Os
Árabes Também Dançam. Superando As Fronteiras Da Guerra.
Mais um bom filme passa
timidamente por nossas telonas. “Os Árabes Também Dançam”, baseado no romance
de Sayed Kashua e dirigido por Eran Riklis, é mais uma daquelas películas que
abordam o conflito árabe-israelense. Mas desta vez, a coisa é enfocada do ponto
de vista de pós-adolescentes, tornando-se um lindo ensaio sobre a tolerância, o
afeto e a compreensão.
Vemos aqui a história
do jovem Eyad (interpretado por Tawfeek Barhom), um menino muito inteligente de
origem árabe e nacionalidade israelense que vivia com sua família em Israel. Apesar
de ser israelense, Eyad, assim como todas as pessoas de origem árabe, era visto
com muito preconceito. Mas o menino queria desenvolver seus estudos e acaba
indo a Jerusalém para estudar, à despeito de todos os casos de preconceito que
iria ter que enfrentar. Na Academia de Artes, Ciência e Filosofia (uma espécie
de Universidade), Eyad vai conhecer a bela judia Naomi (interpretada por Daniel
Kitsis) com quem começa um namoro. Uma das condições de Eyad para estudar nessa
universidade é fazer um trabalho voluntário ajudando um rapaz israelense que
tem uma doença degenerativa que destrói os músculos. Seu nome é Yonatan
(interpretado por Michael Moshonov), cuja mãe se chama Edna (interpretada por
Yäel Abecassis). Eyad logo desenvolve uma amizade com Yonatan e Edna, sendo uma
presença muito importante para os dois. Entretanto, essa boa convivência entre
judeus e árabes no seio de Israel passará por sérias turbulências, à medida que
os conflitos se desenvolviam, desde a guerra do Líbano, em 1982, chegando à
guerra do Iraque, em 1991. E Eyad passará por tocantes experiências com suas
novas amizades judias.
É um filme muito bom
para refletir, pois nos mostra que, mesmo numa região de conflito intenso, duas
etnias diferentes podem assegurar uma boa convivência, à despeito dos casos de intolerância
que sempre se farão presentes. Apesar da película ter um clima meio que de “Malhação”
no Oriente Médio, já que os personagens protagonistas eram pós-adolescentes
ainda em idade escolar, a saga de Eyad é vista com muita simpatia, pois vemos o
personagem protagonista amadurecendo e descobrindo-se para o mundo à medida que
ele interagia com novas pessoas, saindo do gueto ao qual estava confinado pelos
preconceitos da guerra. Se Eyad fazia um par amoroso com Naomi, pareceu que o
relacionamento entre Eyad e Yonatan foi bem mais interessante, pois a doença degenerativa
do segundo tornou os personagens bem mais próximos e solidários, assim como o
relacionamento entre Eyad e Edna, principalmente depois do agravamento do
problema de saúde de Yonatan. Deu gosto de ver a proximidade entre a mãe, o
filho e o árabe numa trinca cheia de ternura, bem mais envolvente que o par
amoroso do árabe com a judia. Uma verdadeira lição para aqueles que veem o outro
como inimigo o tempo todo.
Dessa forma, “Os Árabes
Também Dançam” é uma película de ritmo um tanto lento e cadenciado, mas que
mostra de forma deliciosa a questão da tolerância numa zona de conflitos tão
aguçados como o Oriente Médio. Um filme que acaba com rótulos e comprova aquela
máxima de que, ao fim das contas, somos humanos e só temos apenas a nós mesmos,
por mais que a religião permeie as mentalidades e ações daquela região. Um bom
filme para reflexão.
Cartaz do filme
Eyad, em busca por um futuro melhot
Buscando manter seu namoro com a judia Naomi
Pais de Eyad. Corujice à toda prova do pai.
Uma família muçulmana, com certeza
Grande amizade com Yonatan...
... e com Edna, mãe de Yonatan...
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