Império
Da Paixão. O Crime Jamais Compensa.
Dentro da mostra de
Nagisa Oshima no CCBB, temos o ótimo filme “Império da Paixão”, um drama
psicológico muito forte e pesado, que vai ratificar a máxima de que o crime não
compensa, ainda mais quando esse crime é cometido estimulado por um adultério.
A falta da honra (tão valorizada pelos japoneses) nesses atos é latente e deve
ser severamente castigada. Um filme impiedoso para quem não tem caráter, bem ao
estilo “aqui se faz, aqui se paga”. Vale dizer que esse filme ganhou o prêmio
de melhor direção no Festival de Cannes de 1978, ano em que a película foi
realizada.
Vemos aqui a história
de um casal de camponeses no Japão rural do século XIX. O marido puxa riquixás,
aqueles veículos de transporte movidos por tração humana. A esposa é uma dona
de casa devotada. Mas chegará ao vilarejo um militar que seduzirá a esposa e
começará um caso com ela. O amante não vai mais aceitar que o marido toque a
esposa adúltera e eles tramam a morte do cônjuge, embebedando-o com aguardente
e saquê para depois enforcá-lo e jogar seu corpo num poço desativado muito
fundo. Três anos se passam e o casal de amantes precisa ter uma vida discreta
para não levantar suspeitas, o que deixa a viúva cheia de angústias, pois acha
que seu amante não a quer mais. Para piorar a situação, o fantasma de seu
marido começa a aparecer diante de seus olhos, atormentando-a muito, que vai
pedir ajuda ao amante, mas ele não parece estar muito aí para todas as aflições
da viúva.
A partir daí, o filme
torna-se uma espiral descendente para os dois personagens assassinos. Quem mais
sofre em tudo isso é a esposa adúltera, muito mais até do que o amante que
arquitetou o assassinato. Aqui pareceu que houve um comportamento
excessivamente machista, como se a culpa de todo o imbróglio fosse mais da
esposa, que já começou a sofrer desesperadamente no momento da morte do marido.
Sentimos na película que o amante passou a ter um abalo psicológico bem maior
mais para a segunda metade do filme, enquanto que a esposa sofria aguda e
intensamente pela maior parte da história. O fantasma do marido a atormentava
intensamente, sua filha vai embora de casa, ela tenta se matar botando fogo na
casa, dado o pavor que tem de ser pega pela polícia e o medo de ser interrogada
a pauladas (algo que acontecerá ao casal depois), sem falar que eles tentarão
tirar o corpo do marido do poço e ela ainda ficará cega num acidente lá mesmo, no
fundo do próprio poço. Toda essa desgraça vai ser coroada com a execução dos
dois por enforcamento.
Assim, se o casal
adúltero cometeu um crime hediondo, mais hediondo ainda foi o destino desse
casal que comeu o pão que o diabo amassou. Só que a esposa adúltera sofreu
muito mais. E aí, a coisa ficou desproporcional. Ecos de um filme datado. Um
filme agônico e angustiante, do qual você não sai indiferente da sala. Mais uma
joia do cinema japonês que merece uma garimpada no Youtube, pois não vai ser
fácil achar por aí. Vale a pena a busca, principalmente se você gosta de uma
película reflexiva como todo bom cinéfilo.
Cartaz do filme
Um casal de amantes...
... que comete um crime...
Adultério levará à decadência do casal...
O castigo final dos amantes...
Nagisa Oshima, falecido em 2013 aos 80 anos...
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