Anomalisa.
Animação Existencial.
Mais um filme que
concorre ao Oscar nas telonas. “Anomalisa” disputa a estatueta de melhor
animação e é uma película dedicada a adultos. Um filme que trata de
relacionamentos humanos e de crises existenciais. Um filme que é um libelo
contra a estreiteza de visão que às vezes nós manifestamos. Feito no sistema de
stop motion, sem computação gráfica (os bonequinhos eram filmados quadro a
quadro, como nos velhos tempos), esse filme vem da cabeça do controvertido Charlie
Kaufman, que fez filmes polêmicos como “Brilho Eterno de Uma Mente Sem
Lembranças”.
Vemos aqui a história
de Michael Stone (interpretado por David Thewlis), um famoso palestrante
motivacional especializado em profissionais que atendem o cliente. O cara é uma
personalidade e amado por seus leitores, que sempre aumentam a sua
produtividade em 90% depois que leem seus livros. Ou seja, Stone é um expert em
ensinar como se deve relacionar com humanos. O problema é que, em sua vida
pessoal, ele se comporta de uma forma totalmente inversa, ou seja, não consegue
se relacionar direito com ninguém, o que provoca muita dor não só nele, como
também nas pessoas que o cercam. Para Stone, todas as pessoas se parecem
incrivelmente iguais, sejam homens e mulheres, com as mesmas feições de rosto e
com a mesma voz masculina (interpretada por Tom Noonan): sua esposa, seu filho,
uma antiga namorada, o recepcionista do hotel, a garçonete do bar do hotel e
por aí vai. Até que, numa viagem que Stone faz para Cincinnati, ele conhece uma
moça, Lisa Hesselmann (interpretada por Jennifer Jason Leigh) que é
completamente diferente das outras pessoas, tendo, inclusive, uma voz feminina.
Stone fica perdidamente apaixonado por Lisa, que tem uma autoestima muito
baixa, e fica maravilhada com a forma em que o seu ídolo Michael Stone a admira
e valoriza. Mas esse relacionamento ainda iria sofrer muitos percalços.
O filme tem uma enorme
carga simbólica. A forma como Michael Stone vê as outras pessoas, simplesmente
todas iguais na sua aparência, o que lhe dava uma enorme sensação de desespero,
é, obviamente, produto da mente do protagonista que, na sua enorme dificuldade
de se relacionar com os outros, não consegue enxergar mais as peculiaridades
das pessoas e só tem uma visão plana de todos que estão à sua volta. Ao
enxergar uma pessoa diferente das demais, justamente outra pessoa frágil e
insegura, ele se identificou e se entusiasmou. Mas Stone era extremamente
reprimido por seus problemas existenciais e, por mais que tentasse se libertar,
ele não conseguia. E o pior, ele não conseguia identificar seu problema
psicológico e não conseguia resolvê-lo. Suas crises se manifestavam
curiosamente na queda de parte de seu rosto, como se ele fosse um boneco que
revelava um vazio por dentro. E o pior de toda a situação é que a sua falta de
capacidade de se expressar provocava ainda mais dor em todos os que o amavam à
sua volta, seja o filho, a esposa, a ex-namorada, aqueles que o idolatravam
como palestrante. É o tipo do filme que mostra que quando você tem uma
dificuldade de relacionamento com muitas pessoas, o problema está dentro de
você e não nos outros, o que sempre é difícil para a gente admitir.
Dessa forma,
“Anomalisa”, apesar de ser uma animação, é um filme, acima de tudo, adulto, e
de temática complexa como a natureza das relações humanas. É um daqueles filmes
que acende a luzinha de alerta em nossa cabeça, chamando a atenção para como
nos relacionamos com os outros e a nossa parcela de culpa nas falhas que
acontecem nesses relacionamentos. Mais um filme que nos faz refletir. Mais uma
indicação merecida ao Oscar. E não deixe de ver o trailer depois das fotos.
Cartaz do Filme
Michael Stone. Um homem em crise existencial.
Problemas de relacionamento com um antigo caso.
Até em aviões, Stone passa por difíceis situações.
O encontro com Lisa transformará a sua vida
A moça é doce e insegura...
Stone não consegue se livrar de suas crises
Fazer o filme deu um trabalho danado...
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