Os
Tubarões De Copacabana. Uhuuuu De Meia Idade.
Um filme brasileiro
reestreou no Odeon há alguns dias atrás. A película “Os Tubarões de Copacabana” é um
tanto inusitada, pois ela é cheia de “gatões de meia idade”, velhos surfistas
aposentados. Eles estavam separados pelo tempo e pelo espaço, mas uma situação
“sui generis” acabou reunindo o grupo. Um dos jovens senhores foi atropelado
pelo carro que conduzia o presidente da república depois que seu motorista
sofreu um derrame fulminante. O ex-surfista não resistiu e morreu. Tal morte
tão espetacular serviu de pretexto para que todos comparecessem ao velório sem
ser avisados depois de ficarem sem se ver muitos anos. Mas, cá para nós,
poderia haver uma desculpa melhor e menos pirotécnica, não? Bom, o cara que
tinha morrido havia se casado com uma garotinha de nome Zulma, agora uma
respeitável senhora (interpretada por Alcione Mazzeo), que havia namorado antes
outro surfista do grupo, Nando (interpretado por Raul Gazolla). Assim, Zulma e
Nando se reencontram depois de muitos anos. A filha de Zulma era Nicole
(interpretada pela estonteante mas um tanto inexperiente Rayanne Morais) e ela
se reencontraria com Nando depois do velório no dia em que ela e o noivo
procuravam uma casa para comprar (Nando é corretor de imóveis). Logo, logo, a
mocinha vai dar em cima do cinquentão e a conclusão disso é óbvia. Só que não
podemos nos esquecer que Nicole é filha de Zulma, que namorou Nando. E aí...
Apesar da torrente de
clichês, o filme não é tão óbvio assim. E foi isso que salvou um pouco essa
película que, infelizmente, não foi lá essas coisas. A começar pelo título
“Tubarões de Copacabana”, que propunha falar de um grupo de velhos amigos que
se encontram depois de muitos anos. Ao início do filme, as coisas pareciam
tomar essa direção. Os caras se reuniram na beira da praia, tomaram uma
cervejinha, pegaram umas ondas. E... acabou!!! Todos os tubarões sumiram de uma
vez, com exceção de Nando e Zulma. E a história ficou girando em torno do
romance de Nando com Nicole e a não aceitação de Zulma quanto a isso. Os demais
tubarões devem ter sido pescados ou apareciam muito esporadicamente, como
Barbante (interpretado por Ricardo Macchi). Isso definitivamente é um problema
de roteiro. Tantos personagens não podiam simplesmente desaparecer da película.
Eles deviam interagir um pouco mais com o núcleo principal Nando-Nicole-Zulma e
até dar um pouco mais de graça à trama. Do jeito que ficou, foi simplório
demais e a grande quantidade de personagens foi desperdiçada ou fazia uma
subtrama paralela que influenciava apenas indiretamente a história principal. Ou
seja, o filme poderia ter bem mais possibilidades dramáticas. A única
explicação plausível para que isso não tenha ocorrido pode estar num orçamento
que tenha sido apertado. Mas, mesmo assim, se o roteiro fosse escrito de outro
jeito, talvez esse problema pudesse ter sido sanado.
Dentre as atuações dos
atores, Gazolla esteve bem. Ele, inclusive, melhorou muito como ator em relação
ao que era há anos atrás. Ricardo Macchi é que não estava lá essas coisas. Parecia
o mesmo robô de sempre. Já Rayanne Morais era deslumbrante mas artificial e
excessivamente afetada nas cenas dramáticas. Quem salvou o barco no campo da
atuação foi Alcione Mazzeo, mais rodada e experiente que todos os tubarões
juntos duas vezes. Outro ator que atuou muito bem foi Guil Silveira, que
interpreta um moribundo pai de Nando, tomado pelo câncer.
Assim, o filme “Os
Tubarões de Copacabana” não foi lá grande coisa. O roteiro escrito por Rosário
Boyer, que também assina a direção, não ficou muito legal. O que realmente
salvou essa película foi um desfecho não óbvio e as atuações de Alcione Mazzeo,
Guil Silveira e Raul Gazolla, estritamente nessa ordem. É uma pena, pois me
pareceu mais uma boa ideia que foi desperdiçada. Melhor sorte da próxima vez.
Esse humilde articulista é um entusiasta do cinema brasileiro, mas tem que ser
honesto quanto às suas impressões. E não deixe de ver o trailer após as fotos.
Cartaz do filme.
Um grupo de cinquentões.
Um velório reúne o grupo
Um pai moribundo
Uma moça estonteante vai fisgar o gatão de meia idade
Cenas tórridas, mas comportadas
Promovendo o filme
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