Refém
da Paixão. Síndrome de Estocolmo Levada Às Últimas Consequências.
Às vezes, as joias mais
fulgurantes não brilham tanto. Passam quase despercebidas, mas possuem todo um
frescor especial. Estão lá, escondidinhas, mas, quando descobertas, se abrem a
nós em todo o seu esplendor. E tocam. E emocionam. É isso que podemos falar do
ótimo filme “Refém da Paixão” (“Labor Day”, dirigido por Jason Reitman).
A história gira em
torno de Henry (interpretado por Gattlin Griffith) e sua mãe Adele
(interpretada pela sempre maravilhosa Kate Winslet). Eles vivem sozinhos depois
que o marido (e pai) os abandonou. Henry sentia muito a vida melancólica da
mãe, que havia desistido do amor. Ele tentava cobrir a mãe de todos os mimos, sendo
“marido por um dia”, mas faltava “aquilo”. Um dia, nas monótonas compras do mês
no supermercado, eles encontram Frank (interpretado por Josh Brolin), um
fugitivo da prisão com uma incisão de uma apendicite aberta. Frank precisava se
esconder da polícia e descansar para se recuperar de seu ferimento, o que
deixou mãe e filho apavorados. Mas Frank pouco a pouco conseguiu acalmá-los e
foi conquistando a confiança de Adele e Henry assim como também a sua afeição,
num caso típico de síndrome de Estocolmo, onde sequestrador e sequestrado
iniciam um relacionamento que os aproxima cada vez mais. É interessante notar
que tudo isso acontece apesar de alguns contratempos, como o fato de Henry e
Adele descobrirem que Frank cumpre pena de dezoito anos de prisão por
assassinato e o fato de Frank amarrar Adele para “simular” um sequestro caso a
polícia chegue a casa, já que manter voluntariamente um foragido da justiça é
considerado crime e Frank não quer prejudicar a família que o esconde
espontaneamente. Aos poucos, Frank se torna o marido e pai que Adele e Henry
não tinham: conserta o jardim, o carro, limpa a casa e até cozinha. A sequência
mais bonita do filme é o preparo de uma torta de pêssegos, onde toda uma
linguagem corporal entre Frank e Adele mostra como a dona de casa ressuscita
seu gosto pelo amor. O envolvimento entre os três fica cada vez maior e Adele e
Henry não querem mais que Frank vá embora. Um ciúme em Henry por ver Frank se
aproximando da mãe também aparecerá e será alimentado por uma amiguinha de
Henry. Mas o ciúme que poderia ter sido mais desenvolvido no roteiro não passou
muito de um sentimento vago, pois uma crise entre o trio Adele-Henry-Frank
ficaria fora do contexto, já que o filme se ampara muito na forte química entre
os três personagens. Adele e Frank resolvem fugir para o Canadá e levar Henry
junto (que pensava que ia ficar para trás, daí a crise temporária de ciúme),
mas, aos poucos, Henry vai sendo descoberto por amigos e vizinhos e termina
preso, não sem antes amarrar Adele e Henry para protegê-los de qualquer
incriminação. Se antes, mãe e filho eram amarrados num clima de medo provocado
por um estranho, agora eles eram amarrados também num clima de medo, mas medo
pela perda iminente de um ente querido. Paralelamente a essa trama, vemos no
desenrolar do filme a história pessoal de Frank e porque ele cometeu
assassinato. Ele era um bom pai, com esposa e filha pequena. Mas a esposa o
traiu e, enquanto enchia a banheira com a criança dentro, Frank escuta a esposa
chegando a casa. Ele pergunta se o bebê é dele e não de outro homem e recebe um
sorriso sarcástico da esposa. Irritado, ele a empurra, a moça perde o
equilíbrio e bate a cabeça acidentalmente no aquecedor de ferro, morrendo em
seguida. Ao mesmo tempo, o gotejar no teto indica a banheira transbordando com
o bebê já afogado no banheiro, que está na parte de cima da casa. Assim, Frank
tinha uma família que ficou destroçada, da mesma forma que Adele e Henry. Na
verdade, Frank e Adele eram ambos fugitivos. Frank, de seu passado sombrio e da
justiça; e Adele, de sua melancolia provocada pela separação que, por sua vez,
é o resultado da fuga do ex-marido de Adele, que não aguentou a tristeza dela
por não poder mais gerar filhos. Assim, vemos o filme como um loop de fugas que provocam mais fugas,
tal como num efeito dominó. O próprio Henry se afastará da mãe após a prisão de
Frank para poder seguir com sua vida adiante. Entretanto, apesar do filme
mostrar muitas situações tristes e, aparentemente sem saída, That´s Hollywood e o happy end salva o dia. Não sem antes
Tobey Maguire, que narra o filme, fazer uma ponta como o adulto Henry em seu
final. Quanto ao desfecho do filme, só vou falar que a torta de pêssegos
desempenha um papel crucial novamente.
“Refém da Paixão” é,
então, uma história muito envolvente. Uma história de redenção. Uma história
que mostra que todos nós merecemos uma segunda chance. Uma história de
esperança. Vejam, tenham e guardem.
Lindo cartaz do filme.
Adele, Henry e Frank no
supermercado. Tensão.
Simulação de sequestro.
Sequência da torta de
pêssegos: a mais bonita do filme.
Frank e Adele se
aproximam
Ensinando beisebol.
Intimidade entra Adele
e Frank encuca Henry.
Prisão de Frank. Amor
já revelado. Dor da nova separação.
Tobey Maguire, nosso
eterno Homem-Aranha, como Henry em sua idade adulta.
Pft esse filme... S´tenho a agradecer...
ResponderExcluirGente como foi o final a sky saiu do ar bem na hora da loja de torta do rapaz
ResponderExcluirEu adorei esse filme. Para todos saberem que enquanto há vida, há esperança de encontrar a felicidade. Eu estou vigiando em assistir filmes de madrugada.
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