Sem
Barreira No Céu. Rompendo Limites.
Continuando a falar de
alguns filmes da mostra de David Lean, realizada no CCBB, discorramos algumas linhas sobre essa
boa película “Sem Barreira no Céu” (“The Sound Barrier”). Produzido em 1952,
esse filme fala dos esforços do homem em superar a barreira do som no
pós-guerra. É um filme instigante, de sensacionais cenas aéreas, um verdadeiro
“Top Gun” ou “Asas” de sua época. Foi um filme que ganhou um Oscar em 1953 de
melhor edição de som, principalmente no que tange às maravilhosas sequências
com aviões.
Vemos aqui a história fictícia
de Tony (interpretado por Nigel Patrick), um piloto que participou da Segunda
Guerra Mundial e se casou com outra militar, Susan (interpretada por Ann Todd).
Susan era filha de um magnata do petróleo, John Ridgefield (interpretado por
Ralph Richardson) que também fazia aviões e estava desenvolvendo o motor a
jato. A sua ambição era que seus aviões rompessem a barreira do som, ou seja,
ultrapassassem a velocidade do som, que é de 340 metros por segundo, também
chamada na aviação de velocidade mach 1. O pai de Susan era frio e calculista,
não medindo esforços para alcançar seus objetivos. E essa característica logo
trouxe problemas, pois ele fazia questão de que seu filho fosse piloto. O rapaz
tentou voar e morreu no acidente. Logo, vários pilotos que tentavam alcançar o
mach 1 também morriam, inclusive o marido de Susan. Isso estremeceu e muito as
relações entre a filha e o pai, que aparentemente pouco se importava com as
mortes e continuava tentando. O grande sonho de John era montar uma linha aérea
que fizesse da Europa até os Estados Unidos em apenas duas horas. Isso numa
época em que os aviões em sua maioria ainda eram a hélice e uma viagem
intercontinental era uma coisa muito demorada e complicada. Por incrível que
pareça, o sonho de John realmente se concretizou com o Concorde, que fazia a
linha Paris-Nova York em apenas três horas! Foi somente pena que o Concorde foi
aposentado por ainda ser um tanto perigoso.
Esse é um filme que
trata de um tema muito delicado. Ao tentar romper algumas barreiras, o
sacrifício humano acaba se impondo. Mas, até que ponto esses limites devem ser
transpostos, se tantas vidas humanas são ceifadas? E se você parar de tentar?
Quer dizer que todas aquelas vidas foram em vão? Mas e se tentar e novas vidas
forem perdidas? Dá para perceber que não é um debate com uma solução trivial. E
esse embate ficou polarizado entre Susan e seu pai John. Aliás, vale fazer um
pequeno parêntesis aqui para exaltar a grande atuação de Ralph Richardson, que
podia ser tanto um personagem altamente frio, mas também que sabia ser
altamente emotivo nas horas certas. Não foi à toa que conquistou o título de
“Sir”, antes mesmo de Lawrence Olivier. Ainda sobre o personagem de John, uma
curiosidade. Ele adorava astronomia e tinha um telescópio em seu escritório.
Numa sequência, Tony, o marido de Susan, via a galáxia de Andrômeda pelo
aparelho. Ele perguntou a John qual era a distância da Terra até lá, ao que
John respondeu: 700 mil anos-luz. Hoje sabemos que, na verdade a galáxia de
Andrômeda está a dois milhões de anos-luz. Somente uma pequena curiosidade
astronômica que só o Yoshiwara’s World fornece para você, meu querido leitor.
Mais uma pequena
curiosidade sobre o filme. Muitas cenas eram feitas com aviões a jato reais,
incluindo uma com a primeira linha de aviões a jato para passageiros, a Comet
Airliner. Foi realmente um filme com excelentes cenas aéreas e muitos
agradecimentos a RAF (Royal Air Force) nos créditos iniciais.
Dessa forma, “Sem
Barreira no Céu”, embora um pouco menos conhecido, ainda é um grande filme de
David Lean, que aconselho enormemente a sua procura nas locadoras ou na
internet. E não deixe de ver o filme completo em som original sem legendas depois das fotos.
Cartaz do Filme
Com o futuro nas mãos
Fazendo uma rápida e longa viagem
Romper a barreira do som pode ser muito perigoso
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