Em dezembro, saiu o tão aguardado “Guerra Nas Estrelas,
EpisódioVII, O Despertar da Força”. Quando foi noticiado que George Lucas havia
vendido os direitos de “Guerra nas Estrelas” para a Disney por 4,05 bilhões de
dólares e, ainda por cima, a direção ficaria a cargo de J. J. Abrams, alguns
fãs simplesmente surtaram e previram uma tragédia sem precedentes. Também
pudera. Abrams ficou marcado por um final um tanto tresloucado da série de TV
“Lost” e foi acusado de desvirtuar totalmente “Jornada nas Estrelas”, algo em
que eu concordo plenamente. Desde então, um medo pairava no ar: será que Abrams
desvirtuaria também “Guerra nas Estrelas”? Muitos temiam por isso e tomavam
como base a trilogia formada pelos Episódios I, II e III, criticada severamente
por alguns fãs. Assim, a estreia do Episódio VII foi marcada por muita
expectativa e (por que não?) até uma certa angústia.
Chega, então, o dia 17
de dezembro! O filme é exibido em pré-estreia. Não pude estar lá, mas os fãs de
longa data falavam bem do filme. Outros tinham algumas críticas. Temeroso pelos
“spoilers” que pudessem esvoaçar pela internet, percebi que deveria ver logo o
filme. E, então, na sexta-feira, dia 18, depois de um dia cheio de trabalho,
parti para o Odeon, pegar uma sessão às nove horas da noite. E quais foram as
impressões sobre o filme? Parece que J. J. Abrams muito levou em consideração a
apreensão dos fãs e, se não fez um excelente filme, ainda assim fez uma boa
película digna para a saga. Parece que ele sentiu que, se pisasse na bola, sua
vida estaria a perigo, pois os fãs não perdoariam tal sacrilégio! Já até o
estavam chamando de Jar Jar Abrams, coitado... Mas o homem fez um bom trabalho.
E por que o trabalho foi bom? Aí, para podermos fazer uma análise mais
aprofundada do filme, os “spoilers” são inevitáveis. Portanto, esse artigo foi
publicado depois de um certo tempo da estreia do filme para que todos possam
lê-lo sem preocupações e tensões. Mas, se você ainda não viu o filme, saiba que
as linhas abaixo estão coalhadas de “spoilers”.
Vamos lá! Em que
consiste a trama do filme? Luke Skywalker, o último Jedi, está desaparecido. A
descoberta de seu paradeiro é disputada por dois grupos: a Resistência,
vinculada à República, que assumiu o governo da galáxia após a queda do
Império, e a Primeira Ordem, formada de resquícios do que sobrou do Império. A
agora General Leia Organa, uma das líderes da Resistência, enviou um piloto de
X-Wing, Poe Dameron (interpretado por Oscar Isaac) ao planeta Jakku (ô
nomezinho complicado para nós que falamos português!) para pegar um mapa que
pode ter a localização de Skywalker e que está em poder de Lor San Tekka
(interpretado pelo lendário Max Von Sydow). Mas as forças da Primeira Ordem
lideradas por Kylo Ren (interpretado por Adam Driver) descobrem onde está o
mapa e capturam Dameron, que antes disso esconde o mapa no seu simpático
robozinho BB-8. Ele se aventura pelo deserto, é capturado por um catador de
ferro-velho, mas é salvo por outra catadora de ferro-velho, Rey (interpretada
por Daisy Ridley), que passa a tomar conta da maquinazinha. Parece que em
Jakku, houve uma batalha espacial violenta entre as forças do Império e a
Aliança Rebelde, já que vemos em todos os lugares carcaças de destroiers
estelares, X-wings, andadores AT-AT, etc. E a doce Rey vive de catar peças
nessas carcaças, sendo muito mal pagas. No destroier estelar onde está Dameron,
Ren lhe arranca, sob tortura, a
informação de que o mapa está em BB-8. Mas há um stormtrooper atormentado com
os procedimentos da Primeira Ordem, FN-2187 (interpretado por John Boyega), que
decide fugir do destroier e ainda levar Dameron com ele. Assim, eles sequestram
um caça TIE e, depois de abatidos, caem no planeta. A partir daí, a história
continua a se desenrolar, com uma suposta morte de Dameron, um encontro entre
Rey e FN-2187 (rebatizado por Dameron como Finn) e essa nova dupla se
esbarrando por aí com personagens da trilogia clássica, infelizmente muito
maltratados pelo tempo. Todos, vilões e mocinhos, atrás de Luke Skywalker. Esse
é o objetivo do Episódio VII.
O que podemos dizer do
filme em linhas gerais, antes de começar uma análise mais profunda? Em primeiro
lugar, esse filme foi cercado de grandes expectativas, e assim tudo o que se
fala dele acaba sendo também amplificado. Se filtrarmos toda essa ansiedade e
buscar uma visão um pouco mais fria do contexto, pode-se dizer que, “O
Despertar da Força” foi, no geral, um bom filme, com grandes qualidades, mas
também com alguns problemas. O filme teve duas qualidades básicas: 1) não se
furtou a fazer alusões a elementos presentes na saga e; 2) aproveitou elementos
do chamado Universo Expandido (não vou ficar aqui me aprofundando naquela
discussão sobre o que é canônico e o que é Universo Expandido; vou considerar
como Universo Expandido aqui o que foi produzido fora dos seis filmes). Quanto
à primeira qualidade, bom, aconteceu um pequeno problema. Os fãs mais
aficionados e antigos conseguem identificar melhor o novo filme com todo o
contexto da saga, quando esse novo filme tem referências aos filmes anteriores.
O problema é quando você exagera nisso. E, infelizmente, foi o que J.J. Abrams
acabou fazendo. Foi muito legal fazer alusões ao Episódio IV, o grande pai
fundador. Mas, chegou uma hora em que isso ficou cansativo, principalmente
quando apareceu aquela enorme Estrela da Morte, uma referência bem explícita,
com a arma “Starkiller”, que foi o primeiro nome de Luke Skywalker no roteiro
ainda geminal de Lucas. Para não ficar muito igualzinho, buscou-se introduzir
alguns elementos novos como, por exemplo, o tamanho dela (o que não significa
lá muita coisa, já que ela está agora embutida em um planeta) e o fato dela
sugar plasma da estrela próxima para justificar o poder de destruição (essa
sim, uma ideia legal, que lembra muito um objeto estudado em astrofísica
chamado estrela variável cataclísmica, onde, num sistema binário, uma estrela
densa, tipo anã branca, com sua grande força gravitacional, suga o plasma de
outra estrela, canibalizando-a). Mas, novamente, uma Estrela da Morte tinha que
ser destruída, com um ataque de caças X-wings, onde eles tinham que passar por
uma vala e havia um piloto de X-wing muito parecido com o Porky´s do Episódio
IV. Todas essas alusões ficam mais parecendo uma forçada de barra do que uma
homenagem. E Jakku? Desértico como Tatooine. A cantina de Maz Kanata é uma
reedição da cantina de Mos Eisley, com direito a bandinhas de música e todos
aqueles bichinhos (tinha até uma mesa com os mosquitos da dengue). Ah, sim, a
velha frase “Estou com um mau pressentimento quanto à isso”, a mais falada de
toda a saga, voltou com força total, dita desta vez por Han Solo. Há, ainda,
uma sala de operações estratégicas militares muito parecida com a do Episódio
IV na Batalha de Yavin, assim como a presença do Almirante Ackbar, que esteve
também no “Episódio VI”. Outra
comparação é a leve semelhança entre o veículo de transporte imperial da
trilogia clássica e o veículo de transporte de Kylo Ren. Os monstros rathtar
que Han Solo transporta em seu cargueiro são esteticamente muito parecidos com
os sarlaccs de Tetooine, com a vantagem de que eles se deslocam rapidamente.
Outras alusões à trilogia clássica: vemos o “joguinho de xadrez” da Millenium
Falcon e as costumeiras intromissões de C3PO entre Han e Leia.
No próximo artigo,
falaremos um pouco mais dos novos personagens e de mais referências existentes
no Episódio VII, agora sobre o nazismo.Mas antes, não deixe de recordar o trailer do filme depois das fotos. Até lá!
Cartaz do Filme
J. J. Abrams. Será que vai dar certo???
Estrela da Morte. De novo???
Um novo robozinho e uma nova heroína...
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