Império
Dos Sentidos. Sexo Explícito Como Arte Proibida.
O CCBB faz uma
retrospectiva sobre o importante cineasta japonês Nagisa Oshima. Suas películas
sempre foram marcadas por um comprometimento político e social, falando em
algumas delas sobre a geração japonesa do pós-guerra. Por aqui pelo Brasil, seu
filme mais famoso foi “Império dos Sentidos”, que foi muito exibido durante o
período da ditadura militar. Por mais estranho que isso possa parecer, a
produção de filmes brasileiros era muito marcada por filmes eróticos e pornochanchadas
na época dos militares que, com sua censura ferrenha, impediam a produção de
filmes mais reflexivos. O tema do sexo, apesar de ser condenável para algumas
mentes mais conservadoras, pelo menos não era algo considerado perigoso ou
subversivo pela ditadura, ou seja, não eram filmes questionadores que faziam as
pessoas pensarem e se posicionarem contra o regime. E, no meio de toda uma
avalanche de filmes eróticos brasileiros, “Império dos Sentidos” veio a
reboque, ficando muito famoso na época pelas suas cenas de sexo explícito, com
sua versão integral proibida até hoje no Japão.
O filme fala da
história real da ex-prostituta Sada Abe, que passa a trabalhar como empregada
numa casa de família. Logo era irá se envolver com seu patrão, em muitas cenas
quentíssimas com direito a bastante sexo oral e sadomasoquismo. Se num primeiro
momento, o sexo explícito com muitas variações era a única coisa do filme que
“chocava” mais (devemos nos lembrar que essa película foi rodada em 1976), com
o desenrolar da história, o comportamento violento e obsessivo de Sada para com
o seu patrão assume um tom doentio. Só para se ter uma ideia, ela ameaça matar
o seu patrão e arrancar seu pênis e testículos caso ele tenha relações com sua
esposa novamente. E, ainda, ela usa uma técnica de estrangulamento para fazer
com que seu patrão e amante tenha uma ereção mais vigorosa. Nem precisa se
dizer que isso vai acabar muito mal, ou seja, ela por fim mata seu patrão
estrangulado e cumpre a promessa de arrancar os órgãos sexuais dele com uma
faca.
Pesado, não? Apesar de
tudo, é muito simplório dizer que “Império dos Sentidos” é um filme
pornográfico ou de sacanagem. Vale lembrar que a história é inspirada em fatos
reais ocorridos no Japão em 1936 e, por mais estranho que isso possa parecer, a
opinião pública da época exibiu uma simpatia para com a assassina, como se esse
comportamento obsessivo e violento com o ato sexual fosse uma coisa digna de
pena. As fortes cenas de sexo, portanto, são uma espécie de suporte para exibir
a vertente psicológica da personagem Sada, que recorrentemente transava com seu
patrão, já mostrando desde o início sua forma obsessiva de encarar o amor. É
uma pena que esse filme tenha ficado famoso e “caído na boca do povo” só pela
questão do sexo explícito. É um filme muito mais “cabeça” (as duas, talvez) do
que um filme besta de sacanagem. Não é à toa que uma mostra dessas ajuda a nos
ver esse filme marginalizado com outros olhos.
Portanto, ainda que a
película tenha cenas um tanto escatológicas, vale a pena dar uma conferida,
talvez procurando lá no Youtube, já que não é mais tão fácil achar essa
película por aí. A questão psicológica se manifesta mais fortemente que a
questão sexual, embora o filme pareça mostrar justamente o contrário...
Cartaz do filme
Sada. Comportamento violento e doentio...
... com direito a cenas de estrangulamento...
... e mutilações...
Muitas cenas fortes de sexo...
... com direito a surubas...
... e até música ao vivo...
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