Mais
Um Ano. Só Se Leva Dessa Vida A Vida Que Se Leva.
Um bom filme
inglês em nossas telonas. Produzido lá no longínquo ano de 2010 (pois é,
leitor, e só chega agora a nós), “Mais Um Ano” é um filme que tem como tema
principal a reflexão que você faz das atitudes que tomou em vida, ou seja,
quando você chegou â famigerada “melhor idade” (que, de melhor não tem nada) e
você faz um balanço do que ficou para trás. Você aproveitou sua vida? Fez as
escolhas certas? Foi feliz? E se você respondeu não para algumas dessas
perguntas, o que você pode fazer no pouco tempo que ainda lhe resta? Lutar para
correr atrás do prejuízo? Ou simplesmente sentar na sarjeta e chorar
melancolicamente?
Vemos aqui a
história de Tom e Gerry, que não são o gato e o rato do desenho animado, mas
sim um casal já na terceira idade (interpretados, respectivamente, por Jim
Broadbent e Ruth Sheen). Essa simpática dupla leva uma vida muito serena e
centrada. Além de seus empregos (Tom é geólogo e Gerry trabalha na assistência
social), eles têm uma atividade literalmente bem frutífera, que é a de cuidar
de uma horta e um pomar num terreno baldio nas imediações de sua casa. Tom e
Gerry têm uma série de amigos e parentes. E, ao contrário do feliz casal, todas
as suas companhias vivem sérias turbulências. O filho, Joe (interpretado por
Oliver Maltman) já chegou aos 30 e ainda não se casou. O irmão de Tom, Ken
(interpretado por Peter Wight), é atormentado por tristezas do passado. O outro
irmão de Tom, Ronnie (interpretado por David Bradley), perdeu a esposa há pouco
tempo e tem uma relação conflituosa com o filho. E a amiga de Gerry, Mary
(interpretada por Lesley Manville) é uma mulher solitária que não soube
escolher as suas companhias masculinas, padecendo muito por causa disso. Assim,
mais interessante do que Tom e Gerry, que parecem estar na calmaria do olho do
furacão, são os seus amigos e parentes que passam por verdadeiros turbilhões.
Todas essas crises pessoais em torno do casal protagonista nos são apresentadas
ao longo de um ano, onde as estações (primavera, verão, outono e inverno) vão
espelhando um rosário de melancolias e angústias.
O menos
interessante dessa película é o casal principal. Eles mostram um relacionamento
completamente asséptico, sem qualquer traço de crise, sendo o contraponto às
histórias carregadas de tristezas e frustrações. Toda essa serenidade é
amparada pela vida profissional dos dois, que ainda atuam em seus empregos e na
atividade altamente produtiva que é manter a horta e o pomar, como se o fato de
ter uma vida ativa e produtiva garantisse a serenidade e a sanidade do casal. O
contrário ocorre justamente nos outros personagens, mergulhados na
improdutividade e no conflito, sendo muito mais interessantes, sobretudo a
personagem de Mary, onde tivemos uma grande atuação de Lesley Manville. Ela
simplesmente arrasou! A forma como ela transpirava sua insegurança, fragilidade
e sofrimento atinge profundamente em nossa alma. Surge uma correspondência
imediata entre o personagem e o espectador, que se identifica com tudo aquilo,
pois todos nós já experimentamos aqueles sentimentos em maior ou menor grau. E
Mary faz isso de forma extremamente intensa, chegando às raias do paroxismo em
alguns momentos, o que nos torna ainda mais solidários, pois compartilhamos da
forma mais sincera possível sua dor. Sua postura quebradiça e indefesa nos
enche de dó, sem ser pena, o que é mais curioso. E o sofrimento principal de
Mary está na conclusão que todos tememos chegar a nossa velhice: não
aproveitamos bem a vida e fomos extremamente infelizes, restando apenas chorar
o leite derramado, pois nossa época já passou.
Dessa forma,
“Mais um Ano” é mais um daqueles filmes que precisamos muito ver, pois ele nos
dá muitas lições de vida e reflexões. É o tipo de filme que podemos usar como
modelo na busca por atitudes que tomamos a cada momento de nossas existências.
E nos dá a reflexão para decidirmos que passos devemos tomar. Vale muito a pena
dar uma conferida.
Cartaz original do filme.
Tom e Gerry, Um casal excessivamente centrado.
O filho Joe precisa de companhia.
Mary é o retrato da melancolia em pessoa
Irmão mais velho de Tom. Viuvez.
Irmão mais novo de Tom. Passado de mágoas.
Às vezes, um ombro amigo é necessário
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