Vidas
Ao Vento. Aviões, Guerras e Amores Perdidos.
Uma animação japonesa
de grande e harmoniosa beleza. Isso é o que podemos falar de “Vidas Ao Vento”,
que concorreu ao Oscar de melhor animação este ano. O filme é de uma delicadeza
muito grande, misturando temas como a aviação e a guerra, permeados por uma
singela e inocente história de amor.
Vemos aqui a história
de Jiro, um garoto que, desde cedo, sonha com aviões e a possibilidade de
construí-los. Ele sonha com voos, ataques aéreos e maravilhas da engenhosidade
humana mais pesadas que o ar, sempre com a participação daquele que podemos
chamar de seu mentor intelectual, o desenhista de aviões italiano Caproni. A
vida de Jiro atravessará em cheio o período entreguerras e a crise de 1929.
Quando já é um estudante universitário, conhece Nahoko durante uma conturbada
viagem de trem, com direito a um grande terremoto. Jiro passará anos sem ver a
menina pela qual se apaixonou desde o primeiro momento. Enquanto ele não revê
sua amada, desenvolve seus estudos e sua vida profissional, tornando-se um
conceituado desenhista de aeronaves, que tem seu trabalho limitado pelo pouco
desenvolvimento científico do Japão, algo que fica claro quando ele viaja para
a Alemanha Nazista (isso mesmo, o Eixo já está formado!) para conhecer a
tecnologia do país aliado, encontrando forte resistência do povo europeu. Mas
Jiro e toda a sua engenhosidade aflorarão e desenvolverão a tecnologia de
aviação aérea do Japão que, infelizmente, foi usada para a guerra. O próprio
Jiro reprovava tal ideia, cuja opinião também era compartilhada por Caproni em
seus sonhos, onde o italiano dizia que o futuro da aviação era o transporte de
passageiros. Anos depois, com Jiro já homem feito e com uma carreira de
sucesso, acontecerá o encontro entre o projetista e Nahoko. O flerte e o affair entre os dois são responsáveis
pelas mais belas cenas do filme, com um destaque especial para as paisagens
pintadas por Nahoko em dias de vento ou chuva, e a delicada cena do aviãozinho
de papel. Mas nem tudo seria um mar de rosas nesse romance, pois Nahoko lutava
contra uma tuberculose que acabou a vencendo. Não sem antes o casal oficializar
seu matrimônio e ter uma breve vida a dois, que praticamente significou o
sacrifício de Nahoko. O filme termina com mais um sonho de Jiro, onde Caproni
elogia os caças de Jiro que formavam a frota de kamikazes japoneses. E a
aparição de Nahoko pedindo que Jiro aproveite a sua vida sem ela, não sem antes
tomar um café com Caproni. Definitivamente, uma animação muito tocante e bela
que vale a pena dar uma conferida.
Um dos cartazes mais
lindos deste ano
Jiro e Caproni. Amigos
de sonho...
Jiro e sua grande
invenção.
Nahoko, a grande paixão
de Jiro.
Nahoko em seu casamento
com Jiro.
Jiro e seu avião de
papel. Singeleza e delicadeza.
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