A
Lição. Como Sair De Um Beco Sem Saída.
Uma co-produção grega e
búlgara chega às nossas telas. “A Lição” nos atenta para o fato de que nossas
vidas aparentemente em ordem podem, de uma hora para outra, atravessar
violentas turbulências, chegando a nos levar a situações insolúveis. E aí, ou a
gente usa muita cabeça fria ou toma atitudes inusitadas alimentadas pelo
desespero.
Temos aqui a história
de uma professora de inglês numa cidadezinha da Bulgária (interpretada por
Margita Gosheva), que se comporta de forma extremamente austera e tem um
problema com seus alunos pré-adolescentes em sala de aula. Um deles roubou
dinheiro do colega e, agora, a professora usa de todos os meios para descobrir
o autor do delito. A professora quer porque quer usar a oportunidade para
mostrar aos alunos que nenhum crime fica impune (pelo menos lá na Bulgária). Seu
marido (interpretado por Ivan Barnev) é um desempregado que procura reformar o
trailer da família para vendê-lo e, assim, arrumar algum dinheiro. Mas o marido
é um tremendo mané e usa o dinheiro destinado a pagar algumas contas para
comprar uma transmissão para o trailer. Assim, um belo dia, um oficial de
justiça bate à porta da casa da família com uma ordem judicial para leiloar a
casa deles. Agora, a nossa destemida professora precisará arrumar essa grana em
apenas dois dias para evitar o leilão. E isso a conduz a caminhos mais
tortuosos e perigosos do que ela imaginava, levando-a a praticamente um beco
sem saída. Se ela vai conseguir sair dessa fria? Como? Paremos com os
spoilers...
É um filme que vale a
pena dar uma conferida, pois prende nossa atenção o tempo todo. A sucessão de
dificuldades que a professora vai ter que enfrentar para salvar a casa onde
mora é angustiante e compartilhamos todo o desespero da personagem (dava para
escutar no escuro da sala de cinema os suspiros e as pequenas interjeições de
preocupação e tensão que o público emitia a cada situação escabrosa que
aparecia). E nós torcemos para que a personagem tenha sucesso em sair daquele
rolo. O que mais assusta é que o filme mostra uma situação cotidiana que pode
acontecer com qualquer um, ou seja, uma dívida inesperada. E, pior, como o
sistema bancário, na sua ânsia por lucros, é extremamente cruel e insensível a
qualquer tragédia pessoal, sendo muito curioso perceber como uma produção que
tem um antigo país socialista do leste europeu, que queria provar a “liberdade”
do capitalismo, agora se compromete justamente a fazer uma película que aponte
as agruras desse sistema que, já estamos carecas de saber (ainda mais num país como
o nosso!), é extremamente vil e cruel. O que mais dói no filme é que aquela
situação inusitada que lá aparece não é tão inusitada assim e que pode
acontecer com qualquer um de nós, nos dando um gosto de “leve desespero”.
Dessa forma, “A Líção”
é um excelente produto cinematográfico, pois nos estimula a ter todas essas
reflexões e, ao mesmo tempo, é uma grande obra de entretenimento, obviamente
dentro dos parâmetros de interpretação dos atores do leste europeu, um pouco
mais rígidos para a nossa cultura. Mas isso não atrapalha em nenhum momento, já
que temos um bom roteiro aqui. Dê uma chegadinha ao cinema, pois vale a pena.
Cartaz do filme
Uma austera professora de inglês
Problemas em sala de aula
O marido (ao seu lado), a colocará em situações difíceis e humilhantes...
Agora, ela precisa correr sozinha contra o tempo para salvar sua casa...
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