Pablo
Picasso E O Roubo Da Mona Lisa. A Comédia Que Saiu Pela Culatra.
Um curioso filme
espanhol, lá do longínquo ano de 2012, dirigido por Fernando Colomo, só agora
chega às nossas telas. “Pablo Picasso e o Roubo da Mona Lisa” foi vendido no
trailer como uma comédia. Mas, de graça mesmo, teve muito pouco. O filme foi
mais sério do que o esperado. E o roubo da Mona Lisa em si? Bom, esse teve
destaque apenas na parte inicial e final da película. Então esse é o tipo do
filme em que o peixe vendido te engana duas vezes.
Do que se trata a
história afinal? A trama se centra no pequeno grupo de artistas e intelectuais
do qual Pablo Picasso fazia parte. Tínhamos nesse grupo nomes como Max Jacob, poeta
e pintor, Guillaume Apollinaire, escritor, George Braque, o cubista e fauvista,
Manolo Hugué, escultor, e, mais perifericamente, Gertrude Stein, escritora. Matisse
era visto como o grande mestre de sua época e tratava com extremo desdém e
preconceito o grupo de artistas e, principalmente Picasso, quando viu pela
primeira vez o futuramente famoso quadro “Les Demoiselles d’Avignon”. E isso
numa época em que os artistas loucamente corriam atrás de patrocínio de
milionários e tais avaliações influíam muito na opinião do mecenas em dar a sua
contribuição ou não. Realmente, era muito difícil criar novas concepções e
visões de vanguarda naquela época. Assim, pode-se dizer que o grupo “jogava nas
onze” para se virar e, simultaneamente, desenvolver sua arte e tirar o seu
sustento. Mas realmente ficou a impressão de que parecia mais um grupo de “bons
vivants” malandros que faziam uma série de armações do que artistas futuramente
consagrados. E devia, ao fim das contas, ser isso mesmo!
Um detalhe interessante
mencionado no filme é a facilidade com que se podia roubar peças do Museu do
Louvre. Um dos coleguinhas do grupo, um tal de Barão, artista mambembe das
ruas, e que foi fonte de inspiração (e de sedução!) para Apollinaire, conseguiu
entrar numa salinha deserta do museu repleta de esculturas de cabeças feitas
pelos fenícios e pelos ibéricos em dias pré-romanos. O homem roubou duas dessas
cabeças e as teria vendido a Picasso, que as usou como fonte de inspiração para
os seus quadros. O mais interessante é que, tempos depois, a Mona Lisa foi
roubada, e tanto Picasso quanto Apollinaire foram investigados como suspeitos
do roubo. Vale dizer que, na época, os dois consagrados artistas eram uns
zés-ninguém. E o mais interessante no filme é uma legenda ao seu início,
colocada por ordem de quem detém os direitos sobre o espólio de Picasso, que
falava de forma categórica que o filme é uma obra de ficção. Será mesmo? Querelas
à parte, a película deixa essa pulguinha atrás da orelha. Se Picasso não roubou
a Mona Lisa, pelo menos pareceu que ele comprou acervo roubado do Louvre. E
também ficou dito no filme que parece que era muito fácil roubar peças do museu
mundialmente famoso.
O elenco contou com uma
boa caracterização. E pudemos atestar isso nos créditos finais, onde a imagem
do ator que contracenava o papel do artista era alternada com a imagem real do
artista. Picasso e Apollinaire, interpretados respectivamente por Ignacio
Mateos e Pierre Bénézit, eram os que mais se assemelhavam na comparação física
entre ator e artista. Alguns outros atores fisicamente não eram tão
semelhantes, mas nem por isso podemos dizer que a coisa ficou ruim, já que as
suas interpretações nos ajudaram a mergulhar naquela Paris do início do século
passado, e ainda pudemos sentir os desejos e angústias de cada personagem. O
trabalho do ator Lionel Abelanski, que interpretou Max Jacob, foi
interessantíssimo, sobretudo quando do momento em que ele interpretava todas as
alucinações que o artista sofria ao consumir éter. Uma coisa para lá de louca
e, se me permitem um leve anacronismo, até bem psicodélica.
Dessa forma, “Pablo
Picasso e o Roubo da Mona Lisa” é um filme que, se engana por seu título e
trailer, ainda sim é instigante, pois se centra no grupo de artistas do qual
Picasso fazia parte, destacando a vida boêmia e malandra de seus integrantes. A
pretensa comédia mais se revelou um drama divertido e uma pequena radiografia
que nos tornou um pouco mais íntimos de alguns ícones das artes. Mas não foi
nada mais além disso. Vale pela curiosidade.
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Cartaz do filme
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Um grupo de artistas tentando se afirmar na Paris do início do século XX...
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Pablo Picasso. Envolvido num roubo???
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Avaliando um futuro ícone da arte universal.
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Les Demoiselles d'Avignon!!!
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Picasso e Apollinaire...
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Georges Braque (de cigarro), uma excelente aquisição para o grupo...
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