As
Grandes Ondas. Transmitindo Cravos e Revoluções.
Imagine você presenciar
uma revolução ao vivo. Uma revolução que é a apologia da liberdade, onde não há
praticamente derramamento de sangue. Uma revolução rápida, louca e que ficou
marcada em você pela experiência única. Essa é a impressão de “As Grandes
Ondas” (Les Grandes Ondes), uma
produção da França, Suíça e Portugal de 2013 dirigida por Lionel Baier,
inspirada numa história real.
Estamos em abril de
1974, na Suíça. Em uma rádio, vemos a conversa entre o responsável por sua
programação e um executivo. Há um clima de tensão, pois o responsável pela
programação, Philippe de Roulet (interpretado por Jean-Stephane Bron), está
preocupado em fornecer programas de conteúdo
ideológico e politizados, ao passo que o executivo quer uma programação baseada
em entretenimento e amenidades. Assim, de Roulet envia a Portugal uma pequena
equipe para obter notícias que entretenham a audiência e mostrem as
contribuições da Suíça àquele país. Essa equipe é formada pela feminista Julie
Dujonc-Renes (interpretada pela bela Valérie Donzelli), pelo repórter Cauvin
(interpretado por Michel Vuillermoz), um veterano repórter de guerra que perdeu
a memória imediata, tendo que gravar toda hora suas lembranças em um grande e
pouco prático gravador, e pelo técnico de som Bob, próximo à sua aposentadoria
(interpretado por Patrick Lapp). O filme é uma deliciosa comédia onde vemos
nossos protagonistas se embananando todo o tempo com as grandes contribuições
suíças a Portugal: um relógio suíço para uma escola, um conjunto habitacional
que não saiu do papel, etc. Cauvin pensava que falava português e mal se
comunicava com os gajos locais (ele dizia que tinha aprendido português
brasileiro, daí a dificuldade de comunicação), até que nossos radialistas
encontraram o jovem Pelé (interpretado por Francisco Belard), que sabia francês,
pois seu pai era projecionista de cinema e aprendeu a falar francês com os
filmes. Pelé, então, se tornará o intérprete do grupo. Mas as matérias
encontradas por nossa trupe são um desastre, sobretudo a entrevista com o
português racista, muito hilária. Fracassada a missão, a equipe retorna a
Lausanne, Suíça, mas se perde no meio do caminho (Cauvin esqueceu o caminho de
volta e não sabia nem sair de Portugal). Foi aí que eles se depararam com uma
equipe de rádio da Bélgica, que lhes informou que a Revolução dos Cravos estava
em pleno andamento, com os militares eliminando os últimos resquícios de
salazarismo (o equivalente ao fascismo em Portugal) e colonialismo. Sem
praticamente disparar um tiro, a revolução era uma apologia à liberdade, com
muita celebração na rua, beijos na boca e surubas aqui e ali, num verdadeiro Woodstock lusitano, onde nossos
protagonistas se divertiram muito (Pelé até perdeu sua virgindade!), à exceção
de Cauvin, que assistia a um discurso de um militar português e, ao ser
descoberto que era suíço, foi também colocado para discursar com seu português
macarrônico que ninguém entendia, mas que achavam maravilhoso, sendo outro
momento engraçadíssimo do filme. Ao final, vemos o real destino de nossos
protagonistas. Bob se aposentou, Cauvin morreu num acidente automobilístico,
Julie continuou trabalhando na rádio e Pelé se tornou ator de filmes eróticos.
A Kombi onde viajava nossa trupe acabou exposta num museu da rádio. Assim, o
filme “As Grandes Ondas” é uma comédia muito interessante de se ver por tratar
dessa inusitada história real onde a vida foi mais imaginativa que a arte.
Nossa simpática equipe.
Cauvin, Julie e Bob.
Cauvin no meio da
revolução.
Julie enfrentando um
tanque português.
Pelé e Cauvin.
Discurso de Cauvin.
Parte hilária do filme.
A beleza de Julie é
estonteante!
Revolução dos Cravos.
Triunfo da liberdade e do amor.
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