Madeleine.
(In)Decifrando Uma Morte.
Ainda dentro da mostra
de David Lean no CCBB, vamos falar hoje de “Madeleine” (1950), um filme menos
conhecido do consagrado diretor, sendo uma boa oportunidade de vê-lo na mostra,
já que o filme está esquecido tanto na tv aberta quanto fechada, assim como nos
lançamentos em DVD. É mais uma película estrelada por Ann Todd, que também participou
de “Sem Barreira no Céu”, que teve um casamento muito turbulento com Lean.
“Madeleine” é um filme bem peculiar do cineasta, com influências rasas do
expressionismo e com uma tremenda cara de teatro filmado.
No que consiste a
história de “Madeleine”? A protagonista é uma filha de classe média em Glasgow
no ano de 1857. Ela tem como pai o rígido James Smith (interpretado por Leslie
Banks), que está incomodado com a moça, que já está passando da idade de se
casar e não escolhe um partido. Aparecerá na vida de Madeleine William Minnoch
(interpretado por Norman Woodland), que passa a cortejá-la e pede a sua mão em
casamento ao pai, no que ele prontamente aceita, sem consultar a filha,
praticamente impondo a ela que case. Mas Madeleine tem um amor secreto, o
francês Emile L’Anglier (interpretado por Ivan Desny), de estrato social mais
baixo e que jamais será aceito pelo pai da moça. Mesmo assim, Emile pressiona
Madeleine para que ela o apresente ao pai. Madeleine decide fugir com Emile,
mas o francês recusa esta saída. Madeleine rompe com ele e o francês a
chantageia com as cartas amorosas que ela escreveu para ele. A moça, então, vai
começar a comprar arsênico e Emile morre envenenado. A moça é acusada de
homicídio e julgada. A partir daí, a película faz um devaneio sobre a
culpabilidade de Madeleine. Será que a responsabilidade da moça pelo crime é
tão óbvia assim?
Esse filme é baseado
numa história real que deve ter causado muita polêmica na época.
Cinematograficamente falando, a história acabou descambando para um filme de
julgamento, que ficou um tanto enfadonho, a não ser pela excelente
interpretação do artista que fez o advogado de defesa de Madeleine, André
Morell. Outro ator que esteve muito bem foi Leslie Banks, que fez um duro e
tradicional pai. A película também mostrou um excelente início, onde os
encontros secretos de Madeleine e Emile eram permeados por um lindo
claro/escuro provocado por uma iluminação muito bem pensada. No mais, o filme
não tem detalhes mais dignos de atenção, exceto pelo fator de despertar atenção
por ser uma curiosidade e uma raridade, já que não temos acesso a essa película
tão facilmente. Podemos ainda dizer que o filme faz uma espécie de testemunho
da condição da mulher na Escócia do século XIX, pois Madeleine era tratada de
forma muito severa pelo pai e por Emile, sendo respeitada apenas por Minnoch,
que ficou visto como o trouxa da história. O filme também faz uma crítica nada
velada do sistema judicial escocês. Mas falar sobre isso seria dar um spoiler
muito forte e não o farei aqui.
Dessa forma, se você
teve curiosidade de ver “Madeleine”, talvez somente em blu ray ou internet. Não
é um grande filme, mas para o cinéfilo inveterado, uma curiosidade digna de
nota, por ser uma película muito peculiar de David Lean.
Cartaz do Filme
Madeleine e seu amor secreto
Um amor entre estratos sociais diferentes
Encontros as escondidas
Filme tem lindo claro/escuro. Herança expressionista.
Amor de cabeceira
Um pai muito rigoroso
Madeleine não quer revelar seu amor ao pai
Um amor se torna uma ameaça
Experiências com arsênico
Um julgamento
Madeleine. Culpada ou Inocente?
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