Rebecca,
A Mulher Inesquecível. Uma Obra-Prima de Hitchcock.
O Cine Odeon nos
brindou com um clássico do cinema em sua suntuosa sala. Foi exibido “Rebecca, A
Mulher Inesquecível”, dirigido por ninguém mais, ninguém menos que Alfred
Hitchcock e que conta com “apenas” estrelas atemporais da sétima arte do naipe
de um Lawrence Olivier, Joan Fontaine e Judith Anderson. Um deleite para os
olhos de qualquer cinéfilo ver na telona essa obra-prima vencedora de dois
Oscars (melhor filme e fotografia).
Essa película,
realizada em 1940, nos conta a história de uma bela moça (interpretada por
Fontaine) que era acompanhante de uma “respeitável” senhora (interpretada por
Florence Bates). Pois bem, as duas estão em Monte Carlo e, num passeio próximo a
um penhasco, a mocinha encontra Maxim de Winter (interpretado por Olivier), que
iria cometer suicídio, atirando-se ao mar lá embaixo. Foi o suficiente para que
os dois se apaixonassem de forma arrebatadora e saíssem de Monte Carlo já
casados. Mas Maxim tem um passado nebuloso. De família muitíssimo rica, ele
mora com seus criados numa gigantesca mansão chamada Manderley. Maxim é viúvo,
pois sua esposa, a inesquecível Rebecca, morreu afogada de forma trágica, e o
pobre viúvo ainda não sabe lidar com isso, tendo um temperamento muito difícil.
Todas essas situações vão dificultar a vida de nossa protagonista, que agora se
chamará Senhora de Winter. Por ter uma origem humilde, ela tem dificuldades
para se adaptar a todos os procedimentos e normas de etiqueta de Manderley,
sendo vista com muito ódio pela assustadora senhora Danvers, a governanta da
mansão (interpretada magistralmente por Judith Anderson). A senhora Danvers
tinha verdadeira adoração por Rebecca e vê a nova senhora de Winter como uma
criatura insignificante que quer tomar o lugar da antiga patroa. Por causa da
influência da senhora Danvers, a presença de Rebecca ainda é muito forte na mansão,
o que atormenta e muito a nova senhora de Winters. O passado de Maxim com
Rebecca é envolto em mistério e, paulatinamente, a nova senhora de Winters vai
descobrindo o que aconteceu, o que vai criar uma baita duma trama sensacional
para a história, regada a muito suspense como só o mestre Hitchcock consegue
fazer.
O filme é muito bom em
todos os sentidos. Um baita roteiro, como já deu para perceber pela descrição acima
(na verdade, ele é muito melhor, mas um spoiler de 76 anos de idade não me
deixa dizer), atores simplesmente sensacionais e uma grande direção. Hitchcock
conseguiu criar um ambiente um tanto quanto expressionista, principalmente nas
tomadas de Manderley. A mansão aparecia, na maioria das vezes, no escuro,
tomada por uma névoa enigmática. Esse expressionismo também era bem presente na
narrativa, principalmente quando Maxim era enfocado. Esse personagem tinha um
comportamento contraditório, ora sendo amável, ora sendo explosivo, o que
podemos dizer que, em até certo ponto, havia um quê levemente paroxista no
personagem. O mistério envolto em Rebecca também ajudava a película a ficar
mais pesada. Quanto à interpretação dos atores, é uma enorme sacanagem Judith
Anderson não ter ganhado o prêmio de atriz coadjuvante no Oscar daquele ano;
confesso que fiquei curioso até de saber quem ganhou. A mulher simplesmente
arrasou nesse filme. A sequência em que ela tenta induzir a nova senhora de
Winters ao suicídio é simplesmente magistral!!! Fontaine consegue fazer a
mocinha indefesa prestes a ser engolida pelo “sistema” de Manderley. Olivier
dispensa comentários. O cara conseguia ser odioso, digno de pena, engraçado,
afetuoso, tudo no momento certo. É um prazer ver tamanha atuação para um
personagem tão complexo como Maxim. Outra coisa que muito chama a atenção é a
fotografia, muito nítida (não é à toa que ela ganhou o Oscar), dando todo o
valor que o bom e verdadeiro preto e branco merece. A gente consegue sentir
muito isso principalmente nos closes dos atores. Esses closes auxiliam muito na
estética do filme, que sofre, aos nossos olhos anacrônicos de hoje, alguns arranhões
em virtude do recurso do “back projection”, que levava a situações incômodas,
como o fato de as pessoas dentro de um automóvel conversível não estarem com
seus cabelos esvoaçantes ou a agressiva iluminação de estúdio sobreposta a uma situação
de ar livre. Mas essas eram limitações técnicas da época e devemos entender
isso.
Assim, se você não
teve a oportunidade de assistir “Rebecca” na tela grande, não deixe de dar uma
chegada ao Odeon. E, se você não conseguir ver o filme no cinema, pode assisti-lo
aqui no Yoshiwara´s World na íntegra e legendado em português, logo após as
fotos. Não deixe de ver!!!\
Cartaz do Filme
Uma mocinha humilde que entrará num turbilhão...
Maxim e Senhora de Winters. Muitos percalços para esse casal atingir a felicidade
Manderley!!!!
Vejam como a iluminação realça o claro/escuro. Herança expressionista...
Outro belo exemplo de como a iluminação é trabalhada no filme...
No quarto de Rebecca, intacto
A odiosa Senhora Danvers. Um show de interpretação de Judith Anderson
Senhora Danvers induzindo a Senhora de Winters ao suicídio. Sequência magistral!!!
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