A
Garota Dinamarquesa. Um Primor De Delicadeza.
Mais outro filme que
briga pelo Oscar. “A Garota Dinamarquesa” concorre a quatro estatuetas: melhor
ator, melhor atriz coadjuvante, melhor figurino e produção. Independentemente da
disputa pelos prêmios, esse é um filme de relevante importância, pois, apesar
de se passar no ano de 1926, trata de um tema para lá de atual: o preconceito
contra o homossexualismo.
Vemos aqui a história
de Einar Wegener (interpretado por Eddie Redmayne), um conceituado pintor
dinamarquês, e sua esposa Gerda (interpretada por Alicia Wikander), também
artista plástica, mas que ainda busca afirmação em sua carreira. Eimar desde
cedo mostra uma certa atração por roupas femininas, mas isso não é visto com
estranheza por Gerda. A moça, inclusive,
coloca roupas femininas no marido para que ele sirva de modelo para seus
quadros, algo ao qual Eimar não se opõe. Pelo contrário, até um nome fantasioso
é dado para o personagem criado: Lili. Os dois chegam a levar Lili para um
evento social, onde o pintor travestido de mulher recebe um flerte de Henrik
(interpretado pelo “Q” Ben Wishaw), o que choca Gerda. Com o tempo, Einar progressivamente
desaparece e Lili se torna cada vez mais frequente na vida do casal. Até que é
tomada a decisão drástica de uma operação de mudança de sexo, algo pioneiro
para a época.
Dá para perceber que
essa película, inspirada numa história real, trata de um tema bem delicado, já
que fala de uma época em que o preconceito e a homofobia eram muito fortes,
quase tão violentos como os que vemos no nosso selvagem Brasil de hoje em dia. O
filme exibe situações tacanhas, indo desde a inerente estreiteza de visão dos
médicos da época, que chegavam a considerar a homossexualidade inclusive
esquizofrenia, até os típicos casos de agressões na rua que conhecemos muito
bem. Mas, por um outro lado, pudemos presenciar também situações tolerantes com
o homossexualismo, principalmente por parte de Gerda e do amigo de Eimar, Hans
(interpretado por Matthias Schoenhaerts).
E se pudéssemos resumir
esse filme em apenas uma só palavra, qual seria ela? “A Garota Dinamarquesa” se
traduz numa grande e singela delicadeza. Eddie Redmayne esteve simplesmente
magnífico, num papel talvez ainda mais difícil do que ele interpretou em “A
Teoria de Tudo” e lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator ano passado, que foi o do
cientista Stephen Hawking. Só é uma pena que o efeito Leonardo DiCaprio este
ano pareça diminuir as chances desse brilhante trabalho. A forma com a qual
Redmayne tocava as vestimentas femininas com as pontas dos dedos, nutridos de
uma enorme suavidade, serão inesquecíveis, e uma marca na carreira desse jovem,
mas já muito bem conceituado ator. A atriz concorrente a estatueta de
coadjuvante também não ficou atrás. Alicia Wikander, destacada por sua atuação
em “O Amante da Rainha” e “O Agente da U.N.C.L.E.”, agora se consagrou. De uma
pintora em busca de seu espaço, com atitudes levemente masculinizadas, até a
frágil esposa que sofre pela opção sexual de seu marido, Wikander não perdeu o
ritmo e segurou toda a carga dramática nas costas da personagem. A troca de
olhares dela com Redmayne são memoráveis. Quando ficava magoada, seu olhar fixo
de onde brotavam tenras lágrimas era de dar dó! Aquela mocinha sabia como
cativar o público com seu olhar sofrido de vítima! Aliás, o olhar nesse filme
tem algo de mágico, tem algo de altamente expressivo, sendo uma característica
gritante aqui. O páreo está realmente duro para atriz coadjuvante: Kate
Winslet, Jennifer Jason Leigh, Rachel McAdams e Rooney Mara, concorrendo com
Wikander. Qualquer uma será um prêmio merecido. Mas torço pela Winslet, pois a
amo com todas as minhas forças, e, também, pela Wikander.
Assim, “A Garota
Dinamarquesa”, se não ganhar qualquer Oscar, ainda assim será uma película
inesquecível por ser um digno e lindo filme de arte que trata um tema ainda
muito polêmico com uma delicadeza altamente singela, o que faz tudo fluir com
uma suavidade de nível celestial, suavidade essa coroada pelas atuações
magníficas de grandes atores. Às vezes, tem um significado muito maior ter um
DVD ou blu ray de um filme desses na estante do que uma estatueta dourada e
careca. O filme é arte pura, já a estátua é apenas um prêmio que recorda a
arte. Prêmio maior é o reconhecimento do público, que se deleitou com a arte
que o filme produziu. Filosofias à parte, “A Garota Dinamarquesa” é um daqueles
filmes para se ver, ter e guardar. E não deixe de ver o trailer após as fotos.
Cartaz do Filme
Einar, um homem com muitas dúvidas sobre si mesmo
Descobrindo sua sexualudade
E eis que surge Lili!
Em flertes homossexuais
Alicia Wikander e sua esplêndida atuação. De dar dó...
A delicadeza da película é impressionante
Recebendo a ajuda de um amigo
A verdadeira Lili e a caracterização de Eddie Redmayne
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