Prazeres Da Carne. Dinheiro Não
Traz Felicidade.
Dando
sequência às resenhas de alguns filmes de Nagisa Oshima que foram exibidos numa
mostra no CCBB, vamos falar hoje de “Prazeres da Carne”. Essa é uma curiosa
história que vai confirmar outra máxima popular, a de que “Dinheiro não traz
felicidade”. Vamos ver aqui a história de um professor que se apaixona por uma
de suas alunas. Ele soube que ela sofreu um abuso sexual e é induzido a matar o
culpado pelo crime, atirando-o de um trem. Mas um funcionário público corrupto
viu o assassinato e passou a chantagear o tal professor. De que forma ele fez
isso? O tal funcionário havia desviado 30 milhões de ienes de dinheiro público
e sabia que seria processado e condenado a cinco anos de prisão. Assim, ele
deixou o dinheiro sob a responsabilidade do professor, que deveria guardá-lo e
jamais gastá-lo. Após os cinco anos de prisão, o funcionário voltaria e pegaria
o dinheiro de volta. Caso o professor gastasse, o funcionário o denunciaria à
polícia. O professor acreditava piamente que casaria com sua amada aluninha,
mas ela lhe deu o cano e casou com um rico empresário. Apesar da enorme
decepção, o professor não ficou chorando na cama e decidiu gastar todo o
dinheiro em seu poder até a libertação do funcionário público, quando o
professor se suicidaria. Assim, o professor sai pelas ruas em busca de sexo com
as mulheres que lhe atraíssem, convencendo-as com os milhões de ienes em seu
poder. Sua ideia era gastar todo o dinheiro no espaço de um ano.
Dá
para imaginar que o professor meteu os pés pelas mãos nessas aventuras sexuais
que lhe trouxeram mais desgosto e dor de cabeça do que satisfação. Na verdade,
a cada mulher que ele encontrava, sua vida enrolava mais e mais. Até que, ao
fim do filme, sua aluninha volta para ferrar a sua vida de vez. A película também
traz um monte de situações inusitadas que dão mais vivacidade à história,
principalmente porque nosso amigo professor é muito trouxa e não sabe como
lidar com as surpresas que aparecem ao longo do filme, o que tornam os
problemas de sua vida cada vez mais insolúveis. Pode-se dizer, também, que o
filme se aproxima muito do drama psicológico, com direito a situações de
semi-consciência e até alucinações. A grande lição do filme é a de que gastos
desenfreados sem qualquer senso de responsabilidade ou cautela podem detonar a
vida de um cidadão. Os gestos impensados de nosso professor provocados pelas
decepções pelas quais passou levam a uma situação de beco sem saída, como se
esse impulso por prazeres carnais tivesse como consequência algum tipo de
castigo, ratificando uma visão um tanto moralista e até conservadora. Conceito
de honra japonesa muito forte, devemos sempre nos lembrar disso. O folder da
mostra também fala de um materialismo do Japão pós-guerra. Pode até ser. Mas
creio que os conceitos de honra levada a um moralismo conservador e drama
psicológico se encaixam melhor aqui.
De
qualquer forma, é mais um filme de Nagisa Oshima que levanta questões e
reflexões sobre a sociedade japonesa do pós-guerra. Mais um filme de boa
relevância que essa mostra nos traz. E mais um alvo para garimpeiros de Youtube
de plantão.
Cartaz do filme
O professor e a aluninha...
Doce perigo...
O professor se lança numa vida de sexo inconsequente...
Situações inusitadas...
Quebrando a cara no final...
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