Adeus
À Linguagem. Godard Num 3D Hermético.
Jean-Luc Godard está de
volta! E, ainda por cima, em 3D. Confesso que nunca gostei muito dos filmes do
consagrado cineasta francês, exceção feita a “Alphaville”. Sempre achei a
maioria de seus filmes herméticos demais e, consequentemente, chatos. Mas o
homem é endeusado por críticos e estudiosos de cinema. Este filme aqui, "Adeus à Linguagem", por exemplo, ganhou o prêmio do júri em Cannes. Portanto, deve haver
algo de bom lá. E juro, de pés juntos, que toda vez que tenho a oportunidade de
ver um novo filme desse amado cineasta, aproveito-a e vou à sala na maior das
boas vontades. E dessa vez, o que aconteceu?
Antes de mais nada,
devo confessar que vi a versão em 2D da película, perdendo a espacialidade e a
plasticidade do 3D, que devem ter sido muito bonitos e que devem ter realçado
ainda mais uma característica presente em alguns filmes de Godard: o seu fio
narrativo muito tênue que leva a uma fragmentação total da história, se é que
havia alguma. O título em si do filme já parece dar a dica das intenções do
cineasta. Abandonar a linguagem convencional tal como a conhecemos. Alguns
trechos de diálogos, por exemplo, ficaram sem qualquer legenda que os
traduzisse, a pedido do próprio cineasta, como ele nos forçasse a preencher
aquelas lacunas por nós mesmos. Uma falta de sincronismo entre som e imagem
também se fazia transparecer, assim como um uso dobrado de imagens cuja conexão
aparentemente não tinha qualquer sentido em termos narrativos.
Mas o que o cineasta
queria dizer? Em meio a esse zoo de imagens (algumas delas muito coloridas e
belas, devendo ser uma experiência formidável no 3D) e sons, algumas ideias e
reflexões soltas, provavelmente extraídas de textos de filósofos, linguistas,
ensaístas e afins, se manifestavam no filme, e que são citados nos créditos
finais. Vemos, por exemplo, uma reflexão entre a diferença entre ideia e
metáfora, ou atentar para o fato de que não há prêmio Nobel para artes
plásticas. Ou, ainda, uma crítica ao conceito de personagem, que faz com que
nós deixemos de ser nós mesmos. Num determinado momento, é feita uma comparação
entre o Estado Fascista e o democrático liberal no que eles têm de semelhante. Esses
pensamentos soltos eram debatidos por um casal na intimidade do seu lar, que
desfilava nu na frente das câmaras a maioria do tempo. Às vezes, a coisa ficava
um tanto provocativa, pois a mulher, inteiramente nua, conversava com o homem,
enquanto este fazia, digamos, o número 2 com uma sonoridade bem desagradável. E
ele filosofava usando o próprio excremento como tema (argh!). No meio dessa
doideira toda, um simpático cachorrinho ia para lá e para cá, se esfregando na
neve, aventurando-se numa corredeira, escondendo-se embaixo de um cobertor e
olhando assustado para a câmara que o perseguia, provavelmente porque não
aguentava mais as maluquices da filmagem, etc. E a filosofia inerente ao
cachorro dizia com toda a propriedade que ele é o único animal que tem um amor
pelo homem maior que seu amor-próprio. Faz todo o sentido, principalmente para
quem tem um cachorrinho de estimação.
Dessa forma, o que
dizer desse novo Godard? Como inovação, a bela plasticidade de imagens com o
fito de usar o 3D de uma forma criativa. No mais, um cinema excessivamente
experimental que pode ficar muito hermético ao grande público, algo que ele já
fez outras vezes. Todos têm o direito de filosofar, mas seria bom compartilhar
isso com os outros, tornando a coisa um pouco mais compreensível. Quem sabe um
fio narrativo um pouco mais tradicional que tolerasse o experimentalismo? Juro
que ainda quero falar bem de Godard. Mas, por enquanto, só posso dizer: Saudades
de “Alphaville”.
Cartaz do filme
Pequenos momentos lúdicos...
Um simpático cachorrinho...
Loucas experiências com imagem no 3D
Mais um exemplo...
Muucho loco!!!
Algumas imagens um tanto escatológicas...
Fusões. Mais experimentalismo...
Nudismo...
Pelo menos, "Metrópolis" fez uma ponta, na digressão do ódio aos personagens...
Intertítulos em imagens, Fórmula já usada...
Alemão refletindo o ódio fascista...
E o cachorrinho no meio desse rolo todo...
Loucas experiências com imagem no 3D
Mais um exemplo...
Muucho loco!!!
Algumas imagens um tanto escatológicas...
Fusões. Mais experimentalismo...
Nudismo...
Pelo menos, "Metrópolis" fez uma ponta, na digressão do ódio aos personagens...
Intertítulos em imagens, Fórmula já usada...
Alemão refletindo o ódio fascista...
E o cachorrinho no meio desse rolo todo...
Nas filmagens...
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