A Conexão Francesa. Peitando o Crime E A Corrupção.
Uma boa co-produção França-Bélgica, realizada em 2014, chega agora às
nossas telonas. “A Conexão Francesa” (“La French”, dirigido por Cédric Jimenez)
é um filme inspirado numa história real e vai nos levar à Marselha da década de
70, que estava completamente sitiada e refém de cartéis da droga, sendo que o
mais poderoso deles era controlado por Gaëtan “Tany” Zampa (interpretado por
Gilles Lellouche). Mas um destemido juiz, Pierre Michel (interpretado por Jean
Dujardin, que ficou muito conhecido pela película “O Artista”, ganhando o Oscar
de melhor ator) vai lançar mão de todos os recursos possíveis e impossíveis para
acabar com toda essa máfia. Boa parte de sua coragem em enfrentar criminosos
tão perigosos vem do fato de que Michel já havia sido juiz de menores e ele
pôde constatar o efeito devastador das drogas na juventude.
O filme tem um senhor roteiro e uma história muito bem escrita, que prende
a nossa atenção do início ao fim. Há uma combinação bem equilibrada de cenas de
ação, violência, diálogos e uma trama bem pensada, essa, sem dúvida, a melhor parte
do filme, que deu substância às cenas de violência. A reconstituição de época
foi excelente e mais uma vez se amparou em elementos óbvios como figurino e
muitos automóveis antigos em bom estado. A recorrência desses elementos para
fazer reconstituições de época em vários filmes já analisados aqui parece
indicar que essa é uma receitinha básica e de sucesso para retratar bem o
passado nos filmes. O filme também lançou mão de uma boa trilha sonora, algo
que também nos ajuda a colocar no climão lá da década de 70. Ainda, não podemos
nos esquecer de destacar as excelentes atuações de Dujardin e Lellouche. O
primeiro, por fazer um obcecado juiz que age por impulsos e desafiando o
sistema o tempo todo. E o segundo, por fazer um traficante de drogas que
consegue alternar momentos de alta serenidade com situações de violência extrema.
É notável perceber como o meio do crime na França tem semelhanças com o
nosso. Chacinas violentas provocadas por acertos de contas acontecem tanto lá
quanto aqui, assim como toda uma estrutura de corrupção que enrosca na polícia
e até nos mais altos escalões do governo. E o filme teve a sobriedade de
mostrar que tal mar de lama é algo intransponível e impossível de enfrentar sem
passar por sequelas. Ou seja, não é um daqueles filmões à americana de “tiro,
porrada e bomba”, de um homem contra todos que, heroicamente, enfrenta todas as
forças do mal, mata todos os vilões e depois ainda sai com o filhote para tomar
um picolé no final. Não, aqui a coisa está mais para a arte que imita a vida,
que descarta o “happy end”, o que torna a película muito mais interessante. Não
é à toa que o filme se inspirou numa história real, mas, mesmo assim, podemos
ter uma variedade de leituras. E o filme parece ter se aproximado de uma
leitura mais próxima à realidade, embora tenha parecido que alguma dose de pirotecnia
também tenha sido introduzida na história.
Dessa forma, “A Conexão Francesa” é mais um daqueles filmes que merece
sua atenção, pois tem um bom roteiro, boas atuações e as cenas de ação e violência
não caem no lugar comum da banalização dos filmões comerciais americanos. Ou seja,
á uma película francesa de ação e violência, mas com bastante conteúdo. Vale a
pena dar uma chegadinha ao cinema e dar uma conferida. E não deixe de ver o
trailer após as fotos.
Cartaz do Filme
Pierre Michel é um juiz que vai desafiar todo o cartel do crime
Zampa, um criminoso frio e cruel...
Muita violência
Se sentindo solitário no combate ao crime...
As ações devem ser meticulosamente calculadas
Jimenez orienta Dujardin numa gravação
Dujardin, Jimenez e Lellouche
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