Minha
Querida Dama. Mais Do Que Um Apartamento Herdado.
Mais um bom filme em
nossas telas. “Minha Querida Dama”, escrito e dirigido por Israel Horovitz, tem
a virtude da película que mistura gêneros. Entramos na sala pensando que vamos
ver uma comédia romântica bobinha. Mass o filme se transforma e temos na
verdade um drama denso e bem escrito. O filme também tem duas outras virtudes.
Ele se apoia num excelente elenco e tem Paris como pano de fundo. Assim, temos
temperos especiais que só tornam o conjunto da obra mais gostoso.
Vemos aqui a história
de Mathias Gold (interpretado por Kevin Kline), um homem de meia idade que se
considera um fracassado. Mathias nunca se deu bem com seu pai e agora ele teve
que se desfazer de todos os seus bens para viajar de Nova York a Paris para
tomar posse de um apartamento que seu pai deixou como herança. Sua esperança é
vender esse apartamento para recomeçar sua vida. Quando ele chega lá, encontra
um bom apartamento de dois andares e um grande jardim, cheio de quinquilharias
e com uma senhora de 92 anos vivendo nele. Ela se chama Mathilde (interpretada
por Maggie Smith) e lhe comunica que era a antiga proprietária. Mathilde vendeu
o apartamento para o pai de Mathias sob a condição do imóvel ser um “viager”,
ou seja, o novo proprietário teria que aceitar o antigo proprietário morando lá
até a sua morte e, mais ainda, o novo proprietário ainda teria que pagar uma
espécie de aluguel ao antigo proprietário enquanto este último vivesse. Mathias,
sem saber muito o que fazer, aluga um dos quartos para permanecer em Paris com
a intenção de buscar a melhor solução possível para todo esse imbróglio. Numa
bela manhã, Mathias descobre que Mathilde tem uma filha, Chloé (interpretada pela
bela Kristin Scott Thomas), ao flagrá-la no banheiro. Devido à situação
constrangedora, o relacionamento entre Mathias e Chloé começa de uma forma
muito ácida e agressiva. E esse trio (Mathias, Mathilde e Chloé) vai ter que se
aturar até que se resolva todo o problema.
À despeito da
curiosidade dessa estranha peculiaridade do sistema imobiliário francês (o tal
do “viager”), o filme tem um escopo principal mais interessante, que é o relacionamento
entre os três personagens principais, à medida que o passado de todos vai sendo
desvendado. É nessa hora que a leve comédia passa a ter contornos de um drama
bem elaborado que realmente vale o ingresso. E aqui deve ser dito que todos os
atores principais estiveram muito bem mas, dentre eles, Kevin Kline
simplesmente arrasou. Ele nos fez rir e nos comover com toda a carga dramática
do personagem, que não pode ser destrinchada em mais detalhes aqui por causa
dos spoilers. É muito legal ver esse ator que tanto trabalhou lá na década de
1980 fazendo um papel de peso aqui e se mostrando em muito boa forma na arte de
atuar. De Maggie Smith, não podemos falar nada de ruim; ela sempre consegue dar
um ar de graça e serenidade em suas personagens. E é muito bom ver Kristin
Scott Thomas de volta. Apesar dos traços da idade, sua beleza platônica
continua intacta. Ao olharmos seu rosto com os lindos olhos claros sempre temos
aquela impressão de quando encaramos aqueles anjinhos de resina em lojas de
presentes. Passa algo de cândido, macio e afetuoso.
Dessa forma, “Minha
Querida Dama” é mais um bom filme que está pelos cinemas da cidade e que vale a
pena dar aquela conferida, pois é cheio de atrativos que agradam muito quem
gosta de um bom cinema.
Cartaz do filme
Mathias. Um homem atormentado pelo seu passado
Mathilde. Uma pedra no sapato de Mathias
Chloé. Filha de Mathilde e relação conflituosa com Mathias
Muitas brigas entre os dois.
Buscando compreender a situação
Um apartamento difícil de vender
Revirando o passado
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