Zoom.
Erotismo E Intertextualidade.
Uma curiosa co-produção
brasileira e canadense chega a nossas telas. “Zoom” é um filme que pode ser
definido como uma verdadeira porra-louquice que deu certo. Dirigido por Pedro
Morelli e escrito por Matt Hansen, tendo Fernando Meireles como um dos
produtores, essa comédia escrachadinha é mais um daqueles filmes que tem um
roteiro muito bem escrito e que se correu um grande risco, pois se fica alguma
ponta solta, tudo vai por água abaixo.
Vemos aqui a história,
ou melhor, as histórias no plural de três personagens básicos. A primeira é a
de Emma (interpretada pela angelical Alison Pill), que trabalha numa pequena
fábrica de manequins eróticos. Um belo dia, durante uma rapidinha com o seu
colega, ele mencionou que seus seios eram muito pequenininhos, e ela decidiu
colocar implantes de silicone. E, meio que para se vingar do colega, a moça
começou a fazer uma história em quadrinhos, cujo personagem principal era um
diretor de cinema de nome Edward (interpretado pelo eficiente Gael Garcia
Bernal), a idealização perfeita de homem ideal. Edward quer fazer um filme, mas
encontra obstáculos para desenvolver sua ideia, considerada não comercial. Ele
quer fazer uma história sobre uma modelo brasileira, Michelle (interpretada pela
nossa Mariana Ximenes), que recebe um convite para escrever o livro e,
desacreditada pelo marido, se refugia no interior do Brasil para escrever uma
história sobre uma moça que fez um implante de silicone e se decepcionou com o
resultado, ou seja, Emma, fechando o ciclo entre os três personagens que, à
medida em que iam desenvolvendo suas histórias, interferiam nas vidas uns dos
outros, o que requeria atenção do espectador e uns exercícios de vai e vem na
narrativa que tornaram a coisa muito mais interessante.
Na verdade, a gente
percebe que as histórias estão interligadas aos poucos, principalmente quando o
que um autor escreve influencia a história ao lado. Apesar do conteúdo erótico
do filme, que chama muito a atenção, o que mais impressiona é esse grande
exercício intertextual, feito com muita maestria. Esse filme acaba sendo um
prato cheio para quem gosta de escrever histórias, pois vemos cada uma das três
narrativas se imbricando e uma influenciando a outra. Cada história tem ainda
um tom peculiar. Emma brinca de Deus com Edward; já Edward, por sua vez, não
tem liberdade para desenvolver sua história. E Michelle carrega nas tintas em
cima de uma narrativa que era altamente banal. Essas tramas também tinham,
volta e meia, um quê onírico, principalmente quando o escritor de cada história
provocava uma reviravolta, algo que deixava os protagonistas sem entender as
situações inusitadas que simplesmente brotavam do nada. Um detalhe interessante
aqui foi o tom de animação que a película tinha, com as imagens reais sendo tratadas
para parecer que víamos a história em quadrinhos de Emma em movimento. É como
se estivéssemos vendo aquele vídeo clip do A-ha “Take on me” numa versão bem
mais turbinada, com o detalhe que Gael Garcia Bernal apareceu somente nos
quadrinhos como um desenho, o que não diminuiu em nada sua participação na
película, muito boa por sinal. Mariana Ximenes também teve boa atuação, embora
na minha modesta opinião a melhor atriz desse filme tenha sido Alison Pill, que
fez uma personagem cômica, mas cheia de sensualidade. Uma grata surpresa foi
rever Claudia Ohana, que teve um “affair” com Ximenes no filme. E a boa notícia
é que ela ainda está linda, apesar da certa idade.
Dessa forma, “Zoom” é
uma película que prima por seu roteiro bem escrito, sendo uma aula de eficaz
intertexualidade, apimentada por uma animação que deu todo um colorido ao filme.
Uma boa pedida. E não deixe de ver o trailer após as fotos.
Cartaz do Filme
Emma. Seios e quadrinhos...
Edward. Restrições a sua liberdade criativa
Michelle. Uma modelo que não sabe escrever???
A animação deu um colorido todo especial à película...
O que está acontecendo aí em cima???
O diretor Pedro Morelli e a atriz Maria Flor. Ela não faz parte do filme...
Gael Garcia Bernal nas filmagens...
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