Samba.
Mas Sem Ziriguidum Ou Carnaval.
Outro bom filme francês
nos cinemas. “Samba”, ao contrário do que pode parecer, não é um documentário
sobre o carnaval ou sobre danças de origem africana. É um divertido filme feito
pelo mesmo pessoal que produziu o excelente “Os Intocáveis” há alguns anos
(direção de Eric Toledano e Olivier Nakache). Mas um filme divertido que aborda
uma questão extremamente séria: a imigração na Europa.
Vemos aqui a história
do imigrante senegalês Samba (interpretado pelo ótimo Omar Sy), que se vira
fazendo todo o tipo de bico e vive com o tio em Paris. Ambos trabalham na
cozinha de restaurantes. O tio já como um dos cozinheiros. E Samba, responsável
por limpar a louça, uma tarefa que cabia aos negros vindos de outros países. Apesar
de estar na França há vários anos e de ter um emprego fixo, ainda assim Samba
foi capturado pela polícia e colocado na condição de abandonar a Europa
imediatamente, sob pena de expulsão caso fosse pego. Para poder regularizar sua
situação, ele recorre a uma ONG que ajuda imigrantes ilegais e irá conhecer Alice
(interpretada por Charlotte Gainsbourg), uma voluntária que está de licença
médica de seu emprego numa grande empresa, já que sofreu um esgotamento nervoso
após tanta pressão por resultados lucrativos. Alice e Samba se aproximarão
paulatinamente e os dois levam suas vidas aos trancos e barrancos. Alice
precisa se recuperar de seu problema emocional e Samba precisa desesperadamente
trabalhar e regularizar sua situação. Samba ainda conhecerá o “brasileiro”
Wilson (interpretado por Tahar Rahim), uma espécie de “super safo” mulherengo e
incorrigível, que vai ajudar Samba a se virar
nas mais escabrosas situações.
Como podemos perceber,
o tema abordado é altamente sério e delicado. Mas o humor é usado de forma
inteligente e refinada, bem ao estilo do que foi visto em “Os Intocáveis”. A
dupla Omar Sy – Charlotte Gainsbourg funcionou muito bem como par romântico,
assim como a dupla Omar Sy – Tahar Rahim, que mostrou excelente viés cômico.
Assim, o filme mostrou ser muito eficiente em questões de entretenimento. Mas
ele foi mais a fundo. Sua grande virtude é a denúncia da situação deprimente
pela qual passam os imigrantes estrangeiros na Europa. Ficam claras e
explícitas todas as dificuldades pelas quais os estrangeiros passam, sobretudo
pela questão do preconceito. Mas o mais triste era a quantidade de carteiras de
identidade falsas que eles precisavam comprar e usar para obter bicos aqui e
ali, onde praticamente perdiam qualquer resquício de sua identidade original.
As dificuldades de comunicação com os europeus também apareceram de forma
latente, sobretudo na ONG onde Alice trabalhava, e que tinha várias situações
onde os atendentes não conseguiam se comunicar com os imigrantes em virtude da
barreira linguística, provocando situações até engraçadas e um tanto surreais.
O mais lamentável era
perceber que tais imigrantes, tratados como cidadãos de segunda categoria na
Europa, tinham vidas normais em seus países de origem e buscavam sonhos
materiais como ter uma casa à beira de um lago em suas pátrias. Mas a dura
realidade de exclusão total desses imigrantes na Europa os colocava numa
situação de marginalidade total no Velho Continente.
Dessa forma, se “Samba”
ainda se atreve a tocar umas músicas brasileiras já gravadas há muito tempo, não
podemos dizer que é um filme sobre desfiles carnavalescos. Os únicos desfiles
aqui são da nefasta questão da imigração, onde um preconceito para com os
imigrantes tem alguns momentos de arrefecimento como, por exemplo, na festa
promovida pela ONG que ajuda os imigrantes, onde funcionários da ONG mais os
imigrantes dançam ao som de músicas mais terceiro mundistas, criando um caldo
de diversidade cultural. O outro desfile aqui é o do humor altamente
inteligente, que dilui toda a acidez do tema abordado na película. E, de quebra,
as ótimas atuações de Omar Sy, Charlotte Gainsbourg e Tahar Rahim, todos sobre
a batuta dos excelentes diretores Olivier Nakache e Eric Toledano. Um programa
imperdível.
Cartaz do filme.
Samba. Vivendo na corda bamba.
Precisando da ajuda de uma ONG.
Grande amizade com o "brasileiro" Wilson.
Samba e Alice. Bom par romântico.
Logo irão começar um relacionamento.
Logo irão começar um relacionamento.
Dança com imigrantes ilegais para descontrair...
Os diretores Eric Toledano (de barba) e Olivier Nakache...
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