Jogo
de Xadrez. Mais um Thriller Policial
Brasileiro.
Mais um filme
brasileiro que passa despercebido. Em sessão única no Espaço Itaú de Cinema, o
bom filme “Jogo de Xadrez”, de Luís Antônio Pereira, é exibido numa sala quase
abandonada. As testemunhas que assistiram a sessão puderam perceber que o nosso
cinema produz bons filmes, mas que não têm o reconhecimento e a divulgação
necessárias. Assim, faremos mais uma missão cívica aqui, pois temos uma boa
produção digna de registro, sem falar no ótimo trocadilho do título do filme.
A história fala de
Guilhermina (interpretada por uma degradada Priscila Fantin), uma fraudadora do
INSS que foi usada como bode expiatório e terminou no presídio (qualquer semelhança
com a vida real não é mera coincidência). Um dos mentores da fraude, o senador
Franco (interpretado por Antônio Calloni) saiu ileso de todo o processo. Assim,
Guilhermina busca a sua vingança. Dentro da prisão, Guilhermina tem a ajuda da
fiel escudeira Martona (interpretada por Luana Xavier) e conhece a recém
chegada Beth (interpretada por Carla Marins). Elas comem o pão que o diabo
amassou nas mãos do diretor Geraldo (interpretado por Tuca Andrada), que as
coloca na solitária e precisa dar um fim a Guilhermina, pois o diretor é pau
mandado do senador Franco. Com a ajuda de um policial, as três detentas
conseguem fugir e se escondem na casa da irmã de Guilhermina que logo não
simpatiza com Beth, suspeitando dela. Para poder se vingar do senador, Guilhermina
sequestra, junto com suas amigas, o filho dele e pede dinheiro para o pagamento
do resgate. Mas Beth estava a serviço do senador e uma armadilha para
Guilhermina foi montada (a própria fuga das detentas fazia parte do plano
contra Guilhermina). As suspeitas da irmã de Guilhermina contra Beth acabaram
se confirmando. E assim, Guilhermina e Martona são assassinadas como queima de
arquivo. Tudo parecia que ia terminar bem para o senador e para Beth, mas eles
também acabaram assassinados pela irmã de Guilhermina, que confirmou sua
vingança post mortem.
O filme tem bons
méritos. Cenas tensas e pesadas no presídio, onde as atrizes deram um show
(Priscila e Carla estavam deliciosamente insuportáveis), cenas de ação durante
a fuga, uma trama envolvente que prende a atenção do espectador durante os
oitenta minutos de duração, sendo uma história bem enxuta, que não se arrasta
por muito tempo. E tudo isso abordando um tema bem nacional que passa pela
corrupção das fraudes do INSS e dos presídios. E, mais uma vez vem a
inquietação. Até que ponto a arte está imitando a vida? Até que ponto e em que
quantidade nós temos na vida real bodes expiatórios e políticos corruptos
impunes? Tais questões martelam a nossa cabeça. Sabemos que no Brasil tais coisas
existem. Mas em qual quantidade? Com qual prejuízo para todos nós? As teorias
da conspiração despertam no âmago de nossa alma.
Cartaz do Filme.
Impondo respeito no
presídio.
Carla Marins como a
traíra Beth.
Antônio Calloni como
senador Franco. Ótima interpretação.
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