Vamos continuar nossas
observações sobre o Episódio VII falando agora dos personagens e suas relações com os filmes
antigos. Poe Dameron pode ser visto como uma mesclagem de Luke Skywalker piloto
de X-wing com o nosso estimado Wedge Antilles. O General Hux (interpretado por
Domhnall Gleeson) lembra muito o Grão Moff Tarkin, embora Hux tenha uma relação
muito conflituosa com Kylo Ren, ao passo que a relação entre Tarkin e Vader
fosse muito mais cavalheiresca, sendo um pouco conflituosa somente em seu início
(para maiores informações, ler o excelente livro “Tarkin”, de James Luceno). E
a Rey, que tem um monte de marmanjo babando em cima nas redes sociais?
Impossível não se lembrar da Padmé... Ainda com relação à Rey: ela chegou a
caminhar pela Estrela da Morte da mesma forma que Obi-Wan Kenobi, interpretado
pelo inesquecível “Sir” Alec Guiness, inclusive com as mesmas falas dos
stormtrooopers. E o R2-D2? Desligado o filme inteirinho, em modo de economia de
energia (será que a conta de luz está em bandeira vermelha por lá também?), mas
liga no finalzinho e salva o dia novamente, como não podia deixar de ser,
juntando o seu mapa ao mapa inserido em BB-8. E não podemos nos esquecer que
novamente é citado que Solo fez o percurso de Kassel em 14 parsecs (ou seriam
12???).
Após essa breve
descrição, dá para perceber uma grande quantidade de referências explícitas aos
antigos filmes da trilogia clássica, o que acabou ficando um pouco exagerado.
Mas as referências também foram implícitas, e essas acabaram sendo mais interessantes.
A principal delas ficou por conta das alucinações de Rey na cantina de Maz
Kanata, ao encontrar o sabre de luz de Luke Skywalker. Apesar de ser algo muito
traumático, com visões do passado (uma menininha abandonada num planeta
desértico) e do futuro (uma batalha contra Kylo Ren num cenário de neve - o que
ainda acontecerá neste episódio - e outra batalha num cenário chuvoso), não dá
para não fazer uma pequena recordação de Dagobah, em “O Império Contra Ataca”,
Episódio V, quando Luke se encontra com a visão de Vader. Assim como Luke em
Dagobah, Rey também encarou os seus medos, e, lembrando a citação de Yoda, a
única coisa que há lá é o que você leva. Outra referência implícita está na
destruição da Starkiller, a nova Estrela da Morte. Se Luke teve que acertar um
buraco de dois metros com mísseis, Dameron passou seu X-wing de asas fechadas
numa pequena fenda feita deliberadamente pelos explosivos de Solo e Chewie para
adentrar a arma e destruí-la. Mas como isso se dá numa cena de ação intensa, que
ocorre de forma muito rápida, fica difícil associar as duas situações. Por
isso, é interessante ver o filme mais de uma vez para encontrar tais
referências.
Uma alusão muito
interessante a outros filmes não se remete a outros episódios de “Guerra nas Estrelas”,
e sim ao filme de Leni Riefenstahl, “O Triunfo da Vontade”, um exemplo marcante
da propaganda nazista. Nesse filme, há uma sequência onde Adolf Hitler se vê
diante milhares de soldados perfilados e ordenados em blocos retangulares
rigidamente formados. Pois bem, no planeta onde está fincada a arma Starkiller,
vemos um cenário que podemos dizer no mínimo igual ao do “Triunfo da Vontade”.
Há até o General Hux fazendo as vezes de Hitler, discursando de forma efusiva
contra a República Democrática acusando-a de divulgar mentiras, bem ao estilo
do que fazia o Ministro da Propaganda Nazista, Joseph Goebbels. Os
stormtroopers perfilados até fazem uma “saudação nazista”, levantando o braço
esquerdo com o punho fechado, ao invés do braço direito com a mão aberta. Outra
referência ao nazismo e ao “Triunfo da Vontade” já tinha aparecido ao fim de
“Ataque dos Clones”, Episódio II, no momento em que os soldados embarcavam nos
destroieres estelares, sendo um pouco mais implícita. Mas, desta vez, no
Episódio VII, a alusão foi bem mais explícita. A própria indumentária dos
oficiais da Primeira Ordem é agora bem mais “nazista” do que nas outras
trilogias.
Ainda na trilha do
nazismo, o clima do planeta da Starkiller também chama a atenção. Se o ambiente
glacial do planeta lembra muito o mundo gelado de Hoth em “O Império Contra
Ataca”, também lembra um documentário chamado “Arquitetura da Destruição”, que
falava do gosto por arte dos nazistas e, sobretudo, de Hitler. O ditador queria
ser artista, mas foi reprovado duas vezes num exame de admissão para a Academia
de Artes de Viena. Quando se tornou líder máximo da Alemanha, Hitler surrupiou
muitas obras de arte de vários países. O chanceler, inclusive, tinha uma casa
de inverno nos Alpes com uma enorme janela que dava para uma linda cadeia
montanhosa. Imagem semelhante é vista no “Episódio VII”, onde a estação militar
que controla a grande arma tem uma grande janela panorâmica que dá para a
paisagem glacial.
No próximo artigo,
falaremos de como J. J. Abrams é um iconoclasta incorrigível e quais foram as
características do Universo Expandido presentes no filme. Até lá!
Poe Dameron. Fusão de personagens da trilogia clássica...
General Hux. Alusão ao Grão Moff Tarkin
Rey. A cara de Padmé...
Soldados perfilados na Estrela da Morte lembram...
... os soldados nazistas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário