O
Lobo Do Deserto. Imperialismo Destruindo Culturas Locais.
Uma interessante co-produção
que envolve a Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Catar e Reino Unido, que
concorre ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. “O Lobo do Deserto”, dirigido
por Naji Abu Nowar, é um daqueles filmes históricos que mostram a nós os
efeitos nocivos do colonialismo no meio privado. E essa película a faz de forma
muito impactante e instigante, dando um peso em nossa consciência ao fim da
sessão.
Vemos aqui a história
de Theeb (interpretado por Jacir Eid Al-Hwietat), um menininho que vive com seu
irmão mais velho, Hussein (interpretado por Hussein Salameh) numa tribo beduína
no Império Otomano. Estamos na época da Primeira Guerra Mundial e, um belo dia,
chega à tribo um militar inglês e seu guia. Hussein, que sabe onde estão os
poços ao longo do deserto, irá guiar os dois forasteiros. Mas Theeb não quer
ficar afastado do irmão e segue o grupo. A viagem é muito perigosa, pois os
turcos otomanos veem os ingleses como inimigos, assim como outras tribos
beduínas. E Theeb de repente se verá no meio de um enorme conflito.
Já dá para perceber
qual é o tema principal do filme: a intervenção estrangeira nos povos de
cultura árabe no Oriente Médio. A presença inglesa, por exemplo, traz as
ferrovias, o que facilita a peregrinação dos muçulmanos a Meca, mas, por outro
lado, acaba com uma profissão que os beduínos praticavam, que era guiar os
peregrinos pelo deserto. Assim, como é citado no próprio filme, irmãos lutam
contra irmãos, já que algumas tribos beduínas ficam ao lado dos ingleses e
outras tribos beduínas ficam ao lado dos turcos quando, ao fim das contas,
todas as tribos são muçulmanas. Percebemos claramente que o Imperialismo criado
pelos europeus acaba atuando de forma desastrosa em regiões consideradas
subdesenvolvidas, onde a tecnologia chega, não também sem levar a guerra, a
discórdia e a exploração econômica.
As locações do filme
eram uma atração à parte, onde o deserto se mostrou em todo o seu esplendor.
Confesso que me recordei um pouco de “Lawrence da Arábia” ao ver essa película.
Outro elemento que desponta curiosidade no filme é o uso dos camelos, algo que
a gente não vê todo o dia. Algumas sequências também eram impregnadas de
moscas, o que provocava enorme aflição, pois os insetos pousavam calmamente nas
bocas, narizes e orelhas dos atores. E não pareciam ser moscas cenográficas.
Tudo isso contribuía para aumentar o ambiente de decadência na guerra entre
irmãos que o processo Imperialista provocava.
Agora, um fato que chama
demais a atenção é a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas indicar para
melhor filme estrangeiro um filme que critica o processo imperialista usando,
ainda por cima, elementos da cultura árabe e muçulmana, tão criticada pelo
Ocidente (por exemplo, outro filme indicado para o Oscar de Filme Estrangeiro,
“As Cinco Graças”, critica o machismo na cultura árabe e muçulmana).
Dessa forma, “O Lobo do
Deserto” é mais um filme que concorre ao Oscar em nossas telonas e seria muito
legal ver essa película ganhar o prêmio, já que ela faz uma crítica ao
Imperialismo do Ocidente no que se refere a provocar guerras em culturas locais
em virtude de interesses econômicos de potências europeias. E não deixe de ver
o trailer após as fotos.
Cartaz do Filme
Theeb e Hussein. Unha e Carne
Querendo viajar com o irmão
Guiando um inglês
Uma viagem que pode ter muitos perigos.
Fotografia esplendorosa...
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