O
Conto Da Princesa Kaguya. Alegrias E Tristezas Da Vida.
O Japão nos brinda com
uma belíssima animação. “O Conto da Princesa Kaguya” enche nossos olhos com
tamanha plasticidade, incrivelmente formada por desenhos muito singelos, mas
que são portadores de uma enorme beleza. Não é à toa que esse filme, dirigido
por Isao Takahata, concorreu ao Oscar de melhor animação deste ano. A história
da película é baseada num conto popular japonês chamado “O Corte do Bambu”. Devo
confessar que esse artigo vai ter uns spoilerzinhos...
Do que se trata a
história? Um camponês de meia idade que vive de atividades extrativistas num
bambuzal vê, num belo dia, um brilho em meio aos bambus. Lá, ele descobre uma
pequena menininha. Esse camponês vai levar a menininha para casa, na palma de
sua mão, acreditando que fora abençoado e que recebera dos céus uma princesa. Ao
chegar a sua humilde casa, a menina inexplicavelmente cresceu e se tornou um
bebê. De tempos em tempos, a menina crescia rapidamente, logo chegando à adolescência.
O pai encontrou nos bambus ainda tecidos dignos de vestimentas de uma princesa
e muito ouro. De posse de todos esses bens, ele decidiu levar a menina do interior,
onde seria uma eterna camponesa, à capital, dando-lhe uma mansão e todas as condições
para se tornar uma princesa de verdade e arrumar um casamento dela com um
membro da nobreza (a história parece se passar na Idade Média ou Moderna). Mas a
menina não gosta muito da ideia...
O filme é uma
verdadeira lição do que é a vida, com seus altos e baixos. Momentos felizes que
são alternados por momentos de profunda tristeza. E um sentimento de culpa pela
infelicidade sua de causar infelicidade nos outros. Tudo isso bem ao estilo da
cultura japonesa, onde as noções de honra estão acima de tudo. Nossa princesinha
só queria ser feliz e adorava o mundo para onde tinha vindo, mas não conseguia
chegar à felicidade total, já que o pai queria que a filha fosse de estirpe
nobre, pois, para ele, o verdadeiro segredo da felicidade era participar dessa
alta posição social. Ainda, o fato do pai considerar sua princesinha um presente
dos céus só o tornou mais obcecado ainda em inseri-la dentro da nobreza. Mas a
menina era feliz nas coisas mais simples da vida de camponesa. E ela era
infeliz com as tentativas do pai de colocá-la no mundo dos nobres. Ou, ainda,
duplamente infeliz, pois se sentia uma farsa e não conseguia corresponder às expectativas
do pai e das pessoas â sua volta.
Apesar disso, a
princesinha teve momentos felizes. E aí a animação explodia em cores e
paisagens lindíssimas, tornando a película uma verdadeira obra de arte. O mais
notável era a singeleza do traço do desenho, uma prova de que um bom desenho
animado não necessariamente precisa ser bem acabado ou cheio de grandes efeitos
visuais. Pela simplicidade da coisa, dá até para arriscar a dizer que a gente
via na tela uma animação de estilo impressionista.
Portanto, “O Conto da
Princesa Kaguya” é daqueles filmes que nos emocionam, tirando lágrimas dos
nossos olhos. Um drama e história de fantasia altamente refinados, dignos de
comprar o DVD depois para guardar, dada a bela plasticidade das imagens. Um programa
imperdível.
Cartaz do filme
Um presente dos céus...
Uma princesinha no bambu...
... que cabe na palma da mão.
Logo, a princesinha vira uma criança...
... que, não demora muito, engatinha...
A menininha cresce rápido...
E se torna uma adolescente...
Linda plasticidade das imagens...
Show!!!
Vida de princesa...
Ela não está muito feliz...
... e despertará até a atenção do Imperador...
O diretor Isao Takahata
Nenhum comentário:
Postar um comentário