E, mais uma vez,
estamos aqui para conversar sobre o Episódio VII. Uma coisa que muito incomodou
no filme foi a já citada morte de Han Solo, considerada desnecessária por
alguns, necessária por outros. Mais uma vez podemos fazer alusões ao Episódio
IV aqui. Se no filme de 1977, Vader sentia a presença de Ben Kenobi na Estrela
da Morte, o mesmo ocorreu com Kylo Ren sentindo a presença de Han Solo. A morte
de Ben Kenobi foi extremamente traumática para Luke, que reagiu violentamente,
metendo tiro nos stormtroopers. Já a morte de Solo foi muito sentida por
Chewie, que igualmente usou sua balestra, muito citada no Universo Expandido e,
agora, no Episódio VII, para detonar muitos stormtroopers (até o Solo deu seus
tirinhos com a balestra de Chewie e gostou!). A morte de Solo mostra outra
coisa que J. J. Abrams gosta de fazer em seus filmes: algumas inversões. Para
isso, podemos mais uma vez fazer uma alusão ao seu “Jornada nas Estrelas”. Se
nos longas clássicos, Spock morre ao fim de “A Ira de Khan”, é Kirk quem morre
em “Além da Escuridão”, quando Khan é novamente enfrentado. No caso de “Guerra
nas Estrelas”, era Chewie que morria no Universo Expandido (como é dito em
“Provação”) e nosso J. J. decidiu matar Solo no Episódio VII. Mais inversões
que mostram o lado iconoclasta de nosso diretor. É interessante perceber que,
em alguns momentos, Abrams é iconoclasta demais e, em outros momentos, ele faz
muitas referências aos episódios antigos, com o filme transitando entre esses
dois pólos.
Agora, se alguns fãs
não aceitaram a morte de Solo (como este escriba aqui que vos fala), ainda
assim sou obrigado a admitir que a coisa foi feita com toda uma simbologia e
carga dramática geniais. A gente se lembra que a arma “Starkiller” não
funcionava durante o dia, pois ela captava energia da estrela vizinha. Pois
bem, pouco antes de Solo morrer, cai a noite e o fluxo de plasma da estrela
para a arma é interrompido, como se o ocaso da estrela simbolizasse o ocaso do
próprio Solo. E, ainda, o avermelhado da face de Ren provocado pelo crepúsculo
pouco antes de Solo ser golpeado com seu sabre de luz igualmente avermelhado,
deixava bem claras as intenções do vilão em aniquilar seu pai. E qual foi a
resposta de Solo ao filho que o matava? Acariciar-lhe o rosto! Foram bons
momentos estéticos do filme que deram uma morte digna ao herói, embora
inaceitável. Eu devo confessar que sou um daqueles fãs que acha que o herói é
algo atemporal e imaculado. O herói pode até ter características e fraquezas
humanas, não há nenhum mal nisso. Mas você não pode liquidar um herói. Ele
sempre habita nossas mentes e nossos imaginários. Se o Harrison Ford já não tem
idade para ser um herói, tudo bem. Ele bem poderia desaparecer de alguma forma
nesse filme com um gancho para ressurgir lá no Episódio IX, por exemplo. Mas
não mata o personagem, por favor...
Ainda sobre os atores
da trilogia clássica. Doeu um pouco ver o velho casal Solo-Leia se relembrando
dos “bons e velhos tempos”. Eu sei que o tempo é a entidade mais democrática
que existe, pois cedo ou tarde ele pega todo mundo, mas presenciar Leia e Solo
relembrando seus bons momentos ficou excessivamente solene, tal como se fosse
um “varandão da saudade”. Confesso que me incomodou um pouco. Parecia até que,
depois de todo aquele saudosismo, Han e Leia iriam para uma gafieira ou coisa
parecida.
Outra coisa também tem
me incomodado bastante. Cadê o Lando Calrissian? Ninguém se lembrou dele? Ou foi
ele que não quis trabalhar no Episódio VII? Cartas para a redação. Esse
silêncio sobre o primeiro dono da Millenium Falcon até nas redes sociais tem
sido inquietante, não? Nos livros do Universo Expandido, Lando está sempre lá,
como parte do elenco fixo da Trilogia Clássica. E em J. J.? Por que ele não
apareceu? Será que vai aparecer depois? Espero que sim. Seria uma ótima
companhia para Rey e Chewie, agora que o Solo se foi...
No próximo artigo,
daremos sequência a nossa discussão sobre o Episódio VII, falando sobre Phasma
e a questão do olhar no filme. Até lá!
A morte de Solo!!!
Que desnecessário, não???
Solo e Leia. Saudosismo excessivo...
Cadê o Lando???
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