Grace
De Mônaco. Uma Atriz Que Ganhou A Majestade.
Um bom filme americano
nas telonas. “Grace de Mônaco” conta a história da consagrada atriz americana
Grace Kelly após o seu casamento com o Príncipe Rainier III de Mônaco. Livros
já foram publicados sobre isso, enfocando sempre a vida infeliz de Princesa de
Grace Kelly, a sensação de abandono, casos com rapazes mais jovens, até o
derradeiro acidente que vitimou a Princesa. E essa película, enveredou por esse
mesmo caminho? Em parte sim, mas o filme foi mais do que isso. E conta uma
história até certo ponto surpreendente para as novas gerações que não
conheceram algumas antigas querelas entre países europeus do passado. E nos
ajuda a refletir um pouco sobre a geopolítica atual, tão cheia de atentados
terroristas e calamidades semelhantes.
O que o filme tem de
esperado? A visão de “coitadinha” da Princesa triste está lá. Essa parte da
trama girou em torno de um convite que Alfred Hitchcock fez à Princesa para protagonizar
o filme “Marnie, Confissões de uma Ladra”, juntamente com Sean Connery. Mas
realizar essas filmagens não seria algo tão trivial. O leitor pode perguntar:
por ciúmes do Príncipe? Negativo! A questão era muito mais complicada, de
natureza política. E aí é que o filme mostra a sua grande virtude.
Se Grace se sentia
sufocada pela vida de Princesa, por passar longos períodos sem ver o marido no
interior do próprio palácio, muito mais angustiante eram os problemas
geopolíticos que influenciavam diretamente na vida privada do nobre casal. Mônaco
à época dava total isenção de impostos à entrada de empresas estrangeiras no
país. Isso prejudicava os interesses franceses e Mônaco, pressionado pelo
presidente francês Charles De Gaulle, era persuadido a cobrar impostos das
empresas francesas que entravam no principado. E mais: por considerar Mônaco
seu protetorado, os franceses ainda pressionavam Mônaco a entregar todo o
dinheiro arrecadado com os impostos para a França. Caso todas essas exigências
não fossem cumpridas, a França ameaçava invadir militarmente o principado, que
nem força militar tinha, e anexá-lo ao território francês. Toda essa petulância
francesa, aliada ao fato de que, na época eles ainda empreendiam uma guerra
contra a Argélia para não perder a sua então colônia, nos faz refletir sobre os
eventos terroristas ocorridos em Paris recentemente, lembrando sempre que nada
justifica a recente carnificina. Mas sempre podemos refletir sobre os efeitos
negativos do imperialismo das potências ocidentais.
Com toda a turbulência
geopolítica apresentada no filme, dá para ter uma ideia de como ficaria difícil
para Grace Kelly ir para os Estados Unidos filmar “Marnie”. Foi um momento em
que a Princesa ficou num profundo conflito, onde sentia sua liberdade tolhida
e, ao mesmo tempo, uma vítima de um joguete nas mãos dos mandatários dos países.
Ela só tomou a decisão de encarar a ameaça francesa depois de ter tido uma
conversa com o bispo de Mônaco, o padre americano Francis Tucker. Aí deixamos
de ver a Grace Kelly para passar a ver a Princesa, engajada politicamente e
lutando para ajudar o marido a não ser derrubado do poder.
O filme conta com um
bom elenco. O papel de Princesa coube à bela Nicole Kidman, que mostrou muito
carisma como sempre. Tim Roth fez um indeciso Rainier III, cheio de pompa. Mas
a grata surpresa foi o bom ator Frank Langella no papel do padre Francis
Tucker, uma voz de serenidade em momentos de séria crise. Esse ator é muito
versátil, chegando a fazer um “Drácula” em 1979, participou de alguns episódios
de “Jornada nas Estrelas, Deep Space Nine”, “Lei e Ordem”, além de ser o
Esqueleto da versão cinematográfica de “He-Man”.
Dessa forma, “Grace de
Mônaco” não cai somente no lugar comum de se ver a Princesa como uma pobre
coitada presa numa gaiola de ouro. Vemos aqui uma Princesa engajada
politicamente, defendendo à sua maneira seu país e seus súditos, ultrapassando
as barreiras de um drama social. Isso enriquece demais a película e faz ela
valer a pena.
Cartaz do filme
Grace e Rainier III. Unidos no amor e na política
Fantástica caracterização!!!
Uma mãe dedicada...
Hitchcock queria lhe dar um papel...
Frank Langella foi uma gratíssima surpresa...
Uma família muito nobre...
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