White
God. Solidariedade Com Os Cachorrinhos.
Um filme muito
inusitado estreou em nossas telonas. “White God” é uma co-produção Hungria,
Alemanha e Suécia, tendo como tema um assunto muito caro a várias pessoas: os
cachorros e o seu relacionamento com os humanos. É mais um daqueles filmes que
mistura gêneros, sendo que agora a coisa fica muito bem delineada, ou seja,
percebemos claramente quando se passa de um gênero para outro. É um corte muito
abrupto e, confesso, achei que houve uma certa descontinuidade no roteiro.
Mas, no que consiste a
trama? Vemos aqui a história de Lili (interpretada por Zsófia Psotta), uma
menininha pré-adolescente que tem como animal de estimação o simpático cachorro
Hagen (interpretado pelo cão Body). Lili vive com a mãe e seu padrasto. Só que
a mãe terá que fazer uma viagem a trabalho de três meses junto com o marido e
Lili terá que ficar com seu pai, que odeia cachorros. Hagen ainda tem um
agravante: ele é resultado de um cruzamento entre um labrador e um shar pei
sendo, por isso, considerado um vira-lata e visto com mais preconceito ainda
não só pelo pai de Lili como por todas as pessoas em geral. Aliás, o filme dá a
impressão de que todo o povo da Hungria não presta e é canalha com os
cachorros, o que sabemos que não é bem assim, já que não se pode generalizar. Mas
sentíamos uma grande mágoa em quem escreveu o roteiro. Pois bem. Hagen foi
desde o início rejeitado por todos: a vizinha velha do prédio que não gosta de
cachorros (como eu as odeio profundamente!!!) , os funcionários da “Suípa” de
lá, o açougueiro que quer matar os cachorros que reviram restos de carne, etc.
E por que Hagen é perseguido por esse povo todo? Porque o pai de Lili, num
momento de fúria, larga o cachorro na rua e ele passa a viver como um
vira-lata. E aí, todo o tipo de maldades acontece com o nosso pobre bichinho,
num momento em que a película incomoda demais. Mas Hagen não deixaria essa
situação passar barato. E nisso, o filme tem uma violenta reviravolta. Chega de
spoilers!
Qual é a grande
importância dessa história? Temos aqui uma película que denuncia da forma mais
contundente possível os maus tratos contra animais. E o diretor Kornél
Mundruczó, que também assina o roteiro junto com Viktória Petrányi e Kata
Wéber, faz isso de forma muito eficiente. O cachorrinho Hagen é doce, meigo,
sem um pingo sequer de maldade no coração. Dessa forma, ele se tornou uma presa
fácil para a toda a maldade e canalhice humanas. Não é à toa que muito procede
aquela frase “quanto mais eu conheço os humanos, mais eu gosto dos cachorros”,
uma verdade cósmica universal! Todas as coisas ruins que o cachorro sofria nas
mãos das pessoas nos chocavam, nos incomodavam, despertavam toda a nossa
indignação e sentimento de raiva contra a nossa própria espécie. Nesse ponto, o
diretor e os roteiristas atingiram os seus objetivos em cheio. Só que o filme
não foi apenas isso. De uma forma excessivamente abrupta e inesperada, a
história, que parecia ser apenas uma denúncia a maus tratos contra animais, se
transformou em algo totalmente diferente, num gênero totalmente novo. Não quero
estragar a surpresa aqui. Só quero dizer que foi muito hilário! Mas, mesmo assim,
foi uma descontinuidade violenta no roteiro. Se essa foi a intenção dos
roteiristas, com o objetivo de provocar um novo choque, mais um ponto para
eles. E acho que foi muito provável essa intenção, transformando um suposto
vacilo em mais uma virtude para a película.
Os atores foram
relativamente bem, lembrando sempre das dificuldades de se contornar toda uma
situação de estranhamento quando nos deparamos com estilos de atuação tão
diferentes quanto os da Hungria, um país cuja cultura difere muito da nossa. Mas
a maioria dos atores conseguiu fazer com que sentíssemos raiva deles,
tornando-se verdadeiramente odiosos, bem na medida do que o roteiro e a direção
exigiam, para tornar mais contundente ainda a questão dos maus tratos aos
animais. Até Lili, a protagonista, nos incomoda, quando, a uma certa altura do
filme, ela simplesmente esquece Hagen e toca a sua vida.
Assim, “White God” é um
excelente filme de denúncia contra os maus tratos aos cachorrinhos, que se
transforma em algo muito diferente ao final. Ah, e aqui a legenda (em inglês)
“Nenhum cachorro foi maltratado nesse filme” nunca apareceu em letras tão
garrafais! Programa imperdível! E não deixe de ver o trailer após as
fotos.
Cartaz do Filme.
Lili e Hagen. Uma relação afetuosa
Quem é o verdadeiro monstro??? O cachorrinho ou o humano que fez isto com ele???
Barbaridade...
Dá muito dó!!!
Tadinhos!!!
Hagen em Cannes, com o diretor Kornél Mundruczó e a atriz Zsófia Psotta que interpretou o papel de Lili.
Muito fofo, o poião!!!!
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