Steve
Jobs. Aprofundando Os Defeitos Do Gênio.
Mais um filme indicado
ao Oscar em cartaz. “Steve Jobs” concorre a duas estatuetas (melhor ator,
melhor atriz coadjuvante), e é mais um filme que aborda a vida do fundador da
Apple. Ao contrário da versão produzida em 2013, estrelada por Ashton Kutcher,
que fez um mapeamento mais completo da biografia de Jobs, indo desde o início
de sua carreira, onde eram montados os computadores na garagem, “Steve Jobs”
começa em 1984, quando Jobs já é uma figura conhecida e ele faz o lançamento do
Macintosh. O Steve Jobs desse filme mais recente consegue ser mais odioso que o
da versão de 2013, pois a película vai dar mais destaque à relação de Jobs com
sua filha, que ele insistia em não reconhecer. Suas explosões de assédio moral
contra tudo e contra todos nos fazem constatar como é notável que ele tenha
morrido de câncer e não tenha sido morto por ninguém. O cara não aliviava em nada
e era o cão chupando manga, não medindo esforços para alcançar seus objetivos
megalomaníacos e tripudiando de quem quer que aparecesse à sua frente.
Para fazer tamanho
anti-herói, um grande ator, Michael Fassbender, justamente o indicado para
Oscar de Melhor Ator. Seu grande talento criou um Jobs bem melhor que o de Ashton
Kutcher, exibindo os mais negativos sentimentos (raiva, indiferença, sarcasmo)
na medida e hora certas. Deve ter sido muito difícil interpretar com nuances um
personagem cuja característica principal é de nutrirmos somente um sentimento
por ele – desprezo. Mas Fassbender assumiu essa difícil tarefa e conseguiu,
apesar de fazê-lo tão odioso, torná-lo também humano, a ponto de até sentirmos
algum arremedo de pena dele em poucos e efêmeros momentos. O relacionamento
entre pai e filha foi, em sua grande maioria do tempo, tortuoso e angustiante.
Somente o desfecho pareceu incoerente, falso e demasiado pirotécnico, mesmo que
a história tenha se inspirado na famosa biografia de Walter Isaacson.
Além do excelente
trabalho de Fassbender, um grande destaque deve ser dado a Kate Winslet, a
outra indicada ao Oscar (Melhor Atriz Coadjuvante), no papel do braço direito
de Jobs, a polonesa Joana Hoffman. O que a gente pode dizer dessa personagem?
Canonização é pouco para ela, pois Joana era responsável pelo marketing da
Apple e por manter o chefe nos trilhos, mesmo nos momentos de pior devaneio e
megalomania. Winslet estava estupenda no papel, extremamente deslumbrante (foi
uma coisa linda de se ver!) e era a única que podia falar o que quisesse na
cara de Jobs e ainda ser escutada por ele. A relação entre Jobs e Joana foi, ao
lado da relação entre Jobs e a filha, as grandes virtudes do filme.
Não podemos nos
esquecer de outros dois atores que se destacaram, Seth Rogen, que interpretou o
papel de Steve Wozniak, que começou com Jobs na garagem e insistia que o chefe
reconhecesse os méritos da equipe Apple II, algo que Jobs negava
constantemente, e Jeff Daniels, no papel de John Sculley, que trabalhava na Pepsi,
e foi convidado por Jobs para ser o CEO da Apple.
Assim, “Steve Jobs” é
mais um bom filme que concorre ao Oscar e que tem dois concorrentes de peso
para a estatueta: Michael Fassbender e Kate Winslet. Se pelo menos um dos dois
atores ganhar, será um prêmio bem merecido. E não se esqueça de ver o trailer
após as fotos.
Cartaz do Filme
Uma figura no mínimo assustadora...
Não fazendo uma gentileza para o antigo amigo...
Assédios morais explícitos...
Dificuldades para reconhecer a filha
Jeff Daniels como CEO da Apple
Kate Winslet esteve magnífica!!!
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