Reza
A Lenda. Mad Max Cabra Da Peste!!!
Um curioso filme
brasileiro em nossos cinemas. “Reza a Lenda”, dirigido por Homero Olivetto e
escrito por Homero Olivetto, Patricia Andrade e Newton Cannito, se propõe a ser
um filme de ação inspirado em “Mad Max”, só que, tendo como pano de fundo as
mazelas da seca do Nordeste. É uma história muito louca de ação que se imbrica
com elementos da cultura nordestina. E, por incrível que pareça, deu certo!
Vemos aqui a trajetória
de Ara (interpretado por Cauã Reymond), que lidera uma gangue de motociclistas
que tem como objetivo fazer chover no sertão nordestino e trazer água, muito
escassa na região. Para isso, a gangue vai até um grupo liderado por um bruxo, o
Galego Lorde (interpretado por Júlio Andrade, que interpretou Paulo Coelho no
cinema em “Não Pare na Pista”), que disse que a gangue devia recuperar uma
santa de um cruel fazendeiro, Tenório (interpretado por Humberto Martins). Ao
roubar a santa, a gangue foge em alta velocidade pela estrada e provoca um
acidente onde um carro com duas garotas foi envolvido. Uma das garotas
sobrevive ao acidente e será oferecida como oferenda ao tal Galego Lorde, que
parece mais um maconheiro muito do doidão do que um bruxo. E, enquanto isso,
Tenório e seus capangas caçam os ladrões da santa. Ah, eu me esqueci de dizer.
Tanto a gangue quanto os capangas de Tenório e o grupo do bruxo estão armados
até os dentes. E muita porrada e tiro vai acontecer ao longo dessa película, em
meio a velozes perseguições pela estrada.
Quais são as
semelhanças desse filme com “Mad Max”? Em primeiro lugar, as loucas
perseguições pela estrada em meio a ambientes desérticos. Nisso, os dois filmes
são praticamente iguais. Ainda, se em “Mad Max” toda a perseguição e guerra
ocorria em virtude da escassez de combustível e água, em “Reza a Lenda” há
também uma guerra pela água, com um elemento da cultura nordestina local
incorporado, que era a santinha cuja fé nela poderia trazer a água da chuva.
Dessa forma, a guerra da água se traduzia na posse da santa. Outro elemento de
“Mad Max” no filme era a violência explícita, onde as velozes perseguições eram
incrementadas com tiroteios vigorosos e atropelamentos sanguinários e
espetaculares.
Os atores estiveram
muito bem. Cauã Reymond, o Ara, mostrou ser um bom protagonista, exibindo
crueldade e conflitos internos nos momentos certos. Sophie Charlotte, a
Severina, namorada de Ara, provou que pode fazer papéis de mulheres muito
duras, além de ser uma cara bonitinha nas novelas da tv. A boa surpresa ficou por
conta de Luisa Arraes no papel de Laura, a mocinha da cidade sequestrada pela
gangue depois do acidente. Sua interpretação foi espontânea e não artificial. Até
Humberto Martins, geralmente muito canastrão, foi bem como o fazendeiro vilão, um
papel que é relativamente fácil de se fazer.
O filme ainda abre
margem para uma pequena reflexão sobre a fé religiosa. Até que ponto acreditar
na santa traz a chuva? Por que existe tanto sofrimento na face da Terra? É por
algum motivo? O ato de fé é tão poderoso que não precisa da simbologia de uma
imagem?
Assim, “Reza a Lenda”
realmente traz o novo, dentro de antigas falas. É um filme instigante que, se
se inspirou num filme estrangeiro, não se furtou de contar sua história numa
roupagem diferente do que se vê por aí no cinema brasileiro, e ainda fez uma
breve mas interessante reflexão sobre a fé religiosa. Vale a pena ir ao cinema
para dar uma conferida. E não deixe de ver o trailer após as fotos.
Cartaz do Filme
Um casal de uma gangue de motociclistas...
Uma menina da cidade
Um bruxo doidão
Um capanga psicopata
Um fazendeiro malvado
Coletiva...
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