O
Fim De Uma Era. Uma Colcha De Retalhos Bem Montada. O Mais Curioso Da Operação
Sonia Silk.
Mais um filme da
“Operação Sonia Silk”. Encerrando a trilogia, vamos falar hoje de “O Fim de Uma
Era”. Esse filme é o mais curioso de todos, pois pode ser visto como uma colcha
de retalhos muito bem costurada. Em primeiro lugar, as imagens têm uma grande
expressão, pois foram tomadas na beleza do preto e branco, que favorece muito o
cinema de arte, já que o contraste é muito mais bem definido que no colorido.
As imagens da natureza, com florestas cujas folhas têm todas as matizes, do
negro ao branco, são marcantes, assim como os rostos de Leandra Leal e Mariana
Ximenes. Mas esse filme também usa imagens das filmagens dos dois outros filmes
anteriores, tal como se fosse um “making of”. Só que a intenção não é
exatamente fazer um registro da produção dos filmes. As cenas de “making of”
são usadas como suporte narrativo das histórias que são narradas por antigas atrizes
da Belair, como Helena Ignez e Maria Gladys. Não é à toa que o filme é dedicado
às musas. E tais histórias têm um conteúdo de amor, mágoa, melancolia e
vingança. A forma como as imagens são costuradas no fio narrativo das pequenas
histórias é uma característica marcante dessa película. E ainda há poemas de
Emily Dickinson e músicas de George Gershwin de brinde. Assim, esse filme pode
nos fornecer muitas boas experiências simultâneas: a plasticidade do preto e
branco, as curiosidades do “making of”, o uso desse “making of” como suporte
narrativo, as histórias cheias de sentimento e agonia. Do ponto de vista técnico, podemos perceber
que a grande virtude de um filme como esse reside na montagem, que foi feita
com muito esmero e atenção, pois caso não o fosse, o resultado poderia ter
ficado pouco satisfatório.
Dessa forma, “O Fim de
Uma Era” merece ser visto, principalmente pelo processo um tanto artesanal de
sua produção. E a palavra “artesanal” não deve ser vista aqui como em seu
sentido mais prosaico, pelo contrário. O “artesanal” aqui é carregado de todo
um cuidado com a complexidade de elaboração do processo que foi a montagem do
filme. Não é um artesanal que produz um vaso de barro ordinário, mas sim um
Rolls-Royce. Assim, temos um produto bem acabado que é um deleite para os olhos
de qualquer cinéfilo. Esse também vale a pena dar uma conferida.
Cartaz do filme
Plasticidade do preto e branco,indo muito além do making of...
Leandra Leal...
... e Mariana Ximenes. Musas...
Lindos contrastes...
Bom uso de closes...
Cenas de filmes anteriores...
Interlúdios...
Nenhum comentário:
Postar um comentário