Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

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sexta-feira, 4 de abril de 2014

Resenha de Filme - Walt Nos Bastidores de Mary Poppins

Walt Nos Bastidores de Mary Poppins. Vidas Passadas Sofridas Que Se Resolvem Na Arte.
Uma grata surpresa nestes últimos dias. Estreou sem muito alarde o filme “Walt Nos Bastidores de Mary Poppins”, que conta a história desconhecida da complicada negociação entre Walt Disney e Pamela Travers, autora do livro de Mary Poppins. O desenhista, que se tornou um dos grandes magnatas do entretenimento americano, queria comprar os direitos do livro para transformá-lo em filme. Mas Pamela Travers resistia bravamente.
As investidas de Disney em cima de Travers duraram longos vinte anos. Mas a escritora não havia publicado mais nada e não ganhava um royaltie sequer, o que seria a sua falência. Assim, ela precisou aceitar a proposta de Disney, mas não sem oferecer uma série de resistências e tornar todo o processo de produção do filme algo muito difícil, levando à loucura os membros do estúdio. Travers via Disney como um grande magnata insensível que queria deturpar sua história e ganhar muito dinheiro. Pelo passado meio sombrio de Disney talvez fosse isso mesmo, mas como foi a própria Disney que produziu o filme, está mais do que na cara que as características negativas de seu grande criador foram totalmente omitidas (circulou na mídia esses dias que até a sobrinha do desenhista criticou esse Disney “bonzinho” da história). Mas, bom, já que isso não será abordado mesmo, vamos entrar no clima da coisa. Na versão apresentada aqui, Disney se apaixonou pela história de Mary Poppins, que conheceu por intermédio de sua filha e prometeu a ela levar essa história para o cinema. Mas Travers era muito rígida em suas convicções, chegando às raias da chatice insuportável. Aí entra um grande elemento nessa história. O espectador se pergunta por que essa mulher era tão irascível e arrogante. E a resposta vem em flash backs sobre a infância de Travers que aparecem ao longo da trama. Descobrimos ali que essa mulher já foi uma menininha muito feliz que viveu na Austrália e que via em seu pai uma grande figura. Um homem que mantinha uma família, mas não havia perdido a capacidade de sonhar. Um homem que amava a imaginação e abominava a necessidade do dinheiro. Um homem que queria dar asas a sua filha e torná-la muito feliz com seus sonhos e imaginações. Mas esse pai também sofria, pois seu espírito sonhador não era compatível com a vida real que ele tinha de gerente de banco, preso às correntes do dinheiro. E isso fazia ele se embebedar. Isso o levou para a tuberculose e para a morte, afetando profundamente nossa Pam (como Disney a chamava). Enquanto seu pai estava moribundo, sua tia chegou para pôr ordem na casa e estabilizar a família. Assim, Mary Poppins surgiu. Não para salvar as crianças, mas para salvar a toda família. E passamos a entender porque Travers defende tanto a sua obra, pois ela fala de sua família e defende seus valores. E, no outro lado, artistas da Disney, querendo transformar essa história num musical e que não entendiam como tal enredo era importante para a senhora Travers. A trama mostrará, então, como se dará uma aproximação entre Travers e os americanos, feita em caminhos muito tortuosos, levando a situações altamente emotivas que realmente nos trazem lágrimas aos olhos. Tudo isso inspirado numa história real.
Vemos que o enredo é altamente atraente e interessante, trazendo circunstâncias desconhecidas do grande público. Mas, como dizia aquela antiga propaganda de facas, “e não é só isso!”. O filme tem atores maravilhosos! Escolheram Tom Hanks para interpretar Disney e Emma Thompson para interpretar Travers. Ver os dois contracenando juntos é disparado o que o filme tem de melhor. Os dois estão simplesmente demais e a sequência onde Disney fala a Travers sobre sua infância difícil no Missouri, de seu relacionamento conturbado com o seu pai e de sua descoberta de como o pai de Travers significava a ela é um momento mágico (a gente até acredita por um momento que Disney foi um sujeito muito legal). Hanks estava soberbo na caracterização de Disney e Emma Thompson, bom, essa dispensa apresentações e todo cinema que exibe um filme dela tinha que desenrolar um tapete vermelho somente para passar as películas (ou DVDs) em que têm imagens dela atuando. Mas, não é só isso!!!! Quem interpretava o pai de Travers em sua infância? Colin Farrell, que nesse filme emocionou muito. Sorríamos com o carinho e a alegria com que ele tratava sua filha, sofríamos com suas inquietações perante o mundo real, chorávamos com as situações constrangedoras que o alcoolismo o fazia passar, prostrávamos diante dele em seu leito de morte. Nunca um coadjuvante teve um papel tão central num filme, pois é em volta do pai de Travers e de sua redenção que gira toda a história e o entendimento entre Disney e a escritora da história de Mary Poppins. De lambuja, ainda somos presenteados com o relacionamento entre Travers e seu motorista particular Ralph, que foi interpretado pelo eficiente Paul Giamatti, que geralmente faz papéis secundários, mas é um excelente ator. Inicialmente sendo só espinafrado pela escritora, Ralph assume uma postura submissa e conciliatória o tempo todo, e consegue se aproximar dela nos momentos em que está mais fragilizada emocionalmente. Mais uma grata surpresa nesse filme recheado de bons momentos.

Se você quer se emocionar, chorar, se alegrar com uma história onde as pessoas precisam aprender a se relacionar, conversar, compreender o outro e ser tolerante com quem pensa diferente, veja este filme. É uma boa experiência que vale a pena ser vivida.


Cartaz do Filme. Sombras sugestivas.


Disney e Travers. Relação Conturbada.



Aparando as arestas em plena Disneylândia.


 Pai e filha. Momentos lindos do filme e um Colin Farrell irrepreensível!!!


Ralph e Travers. Relacionamento afetuoso como brinde. Só esse subtema dava um bom filme.


A tia que inspirou a personagem Mary Poppins.


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