Cauby,
Começaria Tudo Outra Vez. A Voz.
Um excelente
documentário brasileiro nas telas. “Cauby, Começaria Tudo Outra Vez”, de Nelson
Hoineff (que já fez documentários de personalidades como Paulo Francis, Chacrinha
e Santos Dumont), procura fazer uma radiografia do consagrado cantor Cauby
Peixoto. Para os mais novos, Cauby já é um senhor de idade que usa roupas
extravagantes e só faz sucesso entre os mais antigos. Se bem que o documentário
procura desmistificar essa ideia logo ao início, ao mostrar, no bairro de
Olaria, um fã devoto de apenas 15 anos, que caça antigos vinis do cantor pela
cidade, chegando a encontrar até raridades. A idolatria dele chega a ser
comovente, com o menino chegando às lágrimas ao encontrar Cauby num show. Mas o
documentário tem outros atrativos. Há depoimentos de cantores também consagrados
como Agnaldo Rayol, Agnaldo Timóteo, Maria Bethânia e até Emílio Santiago. Isso
sem falar de depoimentos do biógrafo do cantor, de um cover de Cauby e de um
especialista em música do porte de um Ricardo Cravo Albin. Muitas imagens de
arquivo, que remetem aos já longínquos anos da década de 1950, revelam um Cauby
jovem, com status de grande estrela e que cantava todos os estilos, indo da
música latina ao rock. Ele tentou uma carreira nos Estados Unidos, mas retornou
ao Brasil, onde já estava consagrado. O cotidiano do cantor também é retratado:
vemos sua preparação para os shows, as pessoas mais próximas a ele cuidando de
todas as etapas que antecedem suas apresentações, e toda a atenção e carinho
dessas mesmas pessoas para com ele, pois sua idade já é avançada e ele requer
cuidados especiais. Se num momento, há uma imagem de fragilidade, esta se
desvanece por completo quando abrem as cortinas e Cauby começa a cantar com a
mesma força e intensidade das suas apresentações na década de 1950, interpretando canções de mais de um idioma. É algo tão
impactante que parece que vemos duas pessoas diferentes e realmente desperta
muita admiração.
Infelizmente, há poucos
depoimentos do próprio Cauby. Ele poderia ter falado mais de sua vida. Mas, nas
poucas vezes em que o cantor fala, há momentos marcantes como, por exemplo, seu
relacionamento com seu primeiro empresário, que gerou declarações um tanto
controversas (Timóteo também faz uma observação nesse trecho, onde ele faz certa
crítica ao empresário) e, principalmente as experiências homossexuais de Cauby
em seus tempos de juventude, onde o cantor declara abertamente que subia o
morro para procurar tais experiências nas favelas.
Dessa forma, “Cauby,
Começaria Tudo Outra Vez” é um ótimo documentário que deve ser visto não só
pelos fãs de Cauby, que obviamente estarão nas salas de cinema, mas também
pelas novas gerações, que têm uma grande oportunidade de saber por que esse
importante cantor da MPB foi e é tão cultuado. O documentário foi na medida
certa, conciliando depoimentos e imagens de arquivo, além das imagens da vida
cotidiana do consagrado cantor. Só é de se lamentar, como já dito, que o filme não
tenha tido mais depoimentos de Cauby. Mas isso não prejudica muito o conjunto
da obra, que é boa. Um programa obrigatório para quem gosta de Cauby, para quem
quer conhecer Cauby melhor e para o cinéfilo que gosta de um documentário bem
estruturado. Vale a pena dar uma conferida.
Cartaz do filme.
Cauby, hoje...
ontem...
e anteontem. Sempre muito assediado...
Lembranças de Emílio Santiago
Encontro emocionante com jovem fã...
Apesar da idade avançada, o talento continua o mesmo.
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