A
Batalha De Solferino. Guerras Públicas E Privadas.
O filme francês “A
Batalha de Solferino”, dirigido por Justine Triet em 2013, trabalha conflitos
na esfera pública e privada de uma maneira bem inusitada: durante a campanha
eleitoral de 2012, que definiria quem seria o presidente da França, o
direitista Sarkozy ou o esquerdista Hollande. A repórter de TV Laetitia, mãe de
duas crianças pequenas, precisa trabalhar em pleno domingo para cobrir as
manifestações de rua durante a votação. Ela deixará as filhas sob os cuidados
de um babá. Tudo corria bem até que Vincent, o ex-marido e pai das meninas,
chega para fazer uma visita. Laetitia fica muito incomodada com a visita de
Vincent, que é instável emocionalmente e dá ao babá instruções bem específicas
de não deixar Vincent entrar. Mas o pai tem uma carta de um juiz autorizando a
visita. O babá deixa Vincent entrar, mas o pai é expulso com a ajuda do
vizinho. Enquanto isso, Laetitia pede que o babá leve as crianças para as ruas
e o meio da multidão, por medo de Vincent, que também irá surtar quando sabe
que suas filhas estão em todo o tumulto eleitoral. Essas duas histórias em paralelo
– o processo eleitoral francês e o drama familiar de nossos personagens – são
facetas de situações públicas e privadas que tinham em comum um contexto
altamente conflituoso. No caso do processo eleitoral, há todo um choque entre
partidários de esquerda e direita durante o dia e, após a vitória do
esquerdista Hollande, manifestantes entravam em choque com a polícia. Já no
caso privado, os atritos entre Laetitia e Vincent, que se revelaram dois
surtados de altíssimo nível, irão explodir durante a madrugada, quando Vincent
chega a casa de Laetitia com seu amigo que trabalha num escritório de advocacia
e faz o papel de defensor dos interesses de Vincent. O litígio entre os membros
do ex-casal é tão gritante que os dois chegam às vias de fato, quando tudo poderia
ser resolvido na conversa. Mas a instabilidade emocional dos dois torna
impossível qualquer entendimento, assim como os pequenos conflitos entre
manifestantes e a polícia pelas ruas que não tinham qualquer razão aparente. Ou
seja, o filme “A Batalha de Solferino”, pode ser visto como um verdadeiro dia
de fúria na esfera pública e privada, com corações e mentes em ebulição. Pouquíssima
razão, quase que total emoção. Como se dizia por aí, nitroglicerina pura...
Com relação aos
elementos cinematográficos, fica o elogio às tomadas em que nossos personagens
estão imersos na grande massa humana, onde a naturezas caóticas das esferas
pública e privada interagem com maestria. Bela sacada do diretor, que manifesta
a turbulência emocional na materialidade da imagem...
Cartaz do filme.
Retrato do caos.
Laetitia. Mãe e
repórter.
Vincent (de barba). Só
queria visitar as filhas.
Vincent e Laetitia.
Instabilidade emocional total.
Multidões
descontroladas e nossos personagens. Caos que interrelaciona público e provado.
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