo”, de Woody Allen. É um
artifício muito legal. Os defeitos do personagem não foram esquecidos. Por ser
muito determinado e autoconfiante, ele tratava sua banda de forma bem áspera,
chegando a multar seus músicos por seus erros e criando um verdadeiro
mal-estar. Mas, chega de spoilers!
Só é de se lamentar que
a cópia exibida estivesse com defeitos no som justamente nos números musicais
do filme, que não são poucos. Além disso, houve uma falta de legendas em
trechos relativamente longos e tivemos que completá-las pela nossa intuição, o
que foi um tanto desagradável. Esses defeitos surgiram pelo menos na cópia que
eu vi. Espero que as outras cópias exibidas por aí estejam melhores.
Assim, “James Brown” é
mais um bom filme que passa nos cinemas da cidade e merece a atenção do
espectador, pois possui um bom elenco e conta a história exaltando as virtudes
do consagrado cantor, mas sem esconder os defeitos. Vale a pena ficar até os
créditos finais.
Cartaz do filme
James Brown, grande ídolo da música funk.
Início com músicos gospel.
Bird, fiel escudeiro
Com seu empresário branco. Xiiii...
Relacionamento turbulento com sua banda.
Cantando com crianças...
Mick Jagger, um dos produtores
O verdadeiro James Brown
Um showman!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário