X-Men,
Dias De Um Futuro Esquecido. Evolução Equivocada.
O novo filme dos X-Men
nos contou uma boa história. Para criar um elo entre o filme do X-Men original
e o filme “Primeira Classe”, a única alternativa seria a viagem no tempo, uma
velha fórmula conhecida em tantos filmes de aventura e ficção científica.
Sentinelas altamente desenvolvidos e adaptáveis às mutações destruíam
impiedosamente todos os mutantes (alguma semelhança com os temíveis borgs de
Jornada nas Estrelas, A Nova Geração?), praticamente levando o planeta à
extinção. E aí, a única alternativa seria uma viagem ao passado para justamente
evitar a morte do cientista anão Bolívar Trask, criador dos sentinelas e que
fora assassinado por Mística em 1973. A morte de Trask levou ao medo contra os
mutantes e ao desenvolvimento do programa dos sentinelas. Como a viagem no
tempo poderia provocar danos violentos ao corpo do viajante, a tarefa ficou a
cabo de Wolverine, cujo corpo se regenera dos ferimentos. Assim, nosso unhudo
personagem terá a tarefa escabrosa de convencer um beberrão professor Xavier a
voltar para os trilhos e ainda uni-lo com Magneto, que cumpre prisão pelo
assassinato de John Kennedy, para evitar o primeiro homicídio de Mística e
alterar o futuro.
Realmente, o enredo da
história atrai e o resultado é um bom filme. Mas há algumas incoerências, sendo
que a maior de todas é: como Patrick Stewart retornou ao filme, depois de ser
totalmente picotado pela Fênix? Ele havia estabelecido um elo com um paciente,
lembramos bem, para manter sua mente em outro corpo. Mas como esse corpo se
transformou em Patrick Stewart? Essa inquietante incoerência pode ser um gancho
para outros filmes, é a única explicação que me vem à cabeça agora. Magneto
também havia perdido seus poderes de atrair metais. E, ao final de X-Men 3, ele
atraía plástico (quando, num parque na cena pós créditos, ele movia uma peça de
xadrez de plástico no tabuleiro). Mas agora, Ian Mckellen volta atraindo metais
de novo. E aí? Como fica isso? É uma situação um tanto complicada se esquecer
do que aconteceu no final do terceiro filme e começar uma continuação com esses
reboots. Espera-se uma explicação em
continuações futuras.
Outro detalhe altamente
inquietante está na relação entre as espécies consideradas “normais” e as
mutantes. O processo evolutivo é colocado como uma guerra entre uma espécie
mais evoluída, nascida com mutações e considerada uma espécie “melhor” e a
espécie “pior”, ou menos evoluída, sem as mutações. Quando nos lembramos da
teoria da evolução das espécies de Charles Darwin, percebemos que esse
maniqueísmo evoluído (melhor) X não evoluído (pior) é altamente implausível,
pois as mutações genéticas ocorrem ao acaso e se elas estão mais adaptadas ao
meio ambiente, elas sobrevivem; se não estão adaptadas, elas morrem. O mesmo
acontece com as espécies sem mutação. Logo, é o processo de seleção natural que
determina qual espécie sobreviverá ou não e não uma guerra entre elas.
Pressupor evolução como melhora (algo que todo mundo faz) é uma ideia
equivocadíssima. Evolução significa sim mudança e adaptação. Se a espécie
sofreu mutação e ficou adaptada ao meio, isso significa que ela somente se
adaptou. Se, no futuro, o meio sofrer alguma modificação e essa espécie não se
adaptar, ela morrerá. Logo, a ideia de mudança e adaptação mais se adequa à
ideia de evolução do que a ideia de melhora. Devemos nos lembrar que a ideia de
evolução como melhora já provocou muitas desgraças no passado. Os europeus, ao
usarem a teoria da evolução como melhora, justificaram as invasões
imperialistas aos continentes asiático e africano com o pretexto de que a
”raça” europeia branca era mais evoluída e melhor que as “raças” negra e
amarela. Os branquinhos europeus, mais desenvolvidos, civilizados e
inteligentes, levariam o progresso e a civilização aos primitivos e atrasados
africanos e asiáticos, quando os branquinhos queriam, na verdade, abiscoitar as
riquezas desses continentes. Essa forma racista de usar a teoria da evolução é
conhecida como “Darwinismo Social” e tem como base a ideia de evolução como
melhora, o que provocou muitas mortes e empobrecimento na Ásia e África. Mas a
coisa foi pior do que se imagina, pois o racismo do darwinismo social não foi
utilizado somente no processo do imperialismo, mas também fez parte da
ideologia nazista que, bom, todo mundo já sabe o que fez. Logo, é algo
preocupante entender a questão da evolução no filme como uma guerra entre
espécies mais ou menos evoluídas. Nosso querido professor Charles Xavier tem
razão ao procurar a convivência pacífica entre humanos e mutantes, mas creio
que essa questão poderia ser melhor discutida no filme, pois quem determina a
sobrevivência ou a extinção de uma espécie não é uma guerra entre elas, mas sim
a própria natureza.
De qualquer forma,
apesar das ressalvas, “X-Men, Dias De Um Futuro Esquecido” é mais uma boa
produção da Marvel, pois utiliza atores consagrados, indo desde medalhões como
Ian McKellen e Patrick Stewart, passando por um grande nome como Michael
Fassbender, indicado ao Oscar, e chegando até vencedores do Oscar (com destaque
para Jennifer Lawrence e Halle Berry, subaproveitadíssima!!!), além de criar
mais ganchos para novos filmes, aproveitando o amplo universo da HQs
(Apocalipse vem aí).
A nova geração.
Magneto na pele do
excelente Michael Fassbender
E na pele de Ian
McKellen
Wolverine não podia
faltar.
Patrick Stewart e Omar
Sy como Bishop.
legal
ResponderExcluirgostei ajudou no meu trabalho
legal
ResponderExcluirgostei ajudou no meu trabalho