Pasolini.
Um Talento Desperdiçado Para A Intolerância.
Mais uma pequena jóia
escondida no interior de nossas salas. “Pasolini”, de Abel Ferrara, é um filme
em que o título já diz tudo. Outro dia, já radiografamos “Mamma Roma”, uma
excelente obra do consagrado diretor italiano Pier Paolo Pasolini, com Anna
Magnani no papel principal. Falamos brevemente de “Saló ou 120 dias de Sodoma”,
um provocante e último filme do mesmo diretor. Agora, a película aqui analisada
fala do último dia de vida de Pasolini, cujos filmes eram altamente
controversos e desafiadores dos costumes e do establisment. Vale dizer que o governo italiano tinha relações
muito estreitas com a Igreja Católica na época, o que rendia constantes ataques
de Pasolini às instituições constituídas.
Coube o papel de
Pasolini a Willem Dafoe e o papel de Laura Betti, atriz que participou de
vários filmes de Pasolini, à atriz portuguesa Maria de Medeiros, tão querida
por nós aqui no Brasil e que nos visita frequentemente. Confesso que, somente
com um cast desses, fiquei estimulado
a ver essa película e a coloquei em minha lista de prioridades, já que sou
suspeito ao falar de Maria de Medeiros e, por que não, Dafoe também. Mas o
filme tem outros méritos. O último dia de Pasolini é um misto de serenidade e
de esforço criativo do diretor. Vemos toda uma rotina de seu dia. Ele levanta e
fala com sua mãe, toma café, conversa com sua secretária sobre sua agenda, se
encontra com amigos, entre eles Laura Betti. Mais tarde, bate até uma bolinha
com os amigos, dá uma entrevista. Todos esses momentos altamente serenos são
alternados com textos altamente inspirados, com direito a um acidente aéreo e a
um suposto nascimento de um Messias, cuja Estrela de Belém leva a uma orgia
heterossexual de homossexuais, com o objetivo de procriação.
À noite, nosso diretor
vai procurar garotos de programa e leva um rapaz em seu carro. Ele ainda leva o
jovem para uma janta e, depois, para uma praia. Lá, é assassinado de forma
brutal, chegando a ser atropelado por seu próprio carro. Um talento e tanto
desperdiçado pela intolerância e homofobia. Algo extremamente lamentável.
Dessa forma, “Pasolini”,
é um filme que tem que ser visto pelos amantes mais puristas do cinema, pois se
trata de um grande diretor da História do Cinema, tem atores do naipe de um
Willem Dafoe e de uma Maria de Medeiros, e faz uma boa química entre um último
dia cheio de serenidade típicos da rotina e, ao mesmo tempo, mergulha no lúdico
da imaginação fértil do consagrado diretor, não sem lançar mão de muita
sensualidade e erotismo, sempre com conotações políticas.
Cartaz do filme
Willem Dafoe, uma excelente caracterização de...
... Pier Paolo Pasolini
Maria de Medeiros como Laura Betti. Maravilhosa, como sempre...
Batendo uma bolinha...
Serenidade da rotina alternada por um esforço imaginativo lúdico. sensual, erótico e político...
Uma última ida ao restaurante...
Willem Dafoe com Abel Ferrara, o diretor...
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