Ai
Weiwei, Sem Perdão. Lutando Contra O Autoritarismo.
Um bom documentário
passou quase que esquecido por nossas telas. “Ai Weiwei, sem Perdão”, contra a
trajetória do artista plástico chinês Ai Weiwei, que se tornou uma espécie de
símbolo contra o autoritarismo da China Comunista, por ter renome internacional
(foi ele quem projetou o estádio Ninho de Pássaro, das Olimpíadas de Pequim em
2008). E ele usa sua fama para combater abertamente toda a censura imposta em
seu país. Ele foi um dos primeiros chineses a ir estudar nos Estados Unidos,
depois da abertura promovida pelo governo chinês e teve contato com tudo o que
ocorria em Nova York no que se refere à arte contemporânea. Tal experiência
mudou a sua visão de mundo e o tornou um artista renomado mundialmente, sempre
buscando falar da liberdade e da opressão em suas obras. De espírito muito
desafiador, Weiwei já passou por mal bocados por causa disso, sofrendo
inclusive agressões físicas por parte da polícia e sendo impedido de
testemunhar a favor de um dissidente num julgamento. Muito lhe chocou a morte
de crianças em escolas num terremoto que a China sofreu há alguns anos e a
falta de transparência do governo em contabilizar os mortos. Weiwei, por conta
própria, viajou até a região do terremoto e ele mesmo fez esse trabalho, indo
de porta em porta, para podermos ter uma noção do número de alunos mortos. E
ele chegou a pouco mais de cinco mil crianças, entre as 70 mil vítimas fatais
da tragédia. Weiwei questiona as autoridades chinesas no que se refere à construção
dos prédios das escolas. O excessivo número de mortes de estudantes provocado
pelo desabamento das escolas teria alguma relação com algum esquema que levou
essas escolas a serem construídas com material de má qualidade? Essa é apenas
uma das questões que Weiwei levanta ao criticar o governo chinês, que, diga-se,
de passagem, também reagia, primeiro tirando seu blog do ar, depois enchendo
sua rua e casa de câmeras. Weiwei não se deu por vencido e continuou a
manifestar-se no twitter. Tal postura do artista obviamente chamava a atenção
dos países capitalistas ocidentais que começaram a dar espaço a ele na mídia, o
que foi tornando o artista conhecido em todo o mundo e até dentro da própria
China, onde passou a ter fãs e pessoas que estavam dispostas a participar das
manifestações que ele promovia na internet.
O documentário destaca,
ainda, e como não podia deixar de ser, sua obra artística, onde, por exemplo,
ele usou, na fachada de um museu na Alemanha, mochilas coloridas para fazer um
painel onde uma frase em chinês dos pais de uma criança que morreu no terremoto
dizia que eles só queriam se lembrar dos sete anos felizes que a filha havia
tido. Ou então, das 130 milhões de sementes de girassol artificiais
confeccionadas por ele e espalhadas pelo chão de uma exposição, que foram
pintadas à mão uma a uma, para simbolizar que, numa coletividade, há
individualidades.
Toda essa ousadia de Ai
Weiwei lhe custou caro. As autoridades chinesas o prenderam e mantiveram seu
paradeiro desconhecido por 81 dias. Ele só foi libertado, pois houve muita
comoção mundial e dentro da própria China, com manifestações pipocando em toda
a parte. Weiwei foi libertado, mas devidamente amordaçado. Ele não pode dar
qualquer entrevista ou declaração, sob pena de voltar à prisão, além de ter
todo e qualquer acesso à internet bloqueado. Ou seja, praticamente vive em
prisão domiciliar.
Todos esses fatos
ocorreram em meados de 2010 e 2011. E só agora chegam a nós. De qualquer forma,
ainda há grupos na internet e no twitter que tentam dar alguma voz a Ai Weiwei.
O artista tem uma filmografia lançada na internet, que é o seu território de
manifestação. Cabe verificar se as autoridades chinesas não bloquearam alguma
coisa de seu trabalho na grande rede. Mas fica a sugestão para garimpar por aí.
E o documentário é um programa obrigatório, pela importância do assunto
envolvido e pela importante figura cultural e política que é Ai Weiwei.
Cartaz do filme
O superpolêmico Ai Weiwei em seu ateliê cheio de cachorros e gatos
Câmera como instrumento de denúncia
Girassóis. Coletividade é formada de indivíduos. 130 milhões de sementes artificiais pintadas à mão
Pintando os girassóis junto com sua equipe
Desafiando a polícia num simples jantar em mesa de rua...
Desafiador a níveis extremos!!!!
Agredido pela polícia quando ia testemunhar a favor de um dissidente.
Desafiando as autoridades policiais.
Registrando a destruição de seu ateliê por ordem do governo chinês.
Fachada de museu na Alemanha com mochilas...
Estádio Ninho de Pássaro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário