Brooklyn.
Paixão Dos Irlandeses.
Mais um concorrente ao
Oscar em nossas telonas. “Brooklyn”, baseado no romance de Colm Tóibín, disputa
três estatuetas (melhor filme, atriz e roteiro adaptado), e é um filme que,
acima de tudo, fala de um povo, personificado na figura de sua protagonista,
Eilis (interpretada por Saoirse Ronan, que concorre ao Oscar de Melhor Atriz). Ou
seja, o povo irlandês.
A história de
“Brooklyn” fala como Eilis, sem perspectivas em seu pais natal, precisou migrar
para os Estados Unidos em busca de um futuro melhor, com a ajuda do padre Flood
(interpretado pelo ótimo Jim Broadbent, conhecido por películas como “Harry Potter”,
onde interpretou o professor Horace Slughorn e “Dama de Ferro”, onde
interpretou o marido de Margaret Thatcher, dentre muitos outros). Eilis se
instala no Brooklyn, como acontece com muitos irlandeses que se estabelecem nos
Estados Unidos e nas cercanias de Nova York. A moça trabalha durante o dia numa
loja de departamentos em Manhattan e à noite estuda na Faculdade do Brooklyn
para ser escriturária. Com o tempo, Eilis se adapta à realidade local, conhece
um rapaz italiano e se apaixona. Mas uma tragédia familiar a forçará a voltar
ao seu país natal, não sem antes se casar com seu namorado italiano.
Entretanto, a realidade que ela encontrará na Irlanda não vai tornar seu
retorno aos Estados Unidos tão trivial assim.
Existem dois pontos
básicos neste filme que são grandes virtudes. Em primeiro lugar, há toda uma
descrição da situação dos imigrantes irlandeses em solo americano. É
impressionante como a visão da América como terra das oportunidades consegue
ser recorrente aos povos europeus desde os primórdios da colonização até meados
do século XX (a história se passa nas décadas de 40 e 50). Mas nem sempre essas
histórias têm um final feliz. Eilis, a convite do padre Flood, distribuía
comida para os necessitados no Natal, sendo que todos eram irlandeses que já
estavam nos Estados Unidos há uns 50 anos e ajudaram a construir o país, não
tendo qualquer oportunidade desde então. A forte segmentação social que os
imigrantes estrangeiros sofrem nos Estados Unidos também se faz bem presente no
filme, onde rixas entre comunidades de italianos e irlandeses eram
apresentadas.
O segundo elemento que
é uma grande virtude da película é a diferenciação cultural entre os americanos
e os imigrantes. Se há uma insinuação de preconceito dos americanos para com os
imigrantes, a película preferiu não enveredar mais profundamente por esse viés
e sim pela interação gradativa entre os americanos e imigrantes, onde o modelo
de cultura “desenvolvida” era a americana. Vemos isso muito presente em Eilis,
que passa a se comportar dentro de uma lógica mais capitalista e passa a
estranhar, quando retorna à sua terra natal, as práticas culturais e sociais
dos irlandeses, mais pautadas em relações pessoais. Fica colocado de forma bem
descarada que a vida na América “modernizou” nossa protagonista e a fez se
livrar dos vícios tradicionalistas de sua terra natal. Assim, vemos mais uma
vez aqui o embate entre a tradição e modernidade, que desqualifica totalmente a
primeira e glorifica totalmente a segunda.
Mas fica aqui a
pergunta: Saoirse Ronan merece a estatueta de atriz? Seria legal (mais uma
carinha nova com o rótulo de premiada com o Oscar, a indústria gosta disso),
embora eu tenha gostado mais de Jennifer Lawrence em “Joy”. Como ela já ganhou
um Oscar, quem sabe Ronan não tenha mais chances? Cate Blanchett e Charlotte
Rampling também seriam excelentes escolhas do ponto de vista artístico. As duas
correriam por fora? Quanto às indicações de melhor filme e roteiro adaptado,
creio que existem concorrentes mais fortes que essa película. “A Grande Aposta”
é minha favorita para o roteiro adaptado e, para melhor filme, está uma
verdadeira briga de cachorro grande.
Dessa forma “Brooklyn”
é mais uma grande película a ser vista nesses dias que antecedem ao Oscar e,
apesar de glorificar a cultura capitalista americana do “self made man”, também
teve tato suficiente de falar sobre as batalhas cotidianas dos imigrantes
irlandeses em solo americano. Embora seja uma história de cadência romântica em
torno da protagonista, o filme também se lembrou desses fatores sociais de
importância. Vamos ver como Saoirse Ronan se sai na premiação. E não deixe de
ver o trailer depois das fotos.
Cartaz do Filme.
Eilis vem à América para buscar um futuro melhor
Logo a moça se adapta ao seu emprego.
As amiguinhas ajudam a "americanizar" a moça...
Ela se apaixona por um rapaz da comunidade italiana
Uma senhoria que exige boas maneiras...
Precisando voltar ao seu país natal...
Na Irlanda, flertando com o General Hux. Traidora!!!
Será que ela ganha o Oscar???
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