Anakin
Skywalker. Vilão Ou Vítima? (Parte 1)
Nas minhas andanças por
eventos organizados pelo Conselho Jedi e o Abacaxi Voador, um detalhe me chamou
muito a atenção. Quando o assunto é “Guerra Nas Estrelas” (Star Wars é coisa para os mais novos), impressiona muito a
quantidade de camisas e imagens referentes a Darth Vader. Aquela carinha preta,
cheia de grades no lugar da boca e sem qualquer expressão facial, totalmente
fria, exerce um profundo fascínio nos fãs do filme e foi além, se tornou um
verdadeiro ícone cultural. Mas Darth Vader é a encarnação do mal, o cara é ruim
toda a vida. Mata seus subordinados com a força do pensamento, persegue
impiedosamente um grupo de insurgentes, quer levar o seu próprio filho para as
forças do mal estimulando seu ódio. Tais atitudes são consideradas repugnantes
para a esmagadora maioria das pessoas em várias sociedades e culturas
diferentes. Mesmo assim, sua imagem é exaltada em convenções, filmes, mídias em
geral. O que aconteceu? A grande maioria das pessoas pirou? Por que tanta
exaltação a uma figura tão venal? Por que Luke Skywalker, Han Solo ou a
Princesa Léia, que são os mocinhos, ficam numa posição tão secundária?
Uma das hipóteses principais
que busca explicar a fascinação humana pelos vilões é que eles são os
transgressores, não respeitam a lei, não estão nem aí para os valores morais de
uma sociedade, ou seja, são totalmente avessos a regras, como se isso
significasse uma espécie de liberdade. Nós, os pobres mortais, submetidos às
leis e convenções da sociedade, muitas vezes somos obrigados a engolir sapos no
nosso dia-a-dia e, ao entrar numa sala de cinema para ver um filme, presenciar
o vilão chutando o pau da barraca seria uma espécie de catarse. Nos projetamos
para aquele indivíduo mau que não tem freios nem limites e aliviamos nossas
frustrações provocadas por situações cotidianas mal resolvidas, pois a lei nos
impõe um freio. O que quero dizer aqui? Que devemos pegar uma arma e resolver
tudo à nossa maneira? Claro que não! Quando as pessoas vivem juntas, ninguém
pode fazer o que bem entender, pois caso isso aconteça, tudo vira uma bagunça e
todos saem prejudicados. Mas também é fato de que, às vezes as leis não
respeitam a vontade da maioria dos cidadãos e até privilegiam uma minoria em
detrimento de uma maioria. Daí um vilão e seus maus atos tornarem-se uma
catarse para o indivíduo.
Mas, e o nosso Darth
Vader? A hipótese acima é suficiente para entender toda exaltação ao mais fiel
discípulo do Imperador? Se considerarmos a primeira trilogia (os episódios
quatro, cinco e seis) talvez sim, pois o lado humano do personagem só foi
brevemente pincelado a segunda metade de “Retorno de Jedi”. Entretanto, a
segunda trilogia (os episódios um, dois e três, que nem todo mundo gosta) teve
o grande mérito de construir o personagem Anakin Skywalker. E aí, a discussão
se torna muito mais complexa. Dessa forma, a saga que aconteceu há muito tempo
numa galáxia muito distante deixa de ser uma espécie de conto de fadas espacial
e atinge questões muito mais profundas, tornando-se um produto cultural
altamente reflexivo. Mas essa discussão precisa ser feita numa segunda parte
deste artigo. Até lá!
Um dos ícones mais
amados de todos os tempos.
Sufocos à distância...
Mais mau que o pica-pau.
Em guerra contra o
próprio filho.
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