O
Rio Nos Pertence. Macabro! O Melhor Da Operação Sonia Silk.
Dando sequência às
resenhas dos filmes da Operação Sonia Silk, vamos falar hoje de “O Rio nos
Pertence”, o melhor da trilogia. E por que esse filme é o melhor? Porque ele é
uma história de suspense e, senão de terror, que usa ambientes altamente
opressores e um clima muito pesado ao longo de toda a trama, exaltando a
desesperança.
Vemos aqui a história
de Marina (interpretada por Leandra Leal), que vive uma vida tranquila e
amorosa com seu namoradinho fora do Brasil. Eles pretendem construir uma casa
para viver. Mas um dia, toda essa paz vai por água abaixo quando ela recebe um
postal com uma imagem do Rio de Janeiro e uma mensagem no verso: “O Rio Nos
Pertence”. Marina abandona seu namorado e retorna ao Rio de Janeiro depois de
dez anos, de onde havia fugido. Ela se refugia num apartamento vazio que era de
sua família. E acerta as contas com o passado: com seu antigo namorado carioca
e com sua irmã. O porquê dela ter fugido? Nunca ficou muito claro no filme, que
é envolto numa névoa de mistério, assim como os “fogs” que encobriam a paisagem
carioca pela manhã. Mas ficam as pistas que algo de muito grave aconteceu no
passado e, por mais que nossa protagonista fuja, isso não adianta, pois o
passado a persegue.
O filme tem um clima
altamente opressor, que leva a uma situação de desespero e desamparo. O mais
interessante é que a paisagem idílica da cidade é utilizada justamente para
potencializar essa opressão. Os duros rochedos do Morro Dois Irmãos, filmados
de baixo para cima, soam como uma barreira intransponível que sufoca, que
desespera. E Marina perambula pela cidade sem saber o que fazer para escapar de
toda essa situação amedrontadora. Nem nas horas de sono, ela tem sossego.
Pesadelos macabros a perseguem, assim como as tristezas de seu passado. E o
motivo de toda essa angústia reside no postal.
Quando falamos que o
filme exalta o suspense e o terror (sem falar do drama; aí vemos como o filme é
rico, pois ele não fica preso a apenas um gênero), ele não o faz de forma
vulgar, como nos filmes de terror comerciais, onde há geralmente um assassino caricato
à espreita. O terror aqui está nas entrelinhas, bem escondido pelo clima de
mistério. Você não vê aquilo que te ameaça, mas sabe que está por aí, à sua
caça. E as situações sombrias de angústia, desespero e entrega perante a
tragédia iminente potencializam a presença desse inimigo invisível que, na
medida certa, não será desvendado, para manter imaculado o clima de mistério. Assim,
o grande barato do filme são as sensações ruins que sofrem os personagens, o
que torna a visão da cidade altamente angustiante, dando uma sensação de
putrefação e repugnância. A personagem Marina, numa certa altura do filme, diz
resignada: “Tudo acabou, tudo está podre”, sem qualquer sentimento de
esperança. O terror do filme é altamente psicológico, e essa sensação aparece
impressa nas imagens da cidade, seja nos montes de granito, seja no “fog”
matutino que engole a metrópole.
Dessa forma, é por isso
que “o Rio nos Pertence” foi o melhor produto de toda a trilogia. Vale a pena
dar uma conferida nessa película.
Cartaz do filme
Marina. Envolta num clima obscuro
Paisagem da cidade atuando de forma opressora
Andando sem rumo
Morro Dois Irmãos, visto de forma sufocante.
Acertando contas com a irmã...
... e o ex-namorado
A mensagem ameaçadora
Nenhum comentário:
Postar um comentário